O I CHING E A BÍBLIA CRISTÃ

05/01/2007

 

Enxergamos com muita naturalidade aquilo que fomos ensinados a enxergar. Mas o que foi ensinado aos outros de forma diferente tende a nos parecer absurdo.

"Certo dia, lá pelo ano 3000 a.C., Fu Hsi, o primeiro imperador da China, passeava pelas margens do rio Amarelo, no norte do país. Contam as lendas que Fu Hsi não era apenas um soberano sábio, mas também o homem que inventou a escrita, o matrimônio e a arte da costura. Naquele dia, caminhando pela beira das águas, o imperador multimídia fez sua descoberta mais intrigante. No meio do passeio, Fu Hsi viu uma criatura emergir das águas para descansar às margens do rio: corpo de dragão, cabeça de cavalo (os mitos garantem que bichos fabulosos eram corriqueiros na fauna chinesa). Aproximando-se, o sábio notou que havia 8 símbolos geométricos inscritos nas costas da criatura. Cada imagem era composta por séries de 3 linhas: algumas inteiras ( - ), outras partidas (- -), como você pode observar nestas páginas. No momento em que colocou os olhos neles, o soberano teve uma iluminação divina. Achou que aqueles signos continham a chave para todos os segredos do Universo. Memorizou a seqüência de símbolos - que mais tarde seriam batizados de "trigramas" - e os deixou para seus descendentes e sucessores, com uma dica: quem os estudasse ganharia o poder e o conhecimento sobre todas as coisas.

Em algum momento da Antiguidade, os trigramas foram combinados uns com os outros e deram origem a 64 símbolos formados por 6 linhas - os hexagramas. Ao longo dos séculos, os 64 símbolos ganharam comentários e foram organizados em forma de livros - e os livros guardados a sete chaves nos palácios dos reis e nas bibliotecas de feiticeiros e eruditos. Os chineses levavam ao pé da letra (e alguns ainda levam) a tradição que herdaram de seus ancestrais remotos: naquela obra, estaria a solução para todas as equações do Universo.
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Apesar da dificuldade de entender esses provérbios, chineses de todas as classes - desde os plebeus que aravam os campos até os reis e generais que comandavam exércitos - consultavam o livro na hora do aperto. A consulta seguia um ritual complicado: 50 caules de uma planta chamada milefólio eram várias vezes chacoalhados e lançados sobre uma mesa. A posição das varetas dava origem a uma seqüência numérica que por sua vez indicava um dos 64 hexagramas. E os sábios chineses interpretavam cada um como conselho divino, uma chave para entender os acontecimentos presentes e a melhor maneira de agir no futuro
" (Superinteressante, jan/2007, págs. 42, 43).

Para os cristãos, isso é uma coisa primitiva, bastante absurda, e é difícil entender como os chineses são capazes de acreditar numa coisa dessas.

Agora, vamos dizer a um chinês que o deus criador de todas as coisas pegou um pouco de pó da terra e dele fez o primeiro homem, depois tirou dele uma costela e dela fez a primeira mulher; após o que uma cobra falou com a mulher, convencendo-a a fazer o que o criador proibiu. Não acha que lhe parecerá mais absurdo do que um sábio encontrar mensagem divina nas costas de um dragão?

Vemos nas considerações acima como é fácil achar correto e simples aquilo que aprendemos desde a infância e considerar tolo e absurdo o que os outros pensam. Todos nós não temos qualquer razão para acreditar na existência de animais que soltam fogo pela boca. Mas, e cobra falando com seres humanos? Se alguém acredita que um deus possa criar uma cobra que fala como nós, por que um deus não pode fazer um animal estranho que traz uma mensagem divina nas costas? Não se pode dizer que o pensamento chinês seja mais absurdo do que ocidental.

 

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