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LULA LÁ, VENDO AS COISAS POR UM OUTRO ÂNGULO IV - POLÍTICA DO ARROCHO
- 21/03/2003 -
Quem chega lá esquece de cá mesmo. Onde está aquele defensor
dos fracos e oprimidos? Ou é dos frascos de comprimidos?
“Na oposição, o PT sempre defendeu os interesses dos trabalhadores e dos
servidores públicos. Agora, no governo, o partido adota uma outra postura:
a
política do arrocho. O reajuste salarial do funcionalismo é o melhor exemplo. O
que o governo pretende propor não deve ser acima de 4%. Com isso, a defasagem
salarial vai se agravando. No projeto que trata da reforma da previdência, o
governo pretende também mexer com benefícios dos trabalhadores. A alegação é o
rombo da Previdência Social. A reforma é necessária para tirar a Previdência do
buraco. Mas ela tem de ser feita preservando o direito adquirido. E a reforma
tributária? É outra que vai impor mais sacrifícios ao contribuinte. Ninguém tem
dúvida disso, mesmo porque nenhum governante – seja federal, estadual ou
municipal – admite perder receita. Mas ninguém, na área do governo, fala em
estabelecer mecanismos mais eficientes para combater a sonegação. É por aí, no
combate à sonegação, que o governo deveria iniciar a reforma tributária, sem
sacrificar o contribuinte” (Diário da Tarde, 20 de março 2003).
Há uns seis ou sete anos, FHC falou em dar 10% de reajuste para o funcionalismo
público. Isso foi uma coisa abominável para o PT. Depois de oito anos sem nada,
porque FHC não deu nem os 10% que dissera estar disposto a dar, o cabeça do PT
chega ao governo e tem a coragem de falar em 4%. Quatro por cento!!!! Será que
estou dormindo e tendo um pesadelo? É muito difícil acreditar que isso seja
realidade. Como pode aquele que ontem estava defendendo um direito publicamente
para todo o país estar hoje pronto para suprimi-lo?
Sabemos que, graças aos parlamentares petistas, FHC não conseguiu excluir
direitos previdenciários dos servidores públicos. Agora, quem nos defendia está
no lado de lá. Parece que estamos fu... , dizer “mal pagos” é desnecessário.
E a reforma tributária? Certamente restará alguma coisa para nós – de prejuízo,
é claro. FHC lutou para não corrigir a tabela do IR, mas não conseguiu evitar
cinqüenta por cento dessa correção. Agora, o ex-defensor do contribuinte parece
que não vai ter dificuldade para manter tudo congelado, com exceção dos preços
daquilo que temos que pagar.
Dizem, lá no interior, que a corda arrebenta no ponto mais fraco. Assim é
na sociedade. Os donos do dinheiro continuarão ganhando e nós perdendo.
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