A VONTADE DIVINA INVIABILIZA A SOBREVIDA HUMANA
(15/03/2008)

 

Em resposta ao meu artigo ABORTO E ASSASSINATO, recebi uma abordagem que me fez pensar sobre o que aconteceria se todas as mulheres do mundo fossem seguir ao que é chamado de vontade de Deus. Pensei sob o ponto de vista puramente racional, levando em conta a realidade terráquea pautada pelas leis da natureza.

Este é o ponto de vista religioso:

 

“Espermatozóide humano é apenas um gameta masculino e óvulo humano é apenas um gameta feminino: gametas são células sexuadas e haplóides de organimos superiores, capazes de engendrar a reprodução desde que haja a sua união. Tal união compreende o nível bioquímico (correspondente ao aspecto somático ou corporal-físico do novo ser), bem como a "carga mental" (correspondente ao aspecto anímico ou da "alma" ou psiquê), e, também, como — conquanto haja entendimentos divergentes — a "carga noólica" (correspondente ao aspecto espiritual ou noológico do ser).  De modo que não é razoável falar-se em assassinato referindo-se à eliminação natural de espermatozóides, bem assim à dos óvulos não fecundados.   Só passa a haver vida de um novo ser (diferente do aspecto genérico e inespecífico "vida" qual presente em qualquer célula animal ou vegetal ou em qualquer fungo ou em qualquer protozoário ou bactéria, microorganismos unicelulares animais e vegetais, respectivamente) acontecida a fecundação. E fecundação é a união efetiva de espermatozóide com óvulo (de ordinário biunívoca, conquanto possam dar-se casos de mais de uma união quase-simultâneas, bem assim a união plurívoca de um espermatozóide com mais de um óvulo). De qualquer forma, no "evento fecundação", estão presentes no "entorno próximo espaço-temporal", os três elementos que caracterizam a constituição tríplice do humano ser: corpo, alma e espírito.  Em verdade, achados científico-clínicos baseados em abordagem direta do inconsciente (http://www.fundasinum.org.br) permitem concluir que o aspecto noológico já se faz presente mesmo antes de haver a fecundação, mas desde que haja, por assim dizer, um "protocolo de intenções do casal interveniente" (que se pode chamar provisoriamente de desejo consentido mutuamente, aqui incluído o forçado). Isso não é conjetura, senão resultado de investigação científica qual compreendida mesmo na linha ortodoxa.

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Conquanto eu não partilhe das opiniões e/ou posições doutrinárias da Igreja [Católica Apostólica Romana] na totalidade (em alguns pontos, sim...), é de se reconhecer que, pelo exposto acima (no "evento fecundação", estão presentes no "entorno próximo espaço-temporal", os três elementos que caracterizam a constituição tríplice do humano ser: corpo, alma e espírito), que a utilização assentida de meios anticoncepcionais é, sim, um atentado contra a vida de um novo ser que está tentando se estabelecer.”

Analisando, podemos nós também afirmar, no meu modo de entender, que a eliminação de espermatozóides e óvulos não é assassinato. Mas considerar o controle de natalidade por “utilização assentida de meios anticoncepcionais” “um atentado contra a vida de um novo ser que está tentando se estabelecer” e seguir à risca esse pensamento é algo inviável para os nossos dias.

Lembra-me uma senhora evangélica que dizia ter tantos filhos quanto Deus quisesse. Foi dando à luz um filho a cada ano. Quando nasceu o décimo filho, ela quase perdeu a própria vida, e os médicos a aconselharam a fazer ligadura de trompas se não quisesse arriscar-se a morrer. Então, o desejo de viver falou mais alto do que a obediência à vontade divina.

Felizmente são poucas as pessoas que hoje se dispõem a seguir assim a vontade divina. Se todas as mulheres do mundo fossem ter quantos filhos fosse naturalmente possível, esse mundo superpovoado não suportaria.

Os coelhos e os ratos se reproduzem em grande quantidade dentro da capacidade natural, mas eles servem de alimento para outras espécies, não sobrevivendo além do fim de sua capacidade física de sobrevivência, enquanto nós, que já deixamos de ser alimento de outras espécies há muito tempo, protegemos nossos idosos e estamos continuamente aumentando a expectativa de vida. Reproduzirmos dentro da capacidade natural foi viável no passado, enquanto a população era pequena, com alto índice de mortalidade e uma vida bem curta.   Nas condições de hoje é impraticável.

Nos nossos dias, ter quantos filhos a natureza permitir só poderá parecer possível aos olhos da fé; mas dentro da realidade espacial terrena e da capacidade de produção de alimentos, não há como o mundo comportar o povo sem controle de natalidade. Essa é a realidade que aflora no momento, segundo constata qualquer órgão público que cuida de problemas sociais. A nossa sorte é que, hoje, muito poucas, pouquíssimas pessoas estão pensando em fazer a “vontade de Deus” multiplicando-se e enchendo a Terra.

 

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