OS TEMPOS DOS GENTIOS
27/11/2002
"Porque nesse tempo haverá grande
tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem
haverá jamais". "E até que os tempos dos gentios se completem,
Jerusalém será pisada por eles". "Estes por quarenta e dois meses
calcarão aos pés a cidade santa.". O que significa tempos dos gentios?
Que época será? Ou melhor, que época seria?
"Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta
Daniel no lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, porém,
virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua
devastação" (Lucas, 21: 20).
"...e haverá um tempo de angústia tal qual nunca houve desde que houve
nação até aquele tempo" (Daniel 12: 1). "Porque nesse tempo haverá grande
tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem
haverá jamais" (Mateus, 24: 21).
"Depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado, e posta a
abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias" (Daniel 12:
11). "E até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada
por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses
calcarão aos pés a cidade santa. " (Apocalipse, 11: 2).
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não
dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus
serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos
da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com
poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta,
os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31).
"Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com
estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as
obras que nela existem serão atingidas." (2 S. Pedro, 3: 10).
Os versos bíblicos acima mencionados constituem uma cronologia profética bem
definida. No entanto, várias interpretações existem a respeito dos
acontecimentos que lhe dão cumprimento, não obstante chocarem-se com tais
predições em muitos pormenores.
Um dos atuais intérpretes escreveu sobre esse tempo:
“É fato histórico a queda de Jerusalém no ano 70 A.D., quando os judeus
perderam o controle dela totalmente. Depois disso, eles se espalharam pelas
nações, e, até o dia 6 de junho de 1967, a cidade esteve nas mãos de autoridades
não-judaicas, isto é, de povos gentios. Nessa data, em 1967, a velha cidade
santa voltou às mãos dos judeus, e, na opinião da maioria dos estudiosos da
Bíblia, foi encerrada então uma era (o tempo dos gentios)." (William R.
Goetz, em Apocalipse Já, pág. 175).
O mesmo autor, no mesmo livro, falando sobre a pregação universal do evangelho
disse:
"Outra interpretação é a de que essa pregação mundial será feita pelos
144.000 evangelistas judeus, selados por Deus para pregar o evangelho durante o
período da Tribulação - depois que a Igreja já tiver sido arrebatada."
(Idem, pág. 178).
Os textos bíblicos citados, todavia, nos mostram que o TEMPO DOS GENTIOS (Lucas
21: 24) ou TEMPO DE ANGÚSTIA (Daniel 12: 1) ou GRANDE TRIBULAÇÃO (Mateus 24:
21), quando os gentios deveriam calcar AOS PÉS A CIDADE SANTA (Apocalipse 11: 2)
é único, não podendo ser uma era encerrada (Apocalipse Já, pág. 175) e ao mesmo
tempo estar no futuro (Idem, pág. 178). o livro de Daniel não fala de DOIS
tempos de angústia, mas UM tempo de angústia tal qual nunca houve (Daniel 12: 1)
As palavras em Mateus, 24: 21, são por demais claras em afirmar que tempo
igual "nunca houve" antes “nem haverá jamais". O que mais faltaria alguém
dizer para provar que não pode haver outra "GRANDE TRIBULAÇÃO"?
E quanto ao tempo? Talvez seja essa a razão do esforço em duplicar o tempo ou
considerá-lo como duas coisas diferentes, para não admitir que as datas
proféticas falharam. Mas o autor do livro coloca uma grande dificuldade em
sua própria interpretação ao afirmar que em 1967 "foi encerrada então uma era
(o tempo dos gentios)" (Pág. 175).
Quanto tempo deveria durar a era chamada de TEMPOS DOS GENTIOS?
Os textos bíblicos respondem com meridiana clareza: "Até que os tempos dos
gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas 21: 24).
"...gentios; estes por quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa."
(Apocalipse, 11: 2).
Quanto tempo durou o tempo dos gentios mencionado no livro Apocalipse Já?
O intérprete ainda afirma:
“Esta profecia foi cumprida parcialmente no ano 70, quando os exércitos
romanos destruíram o templo que nunca mais foi reconstruído até os dias de hoje.
Mas lembremos que muitas profecias possuem uma referência dupla. É óbvio que
esta é uma delas, pois quando Jesus afirma: "não tivessem aqueles dias sido
abreviados, e ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias
serão abreviados" (v.22), está comentando fatos que só podem aplicar-se à
tribulação dos últimos dias" (Apocalipse Já, pág. 123).
Após partirem as setenta semanas de Daniel, 9: 24 a 27, duplicam o
tempo de angústia, que, conforme nos informa o texto em Mateus, é irrepetível
(Mateus 24: 21).
A queda de Jerusalém, como diz o autor do livro, foi no ano “70 A.D.". A era foi
encerrada, segundo o mesmo autor, em "1967".
Portanto, foram mil oitocentos e noventa e sete anos. Quão falha se mostra a
profecia, se encarada do ponto de vista de tal intérprete! Está escrito que
"tais dias serão abreviados" (Mateus 24: 22). No entanto, à luz dessa
interpretação, tais dias, ao contrário, foram extremamente prorrogados, uma vez
que foi separado em duas partes, uma com dezenove séculos, quando o tempo
inteiro deveria durar menos que treze (Daniel 12: 1; Mateus 24: 15 a 20;
Lucas 21: 20 a 23; Apocalipse 11: 2).
Ainda na página 123, confunde o escritor o chamado "dia do Senhor" com o
"período da grande tribulação", dizendo que os "crentes de Tessalônica... em
vista das dificuldades por que estavam passando, começaram a achar que a volta
de Cristo já se havia dado, mas eles tinha ficado, e que o que estavam vivendo
era o dia do Senhor - o período de grande tribulação."
“O dia do Senhor vem como ladrão de noite" (1 Tessalonicenses, 5: 2). Mas o
que é que vem como ladrão? O tempo dos gentios pisarem Jerusalém ou a volta de
Cristo?
Está escrito: "Se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão,
vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso ficai também
vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá"
(Mateus 24: 43 e 44). Não a grande tribulação, mas a "vinda do Filho do homem" (vers.
37), que seria a volta de Jesus. Leia dos versos 29 a 44, e verá mais claramente
o que é o "dia do Senhor".
Veja mais: "O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, ANTES que
venha o grande e glorioso dia do Senhor" (Atos 2: 20).
Veja agora em Mateus 24: 15 a 31, onde ninguém pode negar que o escurecimento
do sol deveria vir "DEPOIS da tribulação daqueles dias" (vers. 29) e "ANTES
que venha o dia do Senhor" (Atos 2: 20). Uma mesma coisa não pode, ao mesmo
tempo estar antes e depois de outra, quando ela não puder se repetir (Releia
Mateus 24: 21).
A expressão “dia do Senhor” é usada como o tempo do julgamento divino, mas não
se aplica ao período dos gentios. Esse é o tempo em que a besta deveria
prevalecer contra os santos, porém não é o dia do Senhor, ou do juízo divino.
A grande tribulação viria primeiro, depois o escurecimento do
sol e da lua (Mateus 24: 29 a 31), que viriam "antes que venha o grande e
glorioso dia do Senhor" (Atos 2: 20), não podendo, destarte, de forma
alguma, o período de grande tribulação ser o dia do Senhor; nem jamais poderia
Cristo vir primeiro e depois a grande tribulação; porquanto é "depois da
tribulação daqueles dias" que deveriam ocorrer o escurecimento do sol e da lua
e, ainda posteriormente, a vinda do filho do homem (Mateus, 24: 29 a 31; Atos 2:
20).
Outro ponto mais contraditório é a afirmação: "durante o período da Tribulação -
depois que a Igreja já tiver sido arrebatada." (Idem, pág. 178). Em nenhum lugar
nos evangelhos há menção de arrebatamento de cristãos antes da grande
tribulação, mas o texto promete busca dos escolhidos "logo
DEPOIS da
tribulação".
Outro intérprete também disse:
"O modo de Deus agir no passado mostra claramente que a Igreja não estará
neste mundo durante a Grande Tribulação, mas será tirada antes" (Abraão de
Almeida, em Deus Revela O Futuro, pág. 63).
Note-se que na visão de Daniel o poder assolador "fazia guerra
contra os santos,
e prevalecia contra eles" (Daniel 7: 21); e no apocalipse são chamados de
"santos" aqueles "que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus"
(Apocalipse 14: 12).
Se perguntarmos a um crente de qualquer uma igreja quem são os que guardam os
mandamentos de Deus e a fé de Jesus, ele não hesitará em dizer que são os
membros da sua igreja; e o evangelho não diz que Jesus prometeu arrebatamento
de seus seguidores, mas que ele mandou que fugissem quando o assolador começasse
a se manifestar (Mateus 24: 15 a 21).
O autor do livro Deus revela o Futuro, na pág. 63, cita a proteção de Deus a Noé
e sua família por ocasião do dilúvio e de Ló e seus familiares quando da
destruição de Sodoma. Outro equívoco; pois está escrito que Cristo disse que
"assim como foi nos dias de Noé, também será", não na grande tribulação, mas "na
vinda do filho do homem" (Mateus, 24: 37).
Na confusão de sua interpretação, o autor de Apocalipse Já faz outra afirmação
mais destituída de sentido:
"Depois, na principal parte da resposta, o Senhor fala que o povo de Israel
está voltando à terra da Palestina (Mt. 24.16), e o templo está reconstruído
(24.15), e até mesmo com a restauração dos antigos rituais da adoração a Deus
(24.20) - após, naturalmente, a longa dispersão mundial" (página 83).
Note o leitor que o texto bíblico não contém qualquer palavra com o sentido de
VOLTAR, mas se refere à destruição de Jerusalém, já ocorrida quase dois mil anos
atrás (Compare Mateus, 24: 15 a 21 com Lucas, 21: 20 a 24 e Apocalipse, 11: 2).
Para entender melhor a seqüência ininterrupta dos fatos, leia o capítulo “A
ÚLTIMA SEMANA DE DANIEL – SETENTA SEMANAS”.
Outra interpretação, também confusa, diz:
"Em 538, o poder X estabeleceu seu domínio universal, empunhando doravante
não só o cetro espiritual, mas também o temporal. Contados desde então, 1260
anos, terminam em 1798. E cumpriu-se a profecia? Cessou então a supremacia da
potência em questão e sua atividade perseguidora? Sim. Em 1798, os republicanos
franceses entraram em Roma, republicanizaram-na, aprisionaram o representante da
igreja X e o exilaram. Assim teve o cumprimento a profecia que diz "E vi uma de
suas cabeças ferida de morte" (Apocalipse, 13:3). A cabeça ferida foi a sétima."
(Alfons Balbach, em Os Grandes Fatos e Problemas do Mundo, pág. 69).
A predição foi: "depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado e
posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias"
(Daniel, 12:11) e noutros lugares disse que seria de "quarenta e dois meses" ou
"um tempo, dois tempos e metade de um tempo" ou "mil duzentos e sessenta dias"
(Daniel 7: 25; 12: 7; Apocalipse 13:5; 11: 2; 12: 14 e 3).
Na visão cristã se entende que, o sacrifício de Cristo aboliu o sacrifício
costumado e cerca de trinta anos depois começou o período chamado de "tempos dos
gentios", devendo se contar os mil e duzentos e sessenta dias (anos) a partir
dali e não do Século VI ou ainda no futuro. A diferença entre os mil duzentos e
noventa dias de Daniel 12: 11 para os mil e duzentos e sessenta dias das demais
menções de tal período deve ficar por conta do espaço entre a última semana, em
cuja metade seria tirado o sacrifício (Morte de Cristo) e o começo do cerco de
Jerusalém.
Além da divergência cronológica, os adeptos desta última interpretação, à
semelhança dos anteriores, aguardam um "tempo de angústia tal qual nunca houve";
época em que, segundo eles, as igrejas unidas vão mover severa perseguição
contra os guardadores do sábado, e em favor da imposição da guarda do domingo,
que eles dizem ser o “sinal da besta” (Apocalipse, 13: 16 e 17).
Cada intérprete que surge coloca o fim em seus dias. Mas, à medida que o tempo
avança, tornam-se necessárias novas interpretações, que prorroguem os tempos
indicados. Cada um vê em seus dias fatos que se encaixam com exatidão aos
números proféticos; todavia, em questão de pouco tempo, seus números são
ultrapassados, ocasionando isso outra onda de interpretações ajustando as
predições em outros fatos que, por sua vez, parecem ser os reais cumpridores das
profecias. Exemplos de dados numéricos é o que vemos no capítulo sobre
FATO IMPORTANTE: O evangelista escreveu o texto sobre o
sermão profético de Jesus muitos anos depois de sua morte, quando Jerusalém já
havia sido destruída pelos romanos. Já devia existir o capítulo 12 de Daniel, o
único que fala de "mil duzentos e noventa dias", somando trinta aos mil duzentos
e sessenta mencionados em outros lugares, sendo esses trinta relativos aos mais
ou menos trinta anos entre a crucifixão de Jesus e o cerco de Jerusalém. O
escritor certamente cria que, após o período de dispersão dos judeus, haveria o
escurecimento do sol e da lua e, como imaginavam que as estrelas fossem pequenos
pontinhos luminosos no céu, haveria um "celemoto" (mais apropriado do que
terremoto no céu), as estrelas iriam cair pela terra "como a figueira,
quando abalada por vento forte, deixa cair seus figos verdes". Mas o tempo
passou, descobrimos que
é impossível as estrelas caírem aqui,
e ninguém apareceu nas nuvens. No entanto, ainda há muitos cristãos pregando por
aí que tudo isso irá acontecer.
Mas os fatos referidos pelo livro de
Daniel, na realidade eram ao período de tribulação dos judeus sob o domínio de
Antíoco IV, e o ungido "cortado", não morto, era o sacerdote Onias, que foi
destituído do cargo e substituído por outro sacerdote destinado a fazer as
coisas conforme as determinações de Antíoco. Aí é que o assolador fez
"cessar o sacrifício e a oferta pelos pecados", tirando de Onias esse serviço.
Os escritos cristãos simplesmente procuram enquadrar aqueles fatos a outros, e
os cristãos dos séculos posteriores os enquadram a fatos de seus dias. E a
história segue e esse Jesus, que é um simples mito, nunca aparece nas nuvens
como eles pensam.
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