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PAPA E PEDRO
A alegação da igreja de que o papa é o
sucessor de São Pedro, mas negada por todas as outras igrejas, é cada vez mais
contestada. Mas o mais intrigante é que as fontes encontradas deixam
obscura, não só essa sucessão, mas a verdadeira origem do Cristianismo.
O PAPA NÃO É SUCESSOR DE SÃO
PEDRO
Seminarista Luís Fernando.
Estudante do curso de Teologia IESMA São Luís MA
Pedro é originário de Betsaida
da Galileia e era pescador conforme os quatro evangelhos (Mt
4,18-22;Mc1,-16-20;Lc5,11;Jo1,40-42). Pedro foi chamado por Jesus (Mc1, 16-20)
isso no começo da vida publica de Jesus. Ele é mencionado nos evangelhos muito
mais frequentemente do que qualquer outro discípulo. É mencionado em primeiro
lugar nas listas dos doze (Mc 3,16; Mt 10,2;Lc 6,14;At 1,13). Na primeira
comunidade crista de Jerusalém, Pedro aparece como o guia imediatamente a
ascensão de Jesus (At1, 12). Propõe a eleição de um sucessor a Judas entre os
onze (At1, 15-26). Revela o poder taumaturgo de Jesus (At3; 5,15; 9,32-43).
Paulo o distingue dos outros como testemunha da ressurreição (ICor15,5).
A morte de Pedro em Roma, não aparece na literatura antes do século II d.C.
e a ideia de que Pedro tenha sido Bispo de Roma não aparece na literatura
antes do século III d.C. Duas testemunhas antigas, Clemente de Roma (96
d.C.) e Inácio de Antioquia (100) não afirmam explicitamente nem o
martírio de Pedro, nem Roma como lugar de sua morte, mais os dois textos são
facilmente compreendidos como implicando isso. As tradições antigas concernentes
ao lugar da morte e ao sepultamento de Pedro são um tanto imprecisas. As
escavações no século passado, sob autoridade do Papa Pio XII, abaixo da
Basílica de São Pedro descobriram um cemitério pagão em que as
primeiras sepulturas datadas pertencem ao ano 70 d.C, as cristas aparecem nos
séculos sucessivos, mais não fazem alusão a sepultura de Pedro. A
convergência de probabilidades leva muitos historiadores a aceitar a tradição
romana, segundo a qual Pedro foi executado no reinado de Nero, entre 64-67.
No evangelho de São Mateus 16, aparece o primado de Pedro. Jesus lhe da o nome
de rocha, promete-lhe que edificará a sua Igreja e da a ele as chaves do reino
dos céus, e o poder para ligar e desligar. A ausência dessa passagem em Mc e Lc
têm levado muitos estudiosos a concluir que o dito não é de Jesus, mas da Igreja
primitiva, em particular da comunidade Judeu-cristã. A questão não é saber se os
evangelhos reproduzem as palavras verdadeiras de Jesus, pois frequentemente eles
não reproduzem. Se a comunidade cria ditas formas, faz através de seus recursos
da memoria e tradição apostólica é expressa a intenção de Jesus.
A Igreja de Jerusalém continuou sendo a Igreja mãe ate o ano de 70 d.C Antioquia
não parece ter procurado a aprovação de Jerusalém para a missão de Barnabé e
Paulo. O chefe da Igreja de Jerusalém não era por simples fato o chefe de toda a
Igreja. Muito provavelmente Pedro não permaneceu chefe da Igreja de Jerusalém
quando começou a expansão do cristianismo, como ele cumpriu o seu mandato, o
novo testamento não o diz.
McKENZIE, John. Dicionário Bíblico. 7° ed. São Paulo: Paulus, 1983. 710-713. p.
O MARTIRIO DE PEDRO
Os Atos dos Apóstolos poderia narrar o seu martírio, já que foi escrito por
volta do final dos anos 80 d.C, Pedro já havia morrido pelo menos uns vinte
anos, mais não era a intenção do autor dos atos narrar a morte de Pedro. Depois
da morte de Pedro em Roma, não sabemos quem ficou a frente da igreja de Roma. No
final do século I, emerge a figura do bispo monárquico, e os outros presbíteros
subordinados a ele, porem já estamos saindo do NT, estamos na virada do século e
os livros do NT não conhecem esta ulterior evolução. Quem conhece é Inácio de
Antioquia. Ele era bispo de Antioquia, e fala de uma realidade já existente
ao que parece não apenas em sua área geográfica, mas em algumas outras porque
saúdam nas suas sete cartas os bispos de outras comunidades também distintos dos
presbíteros. Interessante que quando escreve a carta aos Romanos não menciona
o epíscopo, não menciona o bispo ao que parece a Igreja de Roma foi uma das
ultimas a evoluir para o episcopado, ao que parece no inicio do século II Roma
ainda era regida pela Jerusia, pelos presbíteros-bispos.
Aqueles que conhecemos como segundo, terceiro, quarto papa, estas pessoas
realmente existiram, faziam parte desta Jerusia (presbíteros-bispos) eram
membros destes conselhos, por exemplo; Lino sucede Pedro, depois Cleto,
Clemente, Anacleto... "Além do mais, não estão de acordo os autores acerca da
ordem dos quatro primeiros sucessores de Pedro. Uns colocam Clemente antes
de Cleto, outros confundem Cleto com Anacleto. Há também diferença nas datas
da eleição dos pontífices e de sua morte, e esta diferença observa-se
especialmente nos três primeiros séculos da Igreja".
(BOSCO, Joao. Historia
Eclesiástica. 6° ed. São Paulo: Salesiana; 1960 254. p.)
Inácio menciona os bispos de todas menos o de Roma, talvez uma explicação que na
Igreja de Roma não houvesse esta evolução. Quando, porem surgiu o epíscopo
(bispo) em Roma no começo do século II, este bispo de Roma, mais antes dele
também a jerusia, o conselho dos presbíteros-bispos tinham assumido as
responsabilidades petrina. Por quê? Roma era a cidade mais importante do
Império. Jerusalém não existia mais, a Igreja mãe foi destruída nos anos 70. Em
Roma os dois apóstolos Pedro, e Paulo, numa certa tradição deram o seu
testemunho com a própria vida, por amos a Cristo. Então, primeiro temos a
jerusia, depois evolui para os presbíteros bispos, e finalmente o bispo de Roma
assume uma certa herança petrina, e a mesma que ainda esteve nas mãos de um
comitê nos primeiro século, segundo quando surge a figura do bispo de Roma passa
diretamente para ele. Podemos dizer que há uma trajetória, que vai desde Pedro
Apostolo que morreu marti em Roma nos anos 60, ate a figura do bispo de Roma,
quando surge no inicio do século II. Começa com Pedro, depois os
presbíteros-bispos, e chega ao bispo de Roma quando ela passou a existir.
(aulas. Padre Fernando Cardoso. Exegeta)
O PRIMADO DO PAPA
Ate o século VI, não é possível falar de papado, nem tão pouco de Papa. Essa
palavra podia ser empregada para qualquer bispo. Desde as origens a Igreja de
Roma ocupa um lugar excepcional na Igreja Universal. Por um lado o bispo de Roma
interfere na vida das outras Igrejas, advertência a Igreja de Corinto, por parte
de Clemente de Roma, em 96. Os bispos de Roma não concordam com a ascensão de
Constantinopla, a partir de meados do século IV, eles passam a relembrar que
a sua primazia decorre de sucessão de Pedro e dão a sua Sé o titulo de "Sé
apostólica". No século V o bispo de Roma Leão se apoia em Mt 16,18-19, para
desenvolver uma teologia da primazia. Ele atribui a si o direito e o dever
de dirigir o conjunto da Igreja, como sucessor de São Pedro. Por vários séculos
a figura do bispo de Roma, estava ligada a monarquia, ao imperialismo. Ele era
visto mais como um Rei, do que como sucessor de Pedro. A própria eleição papal
por muitos séculos foi definida, e interferida pelos Reis. Foi o bispo de
Roma Gregório VII (1073-1084) quem disse que o bispo de Roma deveria se chamar
de Papa. A partir dele esse termo passou a ser obrigatório ao bispo de Roma.
O papa deve fundamentar-se toda a ordem no mundo, não só a eclesiástica, mas
também a temporal. Segundo os Dictatus de Gregório VII; "somente o
Pontífice Romano é considerado, a justo titulo universal". "O papa é o único
homem do qual todos os príncipes beijam os pés".
(COMBY, Jean. Historia da
Igreja das Origens ate o Século XV. p. 103.)
Enfim, Pedro foi chamado e constituído apostolo (Lc6,12-14) testemunha da
ressurreição do Senhor (1Cor15,5). Nunca foi chamado de Papa no novo testamento,
nem de bispo. Ele é muito mais do que um papa, um bispo, ele é discípulo do
Senhor (Mc1,17) aquele que foi entregue a missão de construir a Igreja de Cristo
(Mt16,18). Se Pedro fosse Papa, naquele tempo só existiria o Evangelho de Jesus
Cristo segundo São Pedro. Todos os outros apóstolos tinham vez e voz,
diferentemente de hoje onde o Papa tem o direito de julgar qualquer bispo, e não
ser julgado por ninguém.
O papa é o bispo de Roma, que por sua vez antecede os presbíteros-bispos, e a
figura de Pedro. Nesse sentido o papa não sucede diretamente a Pedro, mas há
todo um processo, como nos fala bem o Papa bento XVI; "que logo ao iniciar a
segunda geração, se chamara ministério Episcopal. Esta função se desenvolvera
progressivamente e de forma diferente daquela do inicio, ate assumir a forma, já
claramente testificada por Inácio de Antioquia no inicio do século II. Assim, a
sucessão na função Episcopal representa a continuidade na tradição apostólica. O
vinculo entre o colégio dos bispos e a comunidade original dos apóstolos deve
ser entendido, antes de tudo, como uma linha de continuidade histórica".
(RATZINGER,
Joseph. Os Apóstolos e os Primeiros Discípulos de Cristo. 2007. p. 38.)
<http://crentenapalavra2vocacional.spaceblog.com.br/1638585/O-PAPA-NAO-E-SUCESSOR-DE-PEDRO/>
O COMEÇO OBSCURO
Por mais que os estudiosos se esforcem,
nada parece provar nem mesmo a existência de Jesus, muito menos essa sucessão
apostólica apresentada pela Igreja Católica. Depois dos evangelhos, cuja
origem é bastante nebulosa, só há escritos cristãos bem posteriores e nenhuma
referência externa. Escritores da primeira metade do primeiro século
simplesmente desconheceram Jesus e seus apóstolos, e os que se referiram a ele
muito tempo depois já devem ter colhido informações do que se ouvia dos próprios
cristãos.
"A morte de Pedro em Roma, não aparece
na literatura antes do século II d.C. e a ideia de que Pedro tenha sido
Bispo de Roma não aparece na literatura antes do século III d.C. Duas
testemunhas antigas, Clemente de Roma (96 d.C.) e Inácio de
Antioquia (100) não afirmam explicitamente nem o martírio de Pedro, nem Roma
como lugar de sua morte, mais os dois textos são facilmente compreendidos
como implicando isso. As tradições antigas concernentes ao lugar da morte e ao
sepultamento de Pedro são um tanto imprecisas. As escavações no século passado,
sob autoridade do Papa Pio XII, abaixo da Basílica de São Pedro
descobriram um cemitério pagão em que as primeiras sepulturas datadas
pertencem ao ano 70 d.C, as cristãs aparecem nos séculos sucessivos, mais não
fazem alusão a sepultura de Pedro. A convergência de probabilidades leva
muitos historiadores a aceitar a tradição romana, segundo a qual Pedro foi
executado no reinado de Nero, entre 64-67." (estudo supra)
O que é de observar é que todas as fontes
colhidas por Luís Fernando são bem posteriores aos dias dados como de início do
Cristianismo. E os dados arqueológicos nem apresentam nada do cristianismo
antes do fim do primeiro século. Somando isso ao fato de que nenhum escritor não
cristão fez referência aos apóstolos, nem mesmo a Jesus em seus dias, continua
completamente obscura, não só a tal sucessão apostólica, como também a
verdadeira origem do Cristianismo, e o caráter lendário de Jesus parece mais
lógico do que uma existência real.
Ver
ORIGEM DO CRISTIANISMO
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