TERCEIRA GUERRA JUDAICO-ROMANA
Data 132–136 (tradicionalmente Tisha B'Av
de 135);
Local Província da Judeia
Desfecho Vitória romana. Romanos
escravizaram muitos judeus da Judeia, massacraram muitos judeus, suprimiram a
religião judaica e autoridade política, baniram os judeus de Jerusalém, e
renomearam Judeia para Síria Palestina.
Combatentes
Há muita incerteza acerca da causa imediata dessa revolta, pois dela só
possuímos documentação esparsa e não-contemporânea (Dião Cássio [1] e Eusébio)
[2], além de algumas descobertas arqueológicas nas grutas dos desertos da
Judeia.
O que se sabe é que ela ocorreu após a viagem do imperador Adriano, pelo
Oriente, entre os anos 130 e 131, ocasião em que ele deixou claro seu propósito
de revitalizar o helenismo enquanto esteio cultural do Império Romano, naquela
região. Entre seus planos estava a reconstrução de Jerusalém como uma cidade
helenística e onde, sobre o monte do templo, seria erguido um santuário dedicado
a Júpiter Capitolino, decisão que feriu os sentimentos religiosos dos judeus.
Este parece ter sido o estopim da revolta na Judeia.[nt 1], embora Dião Cássio
afirme que ela já vinha sendo preparada, a partir das comunidades da Diáspora,
desde o levante de 115 (Segunda guerra judaico-romana).
A revolta
Quando a revolta começou, os romanos foram apanhados de surpresa. Grupos de
judeus armados emboscaram coortes da Legio X Fretensis, infligindo-lhes pesadas
perdas. Ato contínuo, a fortaleza romana em Cesareia foi atacada e parcialmente
destruída.
Como um rastilho de pólvora, a revolta se espalhou por toda a província, com os
rebeldes fabricando e reunindo armas, e fortificando cidades.
O legado imperial, Quinto Tineio Rufo, que governava a Judeia, mostrou-se
incapaz de sufocar o levante, e mesmo quando o governador da província romana da
Síria, Publício Marcelo, recebeu ordens para ajudá-lo, e deslocou a Legio II
Traiana Fortis e a Legio VI Ferrata para a Judeia, não foi possível impedir que
os amotinados tomassem Jerusalém.
Filho da Estrela
A essa altura, evidenciou-se, entre os combatentes judeus, a liderança de um
jovem comandante, Simão bar Coziba, em quem o
rabino Aquiba reconheceu o "Mashiach" (Messias) davídico, aguardado
ansiosamente, e lhe trocou o nome para "Barcoquebas" (filho da estrela).
À frente de seus comandados, Simão entrou em Jerusalém, foi saudado como
"Príncipe de Israel", e proclamou a independência do estado judeu. Moedas foram
cunhadas com os dizeres "Primeiro ano da libertação de Jerusalém" e "Primeiro
ano da redenção de Israel".
Pelas cartas e outros vestígios arqueológicos descobertos nos desertos a oeste
do mar Morto, tem-se uma ideia do tipo de guerra que os rebeldes empreenderam
contra os romanos, atuando em pequenos grupos, atacando o inimigo de emboscada e
refugiando-se em cavernas. "Em cada penhasco, em cada rochedo, ocultava-se um
guerrilheiro judeu, impiedoso e desesperado, que não tinha nem esperava
misericórdia" [3]. Comunidades de gentios desprotegidos,
tais como os descendentes dos veteranos da Legio XV Apollinaris, que se tinham
estabelecido em Emaús, em 71, foram atacadas e dizimadas sem piedade.
Por cerca de três anos e meio, esses guerrilheiros
atacaram os romanos — legionários e civis.
Essas cartas também mostram o controle que Simão exercia sobre o povo das
aldeias: confisco de cereais, recrutamento compulsório e
outras medidas coercitivas [4], a exemplo das praticadas na primeira
guerra judaico-romana.
Reação romana
A situação tornou-se tão séria que Adriano despachou para a Judeia seu melhor
general, Sexto Júlio Severo, que estava governando a Britânia. Contando
com dez legiões, além de tropas auxiliares (ao todo, cerca de cem mil homens),
Severo usou a mesma tática dos guerrilheiros judeus: dividiu suas forças em
grupos de pequenas unidades móveis, comandadas por tribunos e centuriões,
formando grupos de reação rápida que podiam responder prontamente, sempre que
chegavam relatórios de atividades de guerrilha. Além disso, localizou e
cercou os redutos rebeldes, obrigando-os à rendição ou à morte por fome.
Dião Cássio nos diz que cerca de 50 esconderijos dos rebeldes foram
localizados e eliminados. Diz também que 985 vilas judias foram destruídas na
campanha e 580 mil judeus mortos pela espada (além dos que morreram por fome).[5].
Até que, em 135, Severo finalmente encurralou Barcoquebas em Betar, seis
milhas a sudoeste de Jerusalém.[nt 2] Apesar da tenacidade de seus defensores, o
reduto foi invadido e os romanos massacraram todos que encontraram.
Foi o fim do "Filho da Estrela" e da
terceira revolta judaica.
Depois
Terminada a guerra, a Judeia estava devastada. Dião Cássio descreve-a como
"quase um deserto". Centenas de milhares de judeus morreram lutando, de fome ou
por doenças. Prisioneiros judeus abarrotavam os mercados de escravos, aviltando
os preços dos cativos ("Um escravo tornou-se mais barato do que um cavalo" [6]).
Os inaptos ao trabalho eram enviados aos circos, para servir de entretenimento a
plateias sanguinárias, que apreciavam vê-los ser retalhados pelas lâminas dos
gladiadores ou dilacerados pelas presas de animais selvagens.
Os romanos também sofreram perdas consideráveis. Em 135, ao informar ao senado
sobre o fim da guerra, o imperador Adriano, preferiu omitir a fórmula habitual:
"Eu e as legiões estamos bem".
Jerusalém foi reconstruída de acordo com o projeto do imperador, recebendo o
nome de Élia Capitolina [nt 3], onde os judeus ficaram proibidos de
entrar, sob pena de morte, enquanto o nome da província foi mudado de
Judeia para Síria Palestina.
Além disso, um édito imperial que combatia a prática da mutilação, equiparou
a circuncisão à castração, proibindo os judeus de praticá-la. E, como os
recalcitrantes se valessem de argumentos religiosos, ficaram também proibidos o
ensinamento da Torah e a ordenação de novos Rabinos.
Aquiba negou-se a obedecer, continuando a dirigir o povo judaico. Surpreendido
ensinando a Torah, pagou com a vida sua fidelidade à Lei Mosaica.
Notas
De acordo com Eusébio, os excessos do governador
romano (massacres, confisco de bens, etc), em muito contribuíram para aguçar o
clima de revolta.
Restos da muralha circundante romana, desenterrados por arqueólogos, podem ainda
ser vistos no local.
"Élia" refere-se ao imperador, cujo nome gentílico era Élio.
Referências
Dion Cassio I xis 12-14
Eusébio. História Eclesiástica iv, 6,8.
Allegro, John. The Chose People. London. Hodder and Stoughton Ltd, 1971. P.234
Allegro, John. The Chose People. London. Hodder and Stoughton Ltd, 1971.
Dion Cassio I xis 14
Borger, Hans. Uma história do povo judeu, vol.1. São Paulo. Ed. Sefer, 199
Bibliografia
Bowder, Diana - Quem foi quem na Roma Antiga, São Paulo, Art Editora/Círculo do
Livro S/A,s/d
Allegro, John - The Chose People, London, Hodder and Stoughton Ltd, 1971.
Borger, Hans - Uma história do povo judeu, vol.1, São Paulo, Ed. Sefer, 1999.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_guerra_judaico-romana>
A mensagem dos romanos foi esta:
Vocês pensam que têm o único deus
verdadeiro. Nós destruímos o templo de Yavé, para provar a vocês que seu
deus não vale nada diante dos nossos.
Simão Barcoquebas, o filho da
estrela, que os judeus pensaram ser o predito
Messias, não teve mais sorte do que o
primeiro pretenso libertador, Josias (Yoshiahu).
Só tempos depois, é que outros romanos
acharam mais interessante criar o
Cristianismo e passar a ideia de que a destruição de Jerusalém foi um
castigo divino aos judeus por eles terem entregado à morte um ser divino que
viera para salvá-los.
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