A triste história dos negros da Idade
Média até o século XIX, sob a proteção de um deus onipotente, perfeito, justo e
bom.
"A história da
escravidão no Brasil, escravidão negra africana no Brasil Colônia, tráfico de
escravos, os navios negreiros, trabalho escravo nos engenhos e nas minas de
ouro, os castigos, as revoltas, os quilombos, carta de alforria, fim da
escravidão, Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários, Lei Áurea, Abolição da
escravatura.
História da Escravidão: Introdução
Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e
ingleses que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos,
colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região da América.
Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-de-mato que
perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de
Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e idéias defendidas pelos
abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto.
Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico
do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos
vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar
como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da
História.
Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de
tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foi uma delas, estas detinham
um grande número de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados
e tiveram a chance de comprar sua liberdade.
Escravidão no Brasil
No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade
do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na
África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do
Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se
fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro
daqueles mais fracos ou velhos.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros.
Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil,
sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os
escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol),
recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade.
Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene)
acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente,
sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas
festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos
senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas
as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar.
Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas
representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.
As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de
engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos.
Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos
da colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após
adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida,
conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da
sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as
revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas
os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os
integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos
moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura,
falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo
de Palmares, comandado por Zumbi.
Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura
A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada
pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no
mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o
tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem
navios de países que faziam esta prática.
Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio
de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de
1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos
de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era
promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com
mais de 60 anos de idade.
Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida.
Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a
promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.
O que mais
contribuiu para perpetuação da escravidão até esse ponto foi a religião.
Assim expressou um escritor cristão já no século XX, depois que a escravidão
foi abolida em todos os países democráticos:
“
Os
descendentes de Cão seriam raças de servos; os semitas preservariam o
conhecimento do verdadeiro Deus; as raças jaféticas haveriam de dominar
vastíssima porção do mundo e suplantar as raças semíticas como doutrinadores de
Deus. Foi cumprido isso quando os israelitas tomaram Canaã, os gregos
conquistaram Sidom, e Roma capturou Cartago. Desde então as raças jaféticas têm
dominado o mundo e se têm convertido ao Deus de Sem enquanto as raças semíticas
têm ocupado posição de relativa insignificância, e as raças camíticas, uma
condição servil. Foi uma admirável previsão da história.”
(Henry H. Halley, Manual Bíblico,
pág. 74).
Essa "admirável previsão" poderia não se ter cumprido, se o cristianismo não
dominasse o mundo, assim como os judeus, que tinham
promessa divina de domínio
mundial, nunca puderam dominar o mundo. Mas, como o império romano
se tornou cristão, e esses cristianizaram os povos que tomaram o império,
esses
povos cristãos, que adotam as escrituras judaicas, vendo a maldição de Noé e
interpretando que a descendência de Cão seria o povo africano, aproveitaram
disso, escravizando os povos da África, pretensamente sob o amparo divino.
E, embora a escravidão não seja mais admitida no mundo civilizado, até hoje
ainda temos ministro da 'verdade divina' sustentando a tese de que
africanos são descendência amaldiçoada.