Jair Bolsonaro ficará conhecido pela mortandade causada pelo novo coronavírus e
por ter transformado o Palácio do Planalto em uma fábrica de mentiras
O Brasil já teve 37 presidentes da República, das mais diversas correntes
políticas, e que podem ser considerados, em sua maioria, muito ruins. São raras
as exceções e isso em muito se deve às falhas do nosso sistema político, que
carece de reparos.
Entretanto, com menos de dois anos de mandato, Jair Bolsonaro já faz jus ao
título de pior presidente da nossa história, além de pior presidente do
mundo durante a pandemia, segundo o jornal americano The Washington Post.
Não são poucos os motivos que tornam Bolsonaro o pior governante da história do
Brasil. Afinal, desde que foi eleito para o cargo mais importante da nação, Bolsonaro simplesmente não governa. Preferiu, em vez disso, delegar suas funções
e responsabilidades a terceiros.
Podemos citar o exemplo do denominado “superministério da Economia”, que passou
a cuidar de todas as áreas de finanças, planejamento, trabalho e Previdência
Social. A pasta foi entregue a um representante do mercado com o pretexto de
modernizar a economia.
Desde então, a política implementada por Paulo Guedes, o ministro da Economia de Bolsonaro, extinguiu direitos trabalhistas e
previdenciários, notadamente dos mais pobres. Resultado: temos hoje mais de 13
milhões de desempregados.
Mesmo com o país devastado pela tragédia do desemprego, o presidente prefere
dedicar-se a sua reeleição. Desde a posse, Bolsonaro não desceu do palanque e
não abandonou a campanha.
Pelo contrário, cercou-se de uma estrutura de propaganda e de difamação para
manter seu eleitorado constantemente engajado, dedicando todos os esforços da
máquina administrativa para o único e mesquinho objetivo da reeleição. É o
chamado gabinete do ódio.
É no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus que Bolsonaro mostra todo o
seu despreparo, incompetência e leviandade
Com a intenção de proteger seu governo e seus filhos, confronta diariamente o
Estado Democrático de Direito e as instituições de Estado, a imprensa livre e os
demais Poderes da República. Recorre à Constituição Federal só quando lhe
convém.
No campo da educação podemos ver um dos lados mais tenebrosos e anacrônicos
desse governo. Enxergando fantasmas comunistas por todos
os lados, iniciou uma cruzada contra o conhecimento científico e colocou a pasta
a serviço do obscurantismo.
Impressiona o descaso de Bolsonaro com a educação, sobretudo a educação pública.
Elegendo-a como inimiga, expressa toda a sua perversidade ao roubar o futuro dos
brasileiros.
Quanto à cultura, o desprezo do presidente pelo setor sempre foi evidente.
Uma das primeiras medidas que tomou foi extinguir o
Ministério da Cultura, transformando-o em secretaria. A série de
nomeações e exonerações controversas, como a de um secretário que buscou no
nazismo inspiração para uma “nova cultura brasileira”, deixaram a pasta sem rumo
a seguir.
Outra característica que torna Bolsonaro um dos piores presidentes de todos os
tempos é sua obsessão em destruir o meio ambiente e as
culturas indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais.
Utilizando a desculpa mentirosa de que a proteção ambiental é uma barreira para
os negócios e que os índios “querem e precisam ser civilizados”, promoveu um
escandaloso desmonte da governança ambiental sem precedentes em nossa história.
Mas é no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus que Bolsonaro mostra todo
o seu despreparo, incompetência e leviandade, com o Brasil ultrapassando a cifra
de 55 mil mortes desde o primeiro caso de contaminação no país.
Bolsonaro, diferentemente da maioria dos líderes mundiais, tornou-se um grande
negacionistas da doença, chamando a covid-19 de gripezinha e afirmando que a
questão tinha de ser enfrentada como homem e não como moleque.
Minou de todas as formas possíveis as medidas adotadas pelos governadores contra
a disseminação do vírus e promoveu aglomerações.
Contrariou recomendações científicas e lançou a
campanha “O Brasil não pode parar”, posteriormente suspensa pela Justiça.
Recentemente, incentivou apoiadores a invadirem hospitais.
Há poucos dias, fomos surpreendidos com a prisão de Fabrício Queiroz,
ex-assessor da família e apontado como operador de um esquema de desvio de
dinheiro público instalado no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do
presidente, quando este era deputado estadual.
A prisão se deu na casa do advogado de Bolsonaro, Frederik Wassef, frequentador
assíduo do Palácio do Planalto e defensor de Flávio no processo que investiga os
desvios. Após o escândalo, foi destituído da defesa. A família então tentou
minimizar a proximidade com o advogado, que já chegou a declarar que ele e o
presidente eram uma pessoa só.
Bolsonaro merece entrar para a história pela façanha de ter reunido em um único
indivíduo todos os defeitos de seus antecessores, mas nenhuma de suas virtudes.
Aquele que transformou o Palácio do Planalto em uma fábrica de mentiras.
E será lembrado, principalmente, como o responsável pelo morticínio causado pela
covid-19 no Brasil.
Randolfe Rodrigues é senador do estado do Amapá pela Rede Sustentabilidade, é
líder da oposição. Atua no movimento estudantil desde os 13 anos de idade. É
professor, graduado em história, bacharel em direito e mestre em políticas
públicas pela UFC (Universidade Federal do Ceará). Foi deputado estadual por
duas vezes. Em 2010 foi eleito o mais jovem senador daquela legislatura, e foi
reeleito em 2018.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus
autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
<https://www.nexojornal.com.br/colunistas/tribuna/2020/O-pior-presidente-da-hist%C3%B3ria-do-Brasil>
Corroborando a opinião de Randolfe Rodrigues, no final do terceiro ano do
mandato, uma pesquisa Datafolha, com "3.666
pessoas, em 191 cidades", também apontou Bolsonaro como o pior presidente da
república do Brasil:
"Para 48% dos brasileiros, Jair Bolsonaro (PL) é o pior presidente da história
do Brasil. Enquanto 51% dizem que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o melhor
chefe do Executivo brasileiro. Dados são de pesquisa Datafolha realizada de 13 a
16 de dezembro de 2021...."
Um indivíduo que foi eleito por meio de divulgação de mentiras; não escondia que
queria dar golpe de estado; idolatra um dos piores torturadores; fez tudo
possível para dissuadir o povo de receber vacinação, enquanto ria dos que
estavam morrendo de falta de ar; se cercou de um monte corruptos, descartando
todos os que tentavam fazer algo de bom em seu governo ... é difícil entender
como ainda há muita gente persistindo em defendê-lo. Não há mesmo outra
definição que não seja o "pior presidente da história do país".