VOZES DE ANIMAIS

 

Hoje, 16 de abril, de 2012, Dia Internacional da Voz, lembrei-me de uma poesia que havia em um livro na minha casa no meu tempo de criança: "Vozes de Animais". 

 


Palram pega e papagaio,
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.

 

Muge a vaca, berra o touro,
Grasna a rã, ruge o leão
O gato mia, uiva o lobo,
Também uiva e ladra o cão.

 

Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.

 

Regouga a sagaz raposa
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
Mas pia o mocho agoureiro.

 

Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar;
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.

 

O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar:
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabe chiar.

 

O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.

 

Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir;
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.

 

Bramem os tigres, as onças,
Pia, pia, o pintainho;
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.

 

A vitelinha dá berros;
O cordeirinho, balidos;
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.

 

A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima,
Se encontram, em pobre rima,
As vozes dos principais.

(Pedro Dinis)

 

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