Em resposta ao meu artigo ABORTO E ASSASSINATO, recebi uma abordagem que me fez
pensar sobre o que aconteceria se todas as mulheres do mundo fossem seguir ao
que é chamado de vontade de Deus. Pensei sob o ponto de vista puramente
racional, levando em conta a realidade terráquea pautada pelas leis da natureza.
Este é o ponto de vista religioso:
“Espermatozóide humano é apenas um gameta masculino e
óvulo humano é apenas um gameta feminino: gametas são células sexuadas e
haplóides de organimos superiores, capazes de engendrar a reprodução desde
que haja a sua união. Tal união compreende o nível bioquímico
(correspondente ao aspecto somático ou corporal-físico do novo ser), bem
como a "carga mental" (correspondente ao aspecto anímico ou da "alma" ou
psiquê), e, também, como — conquanto haja entendimentos divergentes — a "carga
noólica" (correspondente ao aspecto espiritual ou noológico do
ser). De modo que não é razoável falar-se em assassinato referindo-se à
eliminação natural de espermatozóides, bem assim à dos óvulos não
fecundados. Só passa a haver vida de um novo ser (diferente do
aspecto genérico e inespecífico "vida" qual presente em qualquer célula
animal ou vegetal ou em qualquer fungo ou em qualquer protozoário ou bactéria,
microorganismos unicelulares animais e vegetais, respectivamente) acontecida a
fecundação. E fecundação é a união efetiva de espermatozóide com óvulo
(de ordinário biunívoca, conquanto possam dar-se casos de mais de uma
união quase-simultâneas, bem assim a união plurívoca de um
espermatozóide com mais de um óvulo). De qualquer forma, no "evento
fecundação", estão presentes no "entorno próximo espaço-temporal", os
três elementos que caracterizam a constituição tríplice do humano ser: corpo,
alma e espírito. Em verdade, achados científico-clínicos baseados em
abordagem direta do inconsciente (http://www.fundasinum.org.br)
permitem concluir que o aspecto noológico já se faz presente mesmo antes de
haver a fecundação, mas desde que haja, por assim dizer, um "protocolo de
intenções do casal interveniente" (que se pode chamar provisoriamente de desejo
consentido mutuamente, aqui incluído o forçado). Isso não é conjetura,
senão resultado de investigação científica qual compreendida mesmo na linha
ortodoxa.
.
Conquanto eu não partilhe das opiniões e/ou posições doutrinárias da Igreja
[Católica Apostólica Romana] na totalidade (em alguns pontos, sim...), é
de se reconhecer que, pelo exposto acima (no "evento fecundação", estão
presentes no "entorno próximo espaço-temporal", os três elementos que
caracterizam a constituição tríplice do humano ser: corpo, alma e espírito), que
a utilização assentida de meios anticoncepcionais é, sim, um atentado contra
a vida de um novo ser que está tentando se estabelecer.”
Analisando, podemos nós também afirmar, no meu modo de entender, que a
eliminação de espermatozóides e óvulos não é assassinato. Mas considerar o
controle de natalidade por “utilização assentida de meios anticoncepcionais” “um
atentado contra a vida de um novo ser que está tentando se estabelecer” e seguir
à risca esse pensamento é algo inviável para os nossos dias.
Lembra-me uma senhora evangélica que dizia ter tantos filhos quanto Deus
quisesse. Foi dando à luz um filho a cada ano. Quando nasceu o décimo filho, ela
quase perdeu a própria vida, e os médicos a aconselharam a fazer ligadura de
trompas se não quisesse arriscar-se a morrer. Então, o desejo de viver falou
mais alto do que a obediência à vontade divina.
Felizmente são poucas as pessoas que hoje se dispõem a seguir assim a vontade
divina. Se todas as mulheres do mundo fossem ter quantos filhos fosse
naturalmente possível, esse mundo superpovoado não suportaria.
Os coelhos e os ratos se reproduzem em grande quantidade dentro da capacidade
natural, mas eles servem de alimento para outras espécies, não sobrevivendo além
do fim de sua capacidade física de sobrevivência, enquanto nós, que já deixamos
de ser alimento de outras espécies há muito tempo, protegemos nossos idosos e
estamos continuamente aumentando a expectativa de vida. Reproduzirmos dentro da
capacidade natural foi viável no passado, enquanto a população era pequena, com
alto índice de mortalidade e uma vida bem curta. Nas condições de
hoje é impraticável.
Nos nossos dias, ter quantos filhos a natureza permitir só poderá parecer
possível aos olhos da fé; mas dentro da realidade espacial terrena e da
capacidade de produção de alimentos, não há como o mundo comportar o povo sem
controle de natalidade. Essa é a realidade que aflora no momento, segundo
constata qualquer órgão público que cuida de problemas sociais. A nossa sorte é
que, hoje, muito poucas, pouquíssimas pessoas estão pensando em fazer a “vontade
de Deus” multiplicando-se e enchendo a Terra.
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