"Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei
que está próxima a sua devastação"; “porque haverá então uma tribulação tão
grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais
haverá” ; “Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua
não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão
abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da
terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de
trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à
outra extremidade dos céus". Quando seria isso? Isso tudo deveria
ocorrer antes que morressem todos os que teriam convivido com Jesus.
“E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus
discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que
sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo. Respondeu-lhes Jesus:
Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Porque muitos virão em meu nome, dizendo:
Eu sou o Cristo; a muitos enganarão. E ouvireis falar de guerras e rumores de
guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas
ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra
reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são
o princípio das dores. Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis
odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos hão de se
escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão. Igualmente hão
de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por se multiplicar a
iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas quem perseverar até o fim, esse será
salvo. E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a
todas as nações, e então virá o fim” (Mateus, 24: 3-14). Esse seria o fim do
mundo.
“E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras”.
Quando na história não se ouviu falar de guerras e rumores de guerras?
Considerando a proporção dos povos de hoje com os daquela época, podemos dizer
que temos atualmente menos guerras do que nos dias de Jesus. Seu povo travava
uma guerra após a outra; os povos vizinhos viviam em guerra; os romanos, sob
cujo domínio eles estavam, guerreavam continuamente.
“Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino”.
Nada mais natural naqueles dias, em que grande parte dos reinos da Europa podiam não estar
uns contra os outros, porque estavam sob o jugo de Roma. Hoje o número de
nações contra outras é proporcionalmente muito menor.
“e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são o
princípio das dores.”
Em que fase da história não houve terremotos? Hoje não deve haver mais do que
naqueles dias. A diferença é que naqueles dias não havia notícia global
instantânea como hoje, e pouco se ficava sabendo dos acontecimentos. Fome até
pode haver mais hoje, porque o mundo está superpovoado.
“Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as
nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e
trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.”
Isso era muito comum naqueles dias. Não era coisa do futuro. Hoje há até menos
perseguição aos religiosos. E, em todos os tempos, religiosos foram perseguidos
por outros religiosos. Ademais, as perseguições de cristãos por romanos
não são confirmadas por
análises históricas.
“Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por
se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.”
Aí também, nada de novidade. Profetas eram uma classe abundante naquele tempo,
em maior proporção do que hoje. Iniquidade é pecado, ou seja, tudo que no
conceito religioso estiver contra a vontade divina. Isso se multiplica em
proporção à população. Se o “amor” referido for a religiosidade, podemos dizer
que se tenha esfriado mesmo. Diante de tantas provas científicas das falhas
bíblicas, não poderia ocorrer outra coisa. Esse foi o ponto mais
estratégico do criador do evangelho. Percebeu que, a qualquer tempo
que a igreja começasse a perder adeptos, uma parte ficaria mais crente
acreditando que estivesse chegando ao fim previsto, e a possibilidade de
arrebanhar novos fiéis seria grande. É o argumento que vemos hoje,
quando a religião está definhando irreversivelmente.
“Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. E este evangelho do reino será
pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”
Parece não haver dúvida de que não haja hoje uma nação onde nunca se tenha
ouvido falar do Cristianismo. Então, o fim deveria ter vindo mesmo. Passemos
agora para fatos mais específicos.
A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM E A DIÁSPORA
“Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita
pelo profeta Daniel (quem lê, entenda)” (V. 15).
Para não restar dúvida de que esse texto se refere ao cerco e destruição da
cidade santa, Jerusalém, basta ler o relato de Lucas: "Quando, pois virdes
Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas,
21: 20). É bom lembrar que esses evangelhos foram escritos após a destruição da
cidade, isto é, a predição foi relatada após o fato.
“então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver no eirado
não desça para tirar as coisas de sua casa, e quem estiver no campo não volte
atrás para apanhar a sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que
amamentarem naqueles dias!” (Mateus, 24: 16-19).
Essas palavras dispensam comentários. Diante de um exército como o romano, só
mesmo a fuga mais rápida poderia ter algum êxito.
“Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado” (v. 20).
O inverno tornaria a fuga mais penosa, e talvez o sábado complicasse um pouco
também devido aos rituais do dia.
“porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o
princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (v. 21).
É a repetição do texto de Daniel: “e haverá um tempo de tribulação, qual nunca
houve, desde que existiu nação até aquele tempo” (Daniel, 12: 1). Note-se que
essa tribulação não poderia repetir-se, como está escrito: “um tempo”, não dois,
“qual nunca houve... nem haverá jamais”. Não obstante, muitos estão ainda
aguardando grande tribulação.
“E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos
escolhidos serão abreviados aqueles dias” (v. 22).
Aí está a maior questão: o tempo. Quanto tempo seria? O homem vestido de linho
teria dito, na presença de Daniel: “Um tempo, dois tempos e metade de um tempo.
E quando acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se
cumprirão”. (Daniel, 12: 7). Esse tempo é mencionado no Apocalipse como três
anos e meio: “por quarenta e dois meses, calcarão a pés a cidade santa”
(Apocalipse, 11: 12) e “mil duzentos e sessenta dias” (Apocalipse, 12: 6).
Afirmam muitos intérpretes que cada dia correspondia a um ano. Mil duzentos e
sessenta dias literalmente seria um período insignificante. Todos sabemos que a
dispersão e perseguição aos judeus durou séculos. Seria então mesmo mil duzentos
e sessenta anos? Jesus teria dito que alguns de seus companheiros ainda estariam
vivos por ocasião de sua volta (Mateus 16:28), o que indicaria um período bem
curto. Mas, não levando isso em consideração, admitindo um ano por um dia,
ainda seria um tempo que já ficou para trás há séculos. Os judeus só vieram a se reunir como
um estado quase mil e novecentos anos depois. Então, aqueles dias não foram
abreviados como predito (Mateus, 24:22), mas foram exageradamente estendidos.
“Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não
acrediteis; porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão
grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os
escolhidos. Eis que de antemão vo-lo tenho dito” (v. 23-25).
Profetas sempre surgiram. Cristos, coisa muito rara. Recentemente apareceu
aquele que disse ser a reencarnação de Jesus Cristo.
“Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que
ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai
do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do
homem” (v. 26, 27).
Se o mundo fosse plano e quadrado como se cria naqueles dias, isso seria
possível. Mas a realidade é que o que puder ser visto de um lado do globo não o
pode ser do outro lado ao mesmo tempo. Outro engano aí mostrado é que
eles, em seu mundo restrito, pensavam que um relâmpago fosse visto no mundo
inteiro. Sabemos muito bem que não; um relâmpago que ocorrer em Israel não
e visto no país vizinho, a não ser que ocorra próximo à fronteira.
Vê-se aí o quanto estava enganado
quem inventou essas palavras.
“Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará
a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e
grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os
quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra
extremidade dos céus. Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já
o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo
às portas” (Mateus, 24: 29-33).
O Sol deverá um dia esgotar sua energia e perder a sua luz; entretanto esse
tempo se conta em bilhões de anos. Agora, as estrelas caírem do céu é coisa para
aquele tempo, em que se pensava que elas fossem aqueles minúsculas bolinhas
brilhantes como vemos. Hoje se sabe que um pequena estrela tem milhares de vezes
o tamanho da Terra, o que torna impraticável tal acidente astronômico. Se o sol
continua com seu brilho, as estrelas não têm como cair pela terra, poderíamos
esperar o restante dos fatos anunciados?
“Em verdade vos digo", teria dito Jesus, "que não passará esta geração sem que todas essas coisas
se cumpram” (v. 34). Isso é que já tinha dito em outra ocasião, com
outras palavras, que não deixam dúvida quanto à brevidade dos acontecimentos
preditos: "Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui
estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino."
(Mateus 16:28) Quantas gerações já passaram? Não aconteceram todas
essas coisas. E ainda tem muita gente acreditando que essas coisas irão se
cumprir.
Atualmente, vários grupos religiosos aguardam a grande tribulação. Mas, conforme
esclarecido acima, ela está no passado e não pode repetir-se. Passou muito
mais do que o tempo predito, os fenômenos astronômicos não se deram, como nem é
possível ocorrerem. O curioso é que tanta gente ainda acha que tudo isso virá a acontecer.
A fé é cega e surda. O fim simplesmente não aconteceu como predito,
e os crentes não percebem.