O FIM DO MUNDO NO ANO MIL
O FIM DO
MUNDO é previsão muito conhecida desde
os primórdios da Era Cristã. Epístolas
dos apóstolos, evangelhos, o Apocalipse
de São João, todos não deixam de falar
sobre o grande acontecimento final. Mas
quando será? Ou quando seria?
Como vimos no capítulo anterior, há uma
cronologia aproximada para o fim. Mas
muito tempo já se passou e muitos tem
marcado datas para o fim do mundo e
continuam a marcar.
Ao aproximar-se o fim do primeiro
milênio, as expectativas do povo
religioso eram grandes. O fim estava às
portas.
Na conturbada Idade Média, quando a
situação dos europeus não estava nada
boa, além dos sofrimentos naturais, mais
esse afligia a população. Eis um dos
relatos relativos ao fim do primeiro
milênio de nossa era cristã.
"Dos mosteiros se propagava também pela
voz dos abades nos sermões que
acompanhavam as missas, uma terrível
profecia que submeteria os fiéis a outro
tipo de provação: o fim do mundo
exatamente no ano 1000, com a ocorrência
em sucessão, de incomparáveis
acontecimentos, como a aparição do
Anticristo, a volta de Jesus à Terra e o
Juízo Final - o julgamento de todos os
homens por Deus.
A crença no fim do mundo no ano 1000
derivava de uma interpretação literal de
um dos mais obscuros textos bíblicos, o
Apocalipse de São João. De fato, ali se
lê que 'depois de se consumarem mil
anos, Satanás será solto da prisão,
saindo para seduzir as nações dos quatro
cantos da Terra e reuni-las para a luta
(...). Mas desceu um fogo do céu e as
devorou (...) e os mortos foram julgados
segundo as suas obras...). Vi, então, um
novo céu e uma nova terra, pois o
primeiro céu e a primeira terra
desapareceram e o mar já não existe'.
Esse 'milenarismo
crasso', como dizem os comentaristas do
Novo Testamento, apropriou-se dos
corações e mentes dos europeus.
Quanto mais se espalhava a profecia e
mais próximo se estava da data fatal,
mais apareciam indícios infalíveis do
fim dos tempos - um
eclipse, um
incêndio
inexplicável, o
nascimento de um bebê
monstruoso, uma
praga agrícola, a
passagem de um cometa no céu, o
relato
da aparição de uma baleia do tamanho de
uma ilha na costa francesa, a
grande
epidemia de 997. Uma crônica de um certo Sigeberto de Gembloux descreve um
'terrível tremor de terra' no céu.
Muita gente doou
todas as suas posses, muitos também se inflingiram cruéis castigos, a título de
penitência. Os historiadores
interpretam o 'terror milenar' que se
apossou dos europeus como uma expressão
do caos político que se seguiu à
desagregação do Sacro Império, desenhada
com tinta fornecida pelas Escrituras. Em
954, um 'Pequeno Tratado do Anticristo',
de autoria de Adson, abade de
Montier-en-Der, França, previa
o fim do
mundo depois de 'todos os reinos estarem
separados do Império Romano, ao qual
haviam estado anteriormente
submetidos'." (Revista
"SUPERINTERESSANTE", setembro/90, pág.
60).
O abade de Montier-em-Der, todavia, parecia estar coberto de razão, com suporte no sonho de Nabucodonozor (Daniel, cap. 2).
O desenrolar da história, segundo alguns intérpretes, é o Império Romano como o "quarto reino", representado pelas "pernas e pés" da estátua (Daniel, 2: 33); Babilônia era "a cabeça de ouro" (versículo 38); depois vinham o "peito e braços de prata", uma figura do reino Medo-Persa, e o "ventre e as coxas de bronze" (vers. 32 a 39), como símbolo da Grécia de Alexandre Magno. ROMA, o quarto reino, já havia se dividido (vers. 40 a 43) a partir do Século V. Vários intérpretes enumeram, como representantes dos dedos dos pés da estátua, os reinos bárbaros em que se dissolveu o império romano, que, segundo Alfons Balbach, são: "os germanos, os francos, os burgundos, os suevos, os anglos-saxões, os visigodos, os lombardos, os hérulos, os vândalos e os ostrogodos" ( Os Grandes Fatos e Problemas do Mundo, pág. 239); embora tenham existido mais outros, que ele não levou em conta.
O profeta disse: "Mas nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo: esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como visto que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o Grande Deus fez saber ao rei o que há ser futuramente." (Daniel, 2: 44 e 45).
Se no Século V o reino de ferro já se havia transformado em ferro e barro, com a divisão européia, depois de decorridos mais outros cinco séculos era de se esperar o reino da "PEDRA", o reino divino, que destruiria todos aqueles que queriam dominar o mundo.
No entanto, já se passa mais outro
milênio, a Europa procura se unificar,
Surgiram as superpotências e uma delas
se desintegrou, e o fim do mundo
continua sendo considerado iminente.
A data fatal era
1º de Janeiro do ano 1000:
E no fim, até alguns ricos ficaram pobres na expectativa de ir para o céu, e não veio o fim do mundo, como sempre acontece com todas as datas quando marcam esse tão esperado evento.