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A VOLTA DO
PERIGO
Nos séculos XIII e XIX,
o mundo, assustado com as barbaridades da religião, criou a separação entre
igreja e estado. No fim do século XX e início do século XXI, parece que a
história foi esquecida, e a religião volta a ser uma ameaça à humanidade.
Parlamentos começam a se encher de religiosos, e começam a legislar religião
para tolher a liberdade dos livres pensadores. E isso poderá ficar muito pior,
tanto para quem não crer, quanto para quem tiver uma crença diferente da
oficializada.
Quando cheguei à
conclusão de que todas as divindades procedem do pensamento primitivo, eu fiquei
quinze anos calado, sem dizer para as pessoas. Todavia, ao perceber que o
mundo esqueceu os horrores dos tempos de domínio religioso, e a religião está
voltando a ser uma ameaça à liberdade humana, passei a achar necessário divulgar
ao mundo todo o conhecimento adquirido, como uma contribuição para evitar esse
retorno da barbárie.
Até os Estados Unidos,
um país constituído de colonizadores protestantes, proclamou sua república
estabelecendo separação entre o estado e a igreja, uma vez que estava muito
recente na memória do povo o horror que é um povo ter como cabeça de seu governo
uma igreja. O Brasil seguiu o mesmo caminho, proclamando a república e
separando o estado da igreja.
Todavia, passando mais
um século, a influência religiosa começou a se entranhar no poder político
novamente. A nossa Constituição de 1988, não obstante mantenha
teoricamente a separação entre a igreja e o estado, já colocou deus no seu
preâmbulo e, embora vede também teoricamente o estado subsidiar religiões, o fez
na prática isentando igrejas de tributos.
Partindo do
favorecimento religioso incluído na Constituição, nosso parlamento começou a se
tornar religioso, e partidos políticos de caráter religioso, diante de um
eleitorado majoritariamente religioso, começaram a invadir os poderes da
república e a tentar legislar religião contra todos, numa perspectiva de um dia
poderem impor seus princípios aos que não creem. Já ouvimos parlamentar
falar em "estabelecer princípios cristãos", o que significa impor suas
crenças cristãs a quem viver no país, não importando quais sejam suas crenças ou
descrenças.
Se conseguirem êxito
nessa empreitada, o problema maior virá quando tiver início a luta entre as
facções cristãs, cada uma tentando superar as outras, assim como no cristianismo
primitivo a igreja de Roma eliminou todas as correntes cristãs divergentes.
Se, partindo do plano
inicial de todas as igrejas cristãs, o nosso parlamento chegar a ser dominado
por religiosos e passar a impor as crenças cristãs à população, o passo seguinte
será a disputa entre as muitas religiões participantes, até uma delas se
sobressair às outras, e começar a eliminação das dissidências como nos tempos
romanos, quando a igreja de Roma extirpou do cenário todas as correntes cristãs
dissidentes e estabeleceu o terror da Idade Média.
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BRASILEIRA
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