"Conheça a história do livro, desde as suas primeiras formas até as grande
editoras e o hábito de leitura no Brasil.
O livro tem aproximadamente seis mil anos de história para ser contada. O homem
utilizou os mais diferentes tipos de materiais para registrar a sua passagem
pelo planeta e difundir seus conhecimentos e experiências.
Os sumérios guardavam suas informações em tijolo de barro. Os indianos faziam
seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os astecas, antes do
descobrimento das Américas, escreviam os livros em um material macio existente
entre a casca das árvores e a madeira. Os romanos escreviam em
tábuas de madeira
cobertas com cera.
Os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma planta encontrada às
margens do rio Nilo, suas fibras unidas em tiras serviam como superfície
resistente para a escrita hieróglifa. Os rolos com os manuscritos chegavam a 20
metros de comprimento. O desenvolvimento do papiro deu-se em 2200 a.C e a
palavra papiryrus, em latim, deu origem a palavra papel.
Nesse processo de evolução surgiu o pergaminho feito geralmente da pele de
carneiro, que tornava os manuscritos enormes, e para cada livro era necessária a
morte de vários animais.
A MANUFATURA
O papel como conhecemos surgiu na China no início do século 2, através de um
oficial da corte chinesa, a partir do córtex de plantas, tecidos velhos e
fragmentos de rede de pesca. A técnica baseava-se no cozimento de fibras do
líber - casca interior de certas árvores e arbustos - estendidas por martelos de
madeira até se formar uma fina camada de fibras. Posteriormente, as fibras eram
misturadas com água em uma caixa de madeira até se transformar numa pasta. Mas a
invenção levou muito tempo até chegar ao Ocidente.
O papel é considerado o principal suporte para divulgação das informações e
conhecimento
humano. Dados históricos mostram que o papel foi muito difundido entre os
árabes, e que foram eles os responsáveis pela instalação da primeira fábrica de
papel na cidade de Játiva, Espanha, em 1150 após a invasão da Península Ibérica.
No final da Idade Média, a importância do papel cresceu com a expansão do
comércio europeu e tornou-se produto essencial para a administração pública e
para a divulgação literária.
Johann Gutenberg inventou o processo de impressão com caracteres móveis - a
tipografia. Nascido, em 1397, da cidade de Mogúncia, Alemanha, trabalhava na
Casa da Moeda onde aprendeu a arte de trabalhos em metal. Em 1428,
Gutenberg parte para Estrasburgo, onde fez as primeiras tentativas de impressão.
Segundo dados históricos, em 1442, foi impresso o primeiro exemplar em uma
prensa. Em 1448 volta à sua cidade natal, e dá início a uma sociedade comercial
com Johann Fust e fundam a 'Fábrica de Livros' - nome original Werk der Buchei.
Entre as produções está a conhecida Bíblia de Gutenberg de 42 linhas.
A partir daí o mundo não seria mais o mesmo. A partir do século 19, aumenta a
oferta de papel para impressão de livros e jornais, além das inovações
tecnológicas no processo de fabricação. O papel passa a ser feito de uma pasta
de madeira, em 1845. Aliado à produção industrial de pasta mecânica e química de
madeira - celulose - o papel deixa de ser artigo de luxo e torna-se mais barato.
As histórias, poesias, contos, cálculos matemáticos, idéias e ideais
poderiam, a partir de agora, percorrer mares e terras e chegar ás mãos de povos
que seus autores jamais imaginariam.
Mas desenvolver o hábito da leitura é um desafio a ser enfrentado. Fundada em
1946, a Câmara Brasileira do Livro é uma das iniciativas criadas com a missão de
desenvolver a leitura no País e difundir a produção editorial brasileira. A CBL,
uma entidade sem fins lucrativos que reúne editores, livreiros e distribuidores,
realizou em 2000 uma pesquisa em todo o País para avaliar a indústria do livro
nacional.
Segundo a pesquisa, há no País cerca de 26 milhões de leitores, e 12 milhões de
compradores são das classes B e C. Sendo que 60% têm mais de 30 anos, e 53%
são moradores da Região Sudeste. Da população alfabetizada com mais de 14 anos,
30% leu pelo menos um livro nos últimos três meses.
Ainda de acordo com os dados apurados, o grau de escolaridade mantém influência
decisiva para a leitura. O grupo de pessoas que mais compra livros no País
possui nível médio de escolaridade
A LEITURA
Plínio Martins Filho, presidente da Editora da USP e professor no curso de
Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA), diz que o consumo de livros
no Brasil só não é maior por uma questão de hábito. "Uma das causas da falta de
hábito é que a leitura tem que disputar espaço com outras formas de
entretenimento. As grandes editoras do Brasil surgiram junto com o rádio e a
televisão que, de alguma forma, são meios de lazer baratos e de fácil acesso."
Segundo ele, a distribuição e a divulgação de livros no Brasil são precárias.
Não há verba para se fazer divulgação de livros pela televisão, que é uma mídia
cara. E os jornais tratam como assunto de final de semana. "Um exemplo disso é
que na França a venda de jornais aumenta no dia em que são publicadas resenhas.
No Brasil as resenhas são publicadas nos dias em que se vende mais jornais",
afirma ele."