O judaísmo, com seu conto de povo escolhido por Yavé, não deu
o domínio do mundo aos judeus, mas o cristianismo, originado deles, conseguiu
dominar quase todo o globo. E bilhões de pessoas aguardam hoje o retorno do
Jesus de Nazaré.
A história religiosa mais conhecida em todo o mundo atualmente diz que um homem
de Ur dos Caldeus, chamado Abrão, foi escolhido por Yavé, o único deus
verdadeiro, e seus descendentes formaram uma grande nação: Abrão, que teve o
nome mudado para Abraão, gerou Isaque, que gerou Jacó, e este gerou doze filhos
que, vivendo no Egito, formaram doze tribos assaz numerosas. Os filhos de Israel
(novo nome de Jacó) foram libertados por Moisés, um patriarca miraculoso que
abriu o mar para a passagem de cerca de dois milhões de israelitas. Esses
peregrinaram quarenta anos no deserto e chegaram à terra que seu deus prometera.
Depois de formarem um próspero reino, caíram sob o poder de outros povos,
assírios, babilônios, medo-persas, gregos e romanos. Mas Yavé prometeu um
libertador, que poria fim a todos esses sofrimentos eliminando o poder opressor
para sempre.
Nos dias romanos, entre os que diziam ser o messias prometido, surgiu Jesus de
Nazaré, que o Novo Testamento afirma ter sido morto e ressuscitado e retornará
para estabelecer o reino eterno.
Hoje, análises arqueológicas, históricas e filológicas revelam que a história
contada até a época em que os israelitas caíram sob os assírios é uma mistura de
várias lendas, segundo o arqueólogo israelense Israel Finkelstein, diretor do
Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv e autor do livro The Bible
Unearthed (A Bíblia desenterrada, inédito no Brasil), publicado em 2001. Veja-se
.
O profeta Miquéias predisse um ungido que iria libertar os israelitas do domínio
da Assíria (Miquéias, 5: 2-15). Isso não ocorreu, mas os judeus passaram a
esperar indefinidamente seu surgimento. Mais de seiscentos anos depois da época
em que deveria surgir o tal "messias", quando os hebreus estavam sob o domínio
romano, entre os vários que se diziam o referido salvador, diz-se que houve Jesus de
Nazaré, que, como os outros, foi executado pelo poder romano. Os seguidores de
Jesus passaram a pregar ao mundo que ele ressuscitara no terceiro dia após sua
execução e prometera retornar um dia para estabelecer o esperado reino. Os
cristão começaram a pregar a submissão e a espera do "dia do senhor" (grego kiriakh emera = kiriake emera), em que os poderes terrenos seriam subjugados e o
povo de Deus recompensado de todas as agruras sofridas pela fé (Ver
).
Segundo a tradição cristã, o velho João, o discípulo amado de Jesus, próximo ao
ano 100, vivendo no período por eles denominado de "tempo dos gentios", sofreu o
exílio na Ilha de Patmos.
Em seu cárcere marítimo, as visões de João eram assustadoras e ao mesmo tempo
animadoras. Sua rica simbologia mostrava o Império Romano (terrível animal de
sete cabeças e dez chifres) e um seu sucessor (touro com chifres de cordeiro)
executando a "grande tribulação", período já iniciado com o cerco e a destruição
de Jerusalém, e depois derrotados pelo "Cordeiro de Deus", Jesus Cristo, o
Salvador.
Não obstante dizimados pela espada, lançados aos leões, crucificados e sofrendo
outros tipos cruéis de morte, os cristãos se multiplicaram, e o Cristianismo foi
tão convincente, que conseguiu a conversão do imperador romano no quarto século
de sua história.
Parece até que poderia ter resultado em um mundo melhor, se a filosofia de vida
cristã fosse seguida. Mas a fusão da besta com o cordeiro foi mais catastrófica
para o mundo do que os dominantes anteriores. O cristianismo romano tornou-se a
maior e mais sangüinária religião do mundo. Doravante, quem se opusesse às
"verdades" divinas da igreja dominante quase sempre era queimado lentamente nas
santas fogueiras ou sucumbia sob outros aperfeiçoados modelos de tortura.
O Pontifex Máximus da igreja, chamado sucessor de São Pedro, recebeu o título de
"VICARIUS FILII DEI" = Representante do Filho de Deus (‘Beatus Petrus in terris
vicarius filii Dei videtur esse constitutus’ - Decretum Gratiani, prima pars.,
dist. 96.” Idem pág. 150), cujas letras com valor em algarismo romano somam 666,
número também encontrado no nome do imperador romano Nero, que dizem ter inicado a
perseguição que culminou no cerco e destruição de Jerusalém (Veja
). O número
ser encontrado no nome do papa é mais um importante ponto em favor da fé dos que
crêem ser a igreja romana a besta vista por João.
No fim da tenebrosa Idade Média, apoiados por governantes cansados da submissão
à igreja romana, os protestantes ganharam força, surgindo as várias novas
igrejas cristãs, expurgadoras das imundícies introduzidas no cristianismo,
segundo seus próprios pontos de vista.
Fortalecidos, os novos cristãos revidaram muitas vezes com seus ataques
mortíferos, cometendo barbaridades parecidas com as da igreja chamada de
apóstata, e o mundo passou a conhecer várias verdades divinas a digladiarem por
um lugar junto ao cordeiro.
Hoje, há muito, se fala em ecumenismo, há várias tentativas de restabelecer a
união cristã, entretanto as religiões ainda são a maior causa de guerras do
planeta. O embate Islamismo-Cristianismo é preocupante. Mas guerra intracristã
norte-irlandesa parece superar a capacidade diplomática da ONU.
E quase todos vivem falando em besta do apocalipse. Napoleão, Hitler, Saddan
Hussein, Osama Bin Laden, até Boris Yeltsin e Bill Gates já foram vistos como a
besta do apocalipse. As datas marcadas passam sem que nada aconteça como
previsto, e novas datas são apontadas.
Qualquer religião que conseguisse dominar o poder político se tornaria uma besta
do tipo apocalíptico. Mas espero que isso não venha a acontecer novamente. Não
obstante ainda haja bilhões de pessoas acreditando nesse predito futuro, espero
que um dia o conhecimento predomine.