Leonardo Boff,
http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2012/07/22/crise-terminal-de-nosso-modo-de-viver><
Márcio Pochmann vislumbra uma solução para o problema do desemprego e as
disparidades hoje existentes; mas quem pode viabilizá-la luta contra
ela com todas forças possíveis.
"O novo sindicalismo defende a redução da jornada como uma medida de ampliação
do emprego, entendendo principalmente o lucro como elemento chave para propiciar
mais investimentos e, conseqüentemente, elevar o nível de emprego. Na minha
proposta, a redução significativa da jornada de trabalho tem outra
fundamentação. Em primeiro lugar não há razão técnica que justifique a jornada
de trabalho tão elevada como temos hoje, em função justamente da expansão da
produtividade imaterial. Em segundo lugar deve-se ao reconhecimento de que
estamos numa fase em que aumenta a produtividade imaterial. Assim, estamos
diante de uma produtividade gerada pelas novas possibilidades de trabalho, ou
seja, fora do local de trabalho. Todos estão trabalhando muito mais. Isso faz
com que as pessoas durmam com o trabalho e sonhem com ele. Todo esse esforço
com a atividade produtiva imaterial está gerando uma ação brutal da riqueza.
Esse trabalho imaterial beneficia apenas as grandes corporações. As 50
maiores empresas do mundo, por exemplo, têm um faturamento que é superior a cem
países do mundo. Assim, vejo que a redução drástica da jornada de trabalho
seria um elemento chave para compensar o desequilíbrio que estamos assistindo em
termos da repartição da renda e da riqueza."
(POCHMANN, Márcio - (Entrevista do Instituto Humanitas Unisinos, em 28/04/08b –
disponível em <http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=32768>
Acesso em 16/07/2008, citado em
http://www.joaodefreitas.com.br/tecnologia-e-emprego.htm).
Parece bem simples a proposta de Márcio Pochmann. Todavia, essa solução não está
nada fácil de ser implementada. Os empresários querem redução de remuneração e
aumento da jornada de trabalho, e o governo quer reduzir os salários, aumentar a
jornada de trabalho e, para compensar a perda de arrecadação, aumentar as
alíquotas de impostos, o que só agrava a crise, gerando mais desemprego e mais
pobreza, com concentração das riquezas nas mãos de um número ainda menor de
pessoas. Se todos trabalhassem menos tempo, com um pouco mais de lazer,
sem reduzir a remuneração, haveria menos desemprego, o Estado arrecadaria mais
sem aumentar impostos, as empresas não perderiam tanto, porque seus produtos
teriam mais consumidores, e a saúde da população seria melhor, reduzindo os
gastos do estado. No entanto, junto à ganância empresarial por manter
lucros maiores com menos pessoas, os administradores do Estado só falam em
contenção de gastos, o que só se concentra nos pagamentos dos que trabalham para
esse Estado, excepcionando só os que estão nos
altos postos do poder. E a solução da crise continua distante.
Quanto à capacidade do planeta, a medida
mais necessária é educação para o controle de natalidade. Pois, além de a
Terra estar ficando superpovoada, o problema é agravado pelo aumento maior
das da população entre as pessoas mais miseráveis.
Menos horas de trabalho é realmente o maior fator de equilíbrio de que
precisamos. Associando isso ao controle de natalidade, poderíamos ter um mundo
bem melhor. O difícil é controlar os que lutam contra essas soluções.
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