PAPA QUER RETOMAR DO DOMÍNIO POLÍTICO
Papa Bento XVI pede a bispos
brasileiros que orientem os católicos na política
Publicada em 28/10/2010 às 10h33m
O Globo
RIO - A três dias do segundo turno das eleições presidenciais, o
Papa Bento XVI pediu a bispos brasileiros para orientarem politicamente os fiéis
durante reunião nesta quinta-feira no Vaticano. O papa, que não se referiu
diretamente ao pleito deste domingo, afirmou ainda que os religiosos devem
emitir, quando necessário, juízo moral em assuntos políticos.
- Em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos
o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a
promoção do bem comum - disse o papa em seu discurso a bispos do Nordeste.
( Confira a íntegra do discurso do papa )
- Quando, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem,
os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias
políticas - completou.
Bento XVI afirmou que esta orientação deve ser dada "quando projetos políticos
contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da
eutanásia".
- No episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a
impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem
com a mentalidade deste mundo - afirmou o pontífice.
- Deus deve encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas
dimensões cultural, social, econômica e particularmente política -
acrescentou.
As polêmicas envolvendo temas religiosos e, principalmente, a legalização do
aborto, marcaram a campanha presidencial. Na semana passada, o presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha,
voltou a defender a proibição do aborto no Brasil.
O papa defendeu ainda a educação religiosa no ensino público e o uso de
símbolos religiosos na vida social.
- Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é
ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito.
Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é
parte integral da sua história. "
(http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/10/28/papa-bento-xvi-pede-bispos-brasileiros-que-orientem-os-catolicos-na-politica-922893049.asp)
"Bem comum" - O
risco que corremos em dar poder político a religiosos é que para eles o "bem
comum" é o que sua igreja impõe.
Aborto e eutanásia
- Defender a todo custo a vida que está em formação, ainda que coloque em risco
a vida da genitora, até tem lá seus estranhos motivos. Mas quer impedir o
direito de quem quer por fim aos próprios sofrimentos não se justifica de forma
alguma. Se, no final, após um longo sofrimento, a pessoa vai morrer
inevitavelmente, por que obrigá-la a esse
sofrimento se ela pode abreviá-lo?
Educação religiosa
no ensino público - Isso é forma de manipular o povo e
promover a intolerância.
Símbolos religiosos
- A repartição pública não é destinada a culto, mas ao serviço público.
Símbolo religioso deve ter seu lugar na igreja e na casa do religioso, não em um
lugar que pertence a todos, religiosos e não-religiosos. Até mesmo
autoridades brasileiras
têm defendido o uso de imagem nas repartições públicas, porque as imagens
pertencem à sua religião. Se fosse imagem de outra religião, eles não
iriam considerar um direito. Tanto é que bastou
uma
professora falar sobre religião africana na escola, mesmo sem pregar tal
religião, para ser perseguida por cristãos.
Querem confundir o povo
para que aceite imposição sob a rubrica de direito. Se isso progredir,
poderá um dia o poder político voltar a ser religiosos e retrocedermos aos dias
de terror da Idade Média. É isso que os chefes religiosos querem. Nada de
liberdade religiosa, mas sim imposição das regras de suas próprias religiões e
eliminação das outras. O desejo do papa é que a Igreja Católica volte a dominar
o mundo.
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