POR QUE SE CRÊ MAIS ATUALMENTE EM
JESUS DO QUE EM OUTRAS DIVINDADES
Muitas vezes pessoas
dizem que, se o cristianismo não tivesse a verdade, o mundo não teria aceitado
Jesus, enquanto outras divindades vão desaparecendo. Mas, o que parece não
perceberem é que, conforme nos mostra a história, o mundo não aceitou Jesus, mas
Jesus foi imposto ao mundo com extrema violência.
É provável que, naquele tempo em que era comum judeus tentarem libertar seu povo
dos romanos e serem executados, o herói que fundamentou o cristianismo, após se ver sem saída e na iminência de ser morto pelos
romanos, porém crendo na doutrina da ressurreição dos mortos, doutrina
incorporada pelos judeus na Babilônia e na Pérsia, tenha dito aos
seus companheiros que retornaria quando ressuscitado por Yavé para derrotar os
romanos e estabelecer o tão sonhado reino eterno, que os profetas haviam
prometido aos Judeus desde os tempos da Assíria.
Morto Jesus - é provável que seu nome fosse outro -, seus seguidores, crendo que ele seria ressuscitado, devem ter
passado a pregar às outras pessoas que Jesus teria sido ressuscitado pelo deus Yavé e breve retornaria para ressuscitar a todos que cressem nele para formar o
reino eterno. Talvez, inicialmente, até tenha pregado que sua ressurreição ainda
iria ocorrer, e, posteriormente, tenham passado a pregar que ela já tivesse
ocorrido; pois nenhum historiador daqueles dias fez qualquer referência a um
grupo que dissesse que seu líder morto tivesse ressuscitado. Em epístolas de Paulo, vemos que ele esperava que Jesus retornasse
antes mesmo de sua morte (I Coríntios, 15: 51, 52; I Tessalonicenses, 4: 17).
Como levantarem-se pessoas contra os romanos e serem executadas era coisa bem
banal naqueles dias, os historiadores da época não devem nem ter dado atenção a
mais essa execução, ou Jesus (Yeshua) pode ter sido um nome inventado para algum
dos executados. Todavia, a doutrina da ressurreição de Jesus e de seus
seguidores deve ter ido crescendo e aumentando os adeptos; e, à medida que o
fato ficava mais distante, os contos a respeito de Jesus iam ficando mais
elaborados, e foram surgindo os milagres de curas, ressurreições, etc. É claro
que, se houvesse alguém capaz de fazer um aleijado se tornar normal e um cego
enxergar, isso não iria passar sem que ninguém percebesse como nos mostra a
falta de registros anteriormente aos evangelhos. Muito menos poderiam ocorrer
ressurreições sem haver um grande tumulto que chegasse ao conhecimento de muita
gente. Se Filon de Alexandria viveu nos dias de Jesus e nunca escreveu uma
linha falando sobre Jesus e seus feitos, bem como outros historiadores da época
nada disseram, isso só nos leva à certeza de que esse feitos são lendas.
Outrossim, como poderia ter ocorrido três horas de escuridão e ninguém além
dos cristãos ter tomado conhecimento? Se qualquer eclipse solar, que é um
fenômeno comum, era registrado, três horas de escuridão, algo incomum, iria
ficar fora da história?
“Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) — Um dos mais famosos autores romanos sobre
ética, filosofia e moral e um cientista que registrou eclipses e terremotos.
As cartas que teria trocado com Paulo se revelaram uma fraude, mais tarde.
Plínio, o velho (23 d.C. – 79 d.C.) — História natural. Escreveu 37
livros sobre eventos como terremotos, eclipses e tratamentos médicos” (Lee
Salisbury, Jesus: o incômodo silêncio da História).
Poderia ocorrer tal evento tão excepcional e nenhum desses dois autores tomar
conhecimento? Além disso, três horas de escuridão seria um fenômeno
visto em mais da metade do mundo. E o mundo nada viu disso. Só o
grupo cristão disse ter visto.
Algumas décadas após a execução desse herói, algumas pessoas escreveram dezenas
dos chamados evangelhos. Eles eram extremamente contraditórios, vindos das
várias correntes doutrinárias cristãs. Entre os poucos textos selecionados
posteriormente pela igreja romana para comporem o novo testamento, sendo os mais
harmônicos, ainda há muitas divergências. Exemplo de divergência cristã pode ser
visto na justificação pela fé ou pelas obras comentadas divergentemente por
Paulo e Tiago. Só os cristãos não percebem que o que têm como "a verdade" é o
conjunto dos pontos de vista do grupo dominante.
Os evangelhos dizem: "Assim a sua fama correu por toda a Síria; e
trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos,
os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou" (Mateus,
4: 24). "E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia" (Lucas,
1: 28). "A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões
se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades" (Lucas, 5:
15). Todavia, ninguém dos historiadores dos seus dias nada registrou sobre ele.
Não poderia uma pessoa ficar tão famosa e ao mesmo tempo desconhecida dos
historiadores da época.
Os primeiros historiadores judeus e romanos a falarem do cristianismo nasceram
depois da época dada como da execução de Jesus e escreveram o que ouviram de
outros. "A fé cristã se fortaleceu no decorrer dos últimos vinte séculos não
por se constituir em um impecável museu de relíquias capazes de narrar de forma
coerente e incontestável a história de Jesus. A fé cristã se enriqueceu da
adversidade e construiu uma vigorosa verdade teológica apesar das falhas
gritantes dos registros históricos sobre o homem que mandou o apóstolo Pedro
construir a sua Igreja. Sua passagem terrestre, no entanto, deitou sobre o tempo
histórico marcas muito tênues. Fora os Evangelhos, textos sagrados do
cristianismo, a figura de Jesus aparece citada apenas de forma cifrada ou
pouco clara em obras escritas dezenas de anos depois de sua morte. Por essa
razão, as raras descobertas arqueológicas que iluminam o período histórico de
Jesus na Palestina são recebidas com grande curiosidade pelos estudiosos"
(Veja, 15 de dezembro/2004, pág. 104.
Entre as inúmeros contradições do cristianismo que encontramos nos seus textos
sagrados, além da primeira crença, a de Paulo, de que Jesus retornaria naqueles
dias, mais três idéias diferente sobre o fim do mundo de pecados aparecem no
Novo Testamento: Os evangelhos de Mateus e Lucas falam da destruição de
Jerusalém pelos romanos como sendo o início da grande tribulação predita pelo
profeta Daniel (Ver
OS TEMPOS DOS GENTIOS) e afirmam que, passado aquele período difícil,
Jesus estaria retornando para buscar seus escolhidos e estabelecer o reino
divino. O apocalipse já fala do império romano como a besta de sete cabeças
e dez chifres, mas apresenta ainda um outro poder seguinte representado por uma
besta semelhante a touro com chifres de cordeiro antes do estabelecimento do
reino de Jesus. São Pedro já disse que um dia iria haver um grande estrondo,
e o mundo seria destruído pelo fogo, assim como, segundo eles criam, já havia
sido destruído por água.
Para ver como os cristãos usaram o velho testamento para tornar Jesus o messias,
leia
O MESSIAS DE BELÉM NUNCA EXISTIU NEM PODERÁ EXISTIR.
Como alguns séculos depois o imperador romano se converteu ao cristianismo, este
foi unificado segundo a doutrina prevalente em Roma, e todos as correntes
divergentes foram extintas; isso é o que os estudiosos constatam dos registros
encontrados, apesar de a igreja ter tentado destruir todos os escritos e
qualquer outra coisa que fosse contrária à linha cristã de Roma.
Os cristãos clandestinos, aqueles que divergiam do cristianismo romano, devem
ter firmado muito sua fé nas afirmações de que Roma era a prostituta montada na
besta e o cristianismo romano deve ter passado a ser visto como a besta pelos
dissidentes. E é isso mesmo que diz o Apocalipse: a mulher é a "cidade que reina
sobre os reis da Terra", cidade edificada sobre "sete montes". Não há como
negar. Talvez a besta semelhante a touro com chifres de cordeiro no apocalipse
tenha derivado da visão de alguém que já procurava combater o cristianismo
romano. E esse livro chegou a ser rejeitado pela igreja, vindo posteriormente a
ser aceito para fazer parte da Bíblia. A existência dos vários chamados
apócrifos, que nada mais são do que posições de partes do cristianismo daqueles
dias, nos dá um claro testemunho de que a chamada "verdade" é o pensamento da
ala cristã que se sobrepôs às outras.
Quanto às profecias de Daniel, é bom ler o artigo
O FIM: ANTÍOCO EPÍFANES, IMPÉRIO ROMANO, OUTRO PODER FUTURO.
A Idade Média, período em que a Igreja tinha poder sobre os reis da Europa, foi
um tempo de terror. Quaisquer divergências eram eliminadas com prisão,
tortura e morte.
No final da Idade Média, surgiram os protestantes, que conseguiram enfraquecer o
Catolicismo, porém fortaleceram a crença em Jesus e na ressurreição dos mortos.
A essa altura, os prodígios de Jesus já eram cristalizados como fatos
incontestáveis pelos fiéis.
No final da Idade Média, quando o mundo europeu se dividia entre cristãos
católicos e cristãos protestantes, alguns desses países criaram impérios que
abarcaram quase o mundo inteiro. Entraram no continente africano
escravizando e impondo a chamada verdade pela espada; descobriram as Américas,
eliminaram nações e impuseram a fé cristã aos poucos que sobreviveram; avançaram pela
Ásia e chegaram à Oceania completando a obra de catequização do mundo.
O Islamismo tentou se impor em muitos
lugares, conseguindo em alguns, e até hoje dominam países onde a negação de sua
fé pode ser punida com a morte; mas avançou menos do que o Cristianismo.
Atualmente há milhares de ramos cristãos, e todos eles têm suas maneiras de
explicar a doutrina e justificar por que Jesus ainda não veio, cada um como o
dono da verdade e negando a verdade dos outros. Há até aqueles que dizem que a
volta de Jesus é apenas figurada; mas seus argumentos não têm convencido muita
gente. Eles são uns poucos milhares no mundo. O catolicismo, mesmo tendo
perdido o poder medieval, ainda é a ala cristã mais populosa do mundo, embora
tenha perdido terreno constantemente para os protestantes, que se dividiram em
numerosos ramos, e até para o islamismo.
Os iluministas previram que à medida que o conhecimento fosse mais disseminado
no mundo, a religião estaria em decadência, e essa decadência veio a aparecer de
forma bem mais lenta do que esperado; todavia vem acelerando constantemente.
Hoje, as pessoas que persistem em pregar
o Cristianismo alegam que as divindades dos povos antigos desapareceram e Jesus
foi reconhecido quase pelo mundo inteiro, porque
a verdade está com o deus judaico-cristão. Todavia, o que ocorreu foi a
prevalência do poder europeu sobre o mundo depois que esses países já estava
cristianizados pela Igreja que os dominou por séculos. O mundo não aceitou
espontaneamente Jesus, mas Jesus foi imposto violentamente a quase todas as
nações da Terra.
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