JESUS DE NAZARÉ, A GRANDE ESPERANÇA
- 23/12/2002 -
“Ele não
nasceu em Belém, teve vários irmãos e sua morte passou quase despercebida no
Império Romano. A história e a arqueologia desencavam o Jesus historico – um
homem bem diferente daquele descrito nos evangelhos” (Superinteressante,
dez/2002, pág. 40). Mas ele trouxe uma novidade que dominou o mundo: a
recompensa pós-morte.
Além dos evangelhos, segundo os pesquisadores, “há apenas uma menção direta a
ele citada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que escreveu sobre sua morte no
livro Antiguidades Judaicas, feito provavelmente no fim do século 1” (Idem,
pág. 42). E, ainda que isso não seja simplesmente algo acrescentado por
copista, o que indica a análise do contexto do livro, Flávio Josefo, que não
presenciara a vida de Jesus, estaria dizendo o que ouvira de outros. Essa
falta de citações sobre Jesus indica que, se ele existiu, sua morte deve ter sido como a de
muitos outros que surgiram dizendo-se o messias prometido pelos profetas. A
diferença é que seus seguidores, pregando sua ressurreição e a promessa de
ressuscitar seus fiéis, criaram um movimento que cresceu até encher o mundo.
Muitos relatos a respeito de Jesus não passam de lendas. A matança de três mil
crianças por Herodes, se tivesse ocorrido mesmo, teria sido noticiada por alguém
da época além dos evangelistas. Nada mais se escreveu sobre tal feito hediondo.
A aparência de Jesus que é apresentada pelos cristãos atualmente é criação
renascentista, nada combinando com o tipo dos homens de seu tempo e lugar.
Embora, os evangelista tenham dito que ele nascera em Belém, nos próprios
evangelhos ele é chamado de “nazareno”, devendo ter nascido em Nazaré. Talvez
tenham dito que sua naturalidade fosse Belém, porque o messias libertador do
povo judeu, que deveria ter surgido nos dias da Assíria, deveria nascer em Belém
(Miquéias, 5: 2-15). Segundo o padre Jaldemir Vitório, do Centro de Estudos
Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte, muito do que se disse sobre
Jesus foi um paralelo com Moisés, que, segundo a tradição, teria nascido em
Belém, escapado da morte determinada pelo faraó e crescido no Egito, libertando
posteriormente seu povo. Seu nascimento também não deve ter sido em dezembro,
mas o 25 de dezembro era a data da festa saturnal romana, que foi substituída
séculos depois pela comemoração do natal de Jesus. Os evangelistas citam vários
textos do Velho Testamento como predição sobre Jesus, claramente fora do
contexto (Veja: “O MESSIAS DE BELÉM NUNCA
EXISTIU, NEM PODERIA EXISTIR”).
Um dos aspectos do cristianismo que atraiu mais o povo é mencionado por Pedro
Paulo Funari professor de história e arqueologia da Unicamp: “O cristianismo
trouxe uma idéia de salvação da alma que não existia na religião romana.” (SUPERINTERESSANTE,
dez/2002, pág. 49). Na realidade, analisando bem o Velho Testamento, vê-se que
nem entre os judeus existira antes a promessa de recompensa após a morte. Ela só
veio a existir entre eles depois de conviverem com babilônios e persas (Veja “A
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS”). Nada poderia produzir maior impacto na vida do
religioso do que a esperança de uma vida de pura felicidade após o término desta
cheia de sofrimentos. Aí está o cerne do poder do cristianismo.
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