Em 3 de Março de 2008, em
um show de TV popular da Índia, Sanal Edamaruku, presidente da
Rationalist International, desafiou o mais “poderoso” tântrico (mago negro)
da Índia a demonstrar seus poderes nele. Este foi o início de um experimento
sem precedentes. Depois que todas as entoações de mantra (palavras mágicas)
e cerimônias de tantra falharam, o tântrico decidiu matar Sanal Edamaruku
com a “cerimônia de destruição definitiva” na TV ao vivo. Sanal Edamaruku
concordou e sentou no altar do ritual de magia negra. A India TV viu sua
audiência subir feito um foguete.
Tudo começado, quando Uma Bharati (ex-ministra do estado de Madhya
Pradesh) acusou seus oponentes políticos em uma declaração pública de usarem
poderes tântricos para lhe infligir dano. Na verdade, dentro de poucos dias,
a azarada senhora perdeu seu tio favorito, acertou a porta de seu carro
contra sua cabeça e encontrou suas pernas cobertas com feridas e bolhas.
A India TV, um dos maiores canais hindus de televisão com alcance nacional,
convidou Sanal Edamaruku para uma discussão sobre “Poderes Tântricos versus
Ciência”. Pandit Surinder Sharma, que alega ser o tântrico dos
maiores políticos e é muito bem conhecido por seus shows de televisão,
representou o outro lado. Durante a discussão, o tântrico mostrou uma massa
de farinha de trigo com uma forma humana, passou uma linha em volta em
formato de laço e a apertou. Ele alegou que ele poderia matar qualquer
pessoa que quisesse dentro de três minutos usando magia negra. Sanal o
desafiou a tentar e matá-lo.
O tântrico tentou. Ele entoou seus mantras: “Om lingalingalinalinga,
kilikili…” Mas seus esforços não mostraram qualquer impacto em Sanal — nem
dentro de três minutos, e nem depois de cinco. O tempo foi extendido e
extendido de novo. O programa da discussão original deveria ter acabado
aqui, mas o “plantão” do desafio tantra foi tomando conta de toda a grade da
programação.
Agora o tântrico mudou sua técnica. Ele começou a espirrar água no Sanal e a
brandir uma faca na frente dele. Algumas vezes ele movia a lâmina por todo o
seu corpo. Sanal não se mexeu. Então ele tocou a cabeça de Sanal com suas
mãos, esfregando e enrugando todo o seu cabelo, pressionando sua testa,
colocando sua mão sobre seus olhos, pressionando seus dedos contra suas
têmporas. Quando ele começou a pressionar cada vez mais forte, Sanal o
lembrou de que ele deveria usar apenas magia negra, sem atacá-lo à força
para nocauteá-lo. O tântrico começou uma nova rodada: água, faca, dedos,
mantras. Mas Sanal continuou parecendo muito saudável e até se divertindo.
Depois de quase duas horas, o âncora declarou a falha do tântrico. Ele, não
querendo admitir a derrota, tentou dar a desculpa de que um deus muito forte
ao qual Sanal estivesse adorando o estivesse protegendo. “Não, eu sou ateu”,
disse Sanal Edamaruku. Finalmente, o tântrico humilhado tentou salvar sua
pele alegando que havia uma magia negra especial infalível para destruição
definitiva, que poderia, entretanto, ser feita apenas à noite. Má sorte
novamente, pois ele não conseguiu se safar com isso mas sim foi desafiado a
provar sua alegação naquela mesma noite em um programa “de plantão” ao vivo.
Durante as próximas três horas, a India TV colocou no ar anúncios para O
Grande Desafio Tântrico que chamaram centenas de milhões de pessoas aos seus
aparelhos de TV.
O encontro aconteceu debaixo de uma noite de céu aberto. O tântrico e seus
dois assistentes estavam atiçando uma fogueira e olhavam compenetrados em
suas chamas. Sanal estava de bom humor. Assim que a mágica definitiva fosse
invocada, não haveria caminho de volta, alertou o tântrico. Dentro de dois
minutos, Sanal iria ficar maluco, e um minuto depois ele gritaria de dor e
morreria. Ele não queria salvar sua vida antes que fosse tarde demais? Sanal
riu, e a contagem regressiva começou. Os tântricos entoavam seus “Om lingalingalingalinga, kilikilikili…” seguidos por cataratas de palavras e
sons que mudavam à toda hora. A velocidade aumentou histericamente. Eles
jogaram todos os tipos de ingredientes mágicos nas chamas que produziam
diversas cores, sons de chiados e estalos e uma fumaça branca. Enquanto
entoava, o tântrico chegou perto de Sanal, moveu suas mãos na frente dele e
o tocou, mas foi chamado a recuar de volta pelo âncora. Depois das
tentativas anteriores do tântrico de usar a força contra Sanal, ele foi
avisado para tomar distância e evitar de encostar em Sanal. Mas o tântrico
“esquecia” dessa regra de novo e de novo.
Agora o tântrico escreveu o nome de Sanal em um pedaço de papel, o rasgou em
pequenos pedaços, mergulhou-os dentro de um caldeirão com óleo de manteiga
borbulhante e os jogou dramaticamente nas chamas. Nada aconteceu. Cantando e
cantando, ele jogou água em Sanal, esfregou um punhado de penas de pavão
sobre sua cabeça, jogou sementes de mostarda no fogo e outras coisas mais.
Sanal riu, nada aconteceu, e o tempo estava acabando. Com somente mais sete
minutos até a meia-noite, o tântrico decidiu usar sua arma definitiva: a
massaroca de farinha de trigo. Ele a amassou e pulverizou com ingredientes
misteriosos, então pediu para que Sanal a tocasse. Sanal o fez, e a grande
magia final começou. O tântrico furou brutalmente agulhas na massa, então a
cortou ferozmente com uma faca e tacou seus pedaços na fogueira. Naquele
momento, Sanal deveria ter entrado em pânico. Mas não entrou. Ele riu.
Quarenta segundos mais, contados pelo âncora, vinte, dez, cinco… acabou!
Milhões de pessoas devem ter proferidos suspiros de alívio na frente de suas
TVs. Sanal estava muito bem vivo. O poder Tantra falhou miseravelmente.
Tântricos haviam criado uma atmosfera tão assustadora que, mesmo quem sabia
que magia negra não tinha fundamento, poderia entrar em pânico, comentou um
cientista durante o programa. Necessita-se de enorme coragem e confiança
para desafiá-los a colocar sua própria vida em risco, ele disse. Ao fazê-lo,
Sanal Edamaruku quebrou o feitiço, e removeu muito
do medo de todos os que testemunharam este triunfo.
Naquela noite, uma das superstições mais perigosas e difundidas na Índia
sofreu um golpe severo.
Fonte:
Rationalist International
Tradução: Alenônimo
Achei bem interessante o que Sanal Edamaruku fez, e é uma prova inequívoca
de que a magia não tem poder algum. Entretanto, os efeitos sobre os
expectadores talvez sejam bem
menores do que se imagina.
Para exemplificar, encontramos na Bíblia vários exemplos, como
um rei que
secou a mão por blasfemar contra o deus de Israel; um
casal que morreu
apenas por mentir aos apóstolos cristãos, e coisas semelhantes.