Ataque a bomba na Argentina: 25 anos de
impunidade
Atentado em um centro comunitário judeu,
a Associação Mutual
Israelita-Argentina (Amia), em
Buenos Aires, matou 85 pessoas em julho
de 1994
Ariel Palacios
19/07/2019 - 17:36 / Atualizado em
16/09/2019 - 14:32
DOIS ANOS ANTES, O PRECEDENTE
Uma caminhonete Ford-100 carregada de
explosivos, dirigida por um motorista
kamicaze, estacionou no dia 17 de
março de 1992, às 14:45 horas, na
rua Arroyo, em frente à embaixada de
Israel na Argentina, no bairro de
Retiro.
Segundos depois, uma explosão abalou a
cidade de Buenos Aires. O velho palacete
Lastra, sede da embaixada, estava em
ruínas. Um cogumelo de fumaça erguia-se
sobre o lugar e era visto em boa parte
do centro. A explosão também havia
arrasado a fachada da escola primária
Maters Admirabilis e uma residência
geriátrica. No atentado, realizado a
dois quarteirões da embaixada do Brasil,
morreram 29 pessoas, outras 200 foram
feridas.
O atentado nunca foi explicitamente
reivindicado por grupo terrorista algum.
Mas diversos indícios indicavam que
havia sido autoria do Hezbollah. Os
argentinos estavam estupefatos. Nunca
antes haviam sido alvo de um ataque
terrorista internacional. Era o primeiro
feito em solo latino-americano com tais
caracteristicas.
A Corte Suprema de Justiça ficou a cargo
das investigações, já que tratava-se de
um caso internacional. Mas
as investigações
foram atrapalhadas durante vários anos
pelo próprio Supremo, que afirmava que a
explosão havia ocorrido dentro da
embaixada. Ou seja, dando a
entender que ali dentro havia
explosivos. Simultaneamente, com essa
atitude ignorava a
imensa cratera que a explosão havia
causado na frente da sede diplomática,
no meio da rua Arroyo.
ATAQUE CONTRA A AMIA
Nos dois anos transcorridos após o
ataque contra a embaixada, o governo do
presidente Carlos Menem não havia
incrementado as medidas de segurança
para prevenir um novo atentado. O clima
existente no governo era de que nada
similar poderia ocorrer outra vez. Nada
similar seria a expressão exata, já que
o que aconteceu foi muito pior.
No dia 18 de julho de 1994, 9:53
horas, uma explosão estremeceu o entorno
da rua Pasteur, 633. A rua ficava no
bairro de Balvanera, informalmente
conhecido como “Once”, ao lado do centro
da capital argentina. Uma bomba havia
arrasado a sede da Associação Mutual
Israelita Argentina (Amia). O saldo
do ataque foi de 85 mortos e mais de 300
feridos.
Das vítimas mortais, 66 estavam dentro
do prédio da AMIA. Outras 18 pessoas
passavam na calçada ou estavam nos
prédios vizinhos.
Horas após o atentado o então presidente
Menem fez uma promessa: “Desta vez
pegaremos os culpados”. Mas as palavras
de Menem jamais foram cumpridas. Nem por
ele, nem por seus sucessores.
A Justiça sustenta que o atentado foi
realizado com uma caminhonete Trafic
carregada de 300 quilos de explosivos,
dirigida por um motorista kamikaze. Além
disso, sustenta que a
caminhonete Trafic
havia sido vendida por Carlos Telleldín,
um vendedor de carros roubados,
a um grupo de
policiais.
Telleldín tinha outras ocupações, já que
também era dono de um prostíbulo, além
de filho de um
ex–repressor da Ditadura Militar
argentina.
Os policiais que compraram a Traffic, da
Policia Bonaerense (a polícia da
província de Buenos Aires, de péssima
fama pela corrupção), teriam entregue o
veículo ao grupo de terroristas. No
entanto, existe um vácuo de informações
sobre o que ocorreu com o veículo do dia
em que ele foi vendido até a véspera do
dia do atentado.
Além disso, a única parte sobrevivente
do veículo foi o motor, que apareceu
muitos dias depois da explosão e sobre o
qual pairam suspeitas de que tenha sido
"plantado" no ponto onde foi encontrado
(o terraço de um prédio no bairro da
AMIA).
Mas ao longo do tempo, além da versão
oficial sobre a caminhonete Traffic
usada como carro-bomba também surgiram,
com maior ou menor forca outras
teorias...
Versão extraoficial 1: um container na
frente do prédio continha uma bomba
Versão extraoficial 2: uma bomba foi
colocada dentro do edifício
Versão extraoficial 3: uma bomba estava
no container na frente do edifício e
outra bomba estava dentro de sacos de
cimentos no prédio, que estava em obras.
Versão extraoficial 4: uma bomba foi
colocada no teto do edifício por um
helicóptero
AUTORIA
A Justiça de Buenos Aires acusa o
Hezbollah, que teria agido na Argentina
com o apoio da Embaixada do Irã. No
entanto, outros especialistas não
descartam que poderiam ter sido
terroristas enviados pelos governos da
Síria ou Líbia.
A lista de teorias também inclui
cúmplices argentinos, membros dos grupos
de militares "carapintadas", denominação
dos integrantes das forças armadas que
tentaram levantes militares nos anos 80
e em 1990, conhecidos por seu
antissemitismo. Sem uma conexão local,
afirmam, teria sido impossível realizar
o atentado. Uma hipótese mista junta os
muçulmanos com os carapintadas e “La
Bonaerense”. Todos teriam diferentes
motivos para participar do ataque.
<https://epoca.globo.com/mundo/ataque-bomba-na-argentina-25-anos-de-impunidade-23816412>
Esses foram dois exemplos de frutos da fé. Enquanto houver a crença de que “Deus cobrará dos fiéis o sacrifício de seus bens e pessoas, em troca do Paraíso. Combaterão pela causa de Deus, matarão e serão mortos” (surata 9:111), continuaremos vendo esse tipo de barbaridade pelo mundo.
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