APOCALIPSE QUASE EXCLUÍDO DA BÍBLIA
06/01/2003 -
Segundo a
Revista Galileu de dezembro/2002, a coleção de textos que conhecemos como Novo
Testamento foi selecionada no ano 363, com exceção do Apocalipse, que só veio a
ser aceito no Concílio de Cartago, em 397. Mas o que me surpreende é ele ter
sido aceito como parte da Bíblia em uma época em que o Império já era cristão.
Nenhum outro livro bíblico foi tão agressivo contra Roma. Só esse escritor teve
a coragem de chamar a capital do mundo de prostituta, o que para os romanos da
época até não seria tão grave, porque as prostitutas eram bem conceituadas no
império; mas na Roma convertida ao Cristianismo isso era muito insultante.
Há textos do livro de Daniel que falam de um reino que se enquadra no Império
Romano. Mas o autor do Apocalipse foi muito mais longe. Após falar de uma
“grande prostituta” que deveria ser condenada, que estava “embriagada com sangue
dos santos”, chamando-a de “mãe das prostituições e abominações da terra”, ele
detalhou: “As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está
assentada”, e depois arrematou: “E a mulher que viste é a grande cidade que
reina sobre os reis da terra.” (Apocalipse, 17).
O que mais teria a dizer o vidente? Estudiosos dizem que Roma era chamada de
“urbes septicolis”, por estar edificada sobre “sete montes”. E que cidade senão
ela reinava “sobre os reis da terra” naqueles dias? João teria visto em seus
sonhos o Império Romano simbolizado por aquele animal sem igual, com sete
cabeças e dez chifres, carregando uma prostituta, coisa tão abominável para os
hebreus, que era a cidade capital do império. Não seria de admirar se o império
convertido ao cristianismo determinasse a destruição de quaisquer exemplares do
livro. Mas o livro, que não foi o único chamado Apocalipse, foi admitido como
verdade divina.
Mais detalhes sobre a figura da besta, veja em
, e
.
Apesar de o
evangelho de Mateus anunciar
a volta de Jesus depois da grande tribulação causada pela destruição de
Jerusalém e a dispersão dos judeus, o apocalipse falta de mais um reino
depois do império romano para depois Jesus voltar. E, embora a história mostre
muito mais depois de Roma, o Apocalipse ainda serve para alimentar a crença no
fim do mundo e na volta de Jesus.
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