O que os
cristãos conhecem sobre Judas Iscariotes é que ele traiu Jesus com um beijo. Entretanto, há
duas afirmações contraditórias, o que
impede um leitor cuidadoso de ter qualquer
uma como verdade. Agora foi encontrado o Evangelho de Judas, evangelho já citado
por "Santo Irineu de Lyon, no século II", segundo a Revista Época, ed. 405,
20/02/2006. Segundo esse evangelho, Judas teria "sido perdoado por Jesus e
orientado a se retirar para fazer exercícios espirituais no deserto". Não temos
como saber se é verdadeira a versão no evangelho de Judas. No entanto, temos
certeza de que uma das versões bíblia é falsa, o que não quer dizer alguma seja
verdadeira.
O fim de Judas Iscariotes segundo o Evangelho de Mateus é o seguinte:
"Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo
entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; e, maniatando-o, levaram-no e
o entregaram a Pilatos, o governador. Então Judas, aquele que o traíra, vendo
que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos
anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos
importa? Seja isto lá contigo. E tendo ele atirado para dentro do santuário as
moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se. Os principais sacerdotes,
pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das
ofertas, porque é preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram
com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. Por
isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta
moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel
avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
(Mateus, 27: 1-10).
O autor de Atos dos Apóstolo já contou outra história, incompatível com a
primeira:
"Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse
pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a
Jesus; pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Ora,
ele adquiriu um campo com o salário da sua iniqüidade; e precipitando-se, caiu
prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E
tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na
própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.)
Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não
haja quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério. (Atos, 1: 16-20).
O chamado Evangelho de Judas, conforme a revista Época, tem a seguinte
informação: "A delação aos sacerdotes judeus teria sido, segundo o manuscrito,
um desígnio divino para que o Filho de Deus sofresse o martírio e salvasse os
homens. Judas também afirma, de acordo com os relatos, que
não se enforcou
depois, arrasado pela culpa. Teria sido perdoado por Jesus e orientado a se
retirar para fazer exercícios espirituais no deserto".
"Sua existência já era cogitada
desde que Santo Irineu de Lyon, no século II, citou-o e condenou-o."
(Revista Época, ed. 405, 20/02/2006).
Quem teria dito a verdade? O Evangelho de Mateus? O livro de
Atos dos Apóstolos?
Ou o Evangelho de Judas? Pelo menos dois temos certeza de que disseram mentira. Judas, arrependido,
atirou as moedas dentro do templo e se enforcou, tendo os sacerdotes adquirido
com o dinheiro o terreno chamado Acéldama, OU Judas adquiriu o terreno e lá caiu
arrebentado-se? Ou Judas foi para o deserto? Como muitas coisas da origem do
cristianismo já são provadas fábulas, é mais provável que esse Judas Iscariotes nem tenha
existido. Mas, como foi o cristianismo de Roma que prevaleceu eliminando
todos os grupos dissidentes, o mundo crê que existiu um Judas Iscariotes, que
traiu Yeshua, um deus feito homem.
Sobre tentativa de harmonizar essa
contradição, veja o que diz Mario Persona.