Mar Morto: fragmentos da fé
Descobertos ao acaso por pastores em 1947, os Manuscritos do Mar Morto
fizeram com que judeus e católicos revissem a história de suas religiões.
Ainda não totalmente decifrados por pesquisadores, eles estarão, em breve,
disponíveis na internet.
por Adriana Maximiliano
Desde o século 19, apenas dois grupos de pessoas circulavam pela desértica
vizinhança das ruínas de Qumran, a noroeste do Mar Morto: arqueólogos e pastores
beduínos. Depois de mais de cinco décadas de exploração, o primeiro grupo de
profissionais concluiu que aquela região da Palestina (atualmente em território
israelense), chamada de Cidade do Sal na Bíblia, fora um pequeno forte romano.
Os outros trabalhadores não se preocupavam com isso. Estavam sempre de passagem,
pastoreando cabras no trajeto entre o rio Jordão e Belém. Costumavam acampar às
margens do lago com nome de mar, enquanto os animais matavam a sede em uma das
maiores nascentes locais, a cerca de 1 quilômetro das ruínas. Mas foram
justamente eles, os pastores beduínos, que fizeram em Qumran a maior descoberta
arqueológica do século 20. E tudo por causa de uma cabra desgarrada.
No fim de uma tarde de 1947, o animal subiu os rochedos de Qumran e desapareceu
da vista de seu pastor, Juma Muhammed Khalil. A noite caía e Khalil precisava
reunir o rebanho para voltar ao acampamento. Depois de subir cerca de 100 metros
em busca da tal cabra, viu dois buracos na pedra. Eram cavernas. Se o bicho
estivesse escondido ali, não seria fácil recuperá-lo. As aberturas eram
estreitas e ficavam nas partes mais acidentadas da montanha. O pastor, então,
atirou uma pedra dentro de um dos buracos.
Mas, em vez de um balido, ouviu o barulho de cerâmica se quebrando. Seria um
tesouro escondido? Era tarde para descobrir. Começava a escurecer, Khalil tinha
medo de entrar na caverna, não conseguir mais sair e... a curiosidade mataria um
beduíno no deserto da Judéia. O melhor era retornar ao acampamento de sua tribo,
Taamireh, às margens do mar Morto. E foi exatamente o que ele fez, mas com o
plano de voltar no dia seguinte. Ao chegar ao acampamento, o muçulmano Khalil
contou o que tinha acontecido para seus primos. O mais jovem, Muhammed Ahmed
el-Hamed, apelidado de “o lobo”, mal conseguiu dormir com a notícia. Passou a
noite sonhando acordado com o tesouro. Ao amanhecer, antes que os outros
acordassem, El-Hamed seguiu sozinho para os rochedos e encontrou os tais
buracos. Com esforço, entrou por um deles e caiu entre entulhos e estranhos
jarros de barro. Ansioso, o pastor vasculhou um por um os jarros. Alguns estavam
vazios, outros continham manuscritos em pergaminho ou pele de animal. Nada de
ouro ou pedras preciosas. Desiludido, levou para o acampamento o que encontrara.
Khalil ficou furioso por dois motivos: a traição do primo e o conteúdo pouco
promissor dos jarros.
TESOURO EM METRO
Analfabetos, os beduínos, que eram jovens (a idade exata é desconhecia), não
faziam idéia do que tinham em mãos. Os documentos, que entraram para a história
como os Manuscritos do Mar Morto, são o registro mais antigo do Velho Testamento
(inteiro, com exceção do Livro de Ester), mil anos mais antigo que a versão
conhecida até aqueles dias. Além disso, são uma fonte extraordinária de
informação sobre a origem das duas religiões mais influentes do mundo: o
judaísmo e o cristianismo. Para completar, ainda influenciam na compreensão do
Corão. Apenas um dos manuscritos encontrados pelos muçulmanos mede mais de 7
metros de comprimento. É uma cópia do Livro de Isaías, do Velho Testamento,
escrita em aramaico e feita de pele de cabra por volta do ano 100 a.C. Até
então, a mais antiga reprodução conhecida da Bíblia Hebraica dos judeus e/ou o
Velho Testamento dos cristãos tinha sido escrita na Idade Média. O conteúdo das
peças encontradas nas cavernas estava em perfeito estado de conservação, devido
às condições climáticas do lugar e ao jarro de barro, que, pelo formato mais
comprido, parecia feito sob medida para guardá-lo.
Havia também outros seis manuscritos: o Manual de Disciplina e o
Manuscrito da
Guerra de uma comunidade judaica, Hinos de Ação de Graças, o
Apócrifo de
Gênesis, um comentário sobre o Livro de Habacuque e outra cópia do Livro de
Isaías. Os textos canônicos, como os conhecemos, só foram definidos em
concílios, séculos depois. Entre os manuscritos, há textos apócrifos, que, na
época, eram considerados tão sagrados quanto qualquer livro canônico. Ou
seja, a Bíblia era muito mais extensa do que é hoje. Segundo o Museu de História
Natural de San Diego, nos Estados Unidos, que expôs boa parte dos papiros numa
mostra que esteve em cartaz na instituição até janeiro de 2008, alguns dos
manuscritos sugerem uma forma de judaísmo diferente do praticado hoje,
com normas que não teriam sobrevivido à destruição romana do Segundo Templo, em
70 d.C. Revelam um estágio desconhecido na transição das religiões antigas da
Bíblia para suas formas na atualidade.
"Foi uma descoberta incrível. Aqueles manuscritos estabelecem uma ligação entre
as escrituras hebraicas e as religiões ocidentais que estavam em formação
naquela época: o judaísmo rabínico e o cristianismo”, explica o professor de
estudos judaicos da Universidade de Nova York e editor dos manuscritos, o
americano Lawrence Schiffman.
Os documentos incluem crônicas detalhadas que descrevem como era a vida
cotidiana, naquele deserto causticante, dos contemporâneos de
Jesus Cristo (que não é mencionado uma vez sequer),
possivelmente judeus do grupo dos essênios. Os Manuscritos do Mar Morto provam,
também, que as escrituras hebraicas não mudaram quase nada em seu conteúdo
através dos anos. Apesar de algumas pequenas modificações no jeito de narrar, os
fatos são os mesmos. Ou seja, indicam que o Velho Testamento é um livro escrito
há mais de 2 mil anos.
Pechincha por relíquias
Depois da ocasional descoberta,
um ano se passou até a autenticidade dos manuscritos ser comprovada. Os pastores
beduínos que encontraram os manuscritos enfiaram os documentos numa bolsa e
foram tentar vendê-los em Belém. A maioria dos comerciantes os dispensou,
acreditando que eram recentes e de pouco valor. Muitos meses e várias tentativas
depois, os manuscritos foram separados em dois lotes e finalmente vendidos em
Jerusalém para o bispo do Monastério Ortodoxo Sírio de São Marcos, Athanasius
Samuel, e para um estudioso da Universidade Hebraica, Eleazar Sukenik. Segundo o
Museu de Israel, os dois desembolsaram um total de 25 libras pelas relíquias.
Samuel submeteu o material a especialistas da Escola Americana de Pesquisa
Oriental, em Jerusalém, que, em fevereiro de 1948, confirmaram sua
autenticidade. Na década de 50, o bispo se mudou para os Estados Unidos e, por
anos, tentou vender os documentos sem sucesso. Até que, no dia 1º de junho de
1954, um anúncio publicado pelo religioso no Wall Street Journal fez com que os
manuscritos mudassem de mãos. Foram comprados por 250 mil dólares, por um
representante do governo de Israel, que também já havia adquirido os de Sukenik.
Nos 15 anos que se seguiram ao parecer técnico da veracidade dos documentos,
mais de 200 cavernas foram exploradas na região de Qumran. Em 11 delas foram
encontrados outros, que, somados aos dos beduínos, dão um total de 930: cópias
de quase todos os livros do Velho Testamento (o Livro de Ester continua
desaparecido); textos inéditos sobre figuras bíblicas como Noé e Abraão; mapas
de tesouros nunca encontrados; poemas;
textos sobre astrologia, dias festivos e
fases da Lua; e ainda regras e relatos do cotidiano de uma comunidade judaica.
Entre todos eles, apenas 12 estavam inteiros, ou quase em perfeito estado. Os
outros se encontravam em milhares de pedaços, roídos por animais ou desgastados
pela ação do tempo. Segundo especialistas, eles foram escritos com tinta à base
de carbono entre o século 3 a.C. e o século 1 d.C., a maioria, em pele de
animais (há alguns de papiro e um gravado em cobre).
Os achados abriram uma imensa janela do tempo no deserto da Judéia. "Os
manuscritos têm mostrado como sabíamos pouco sobre a literatura judaica do
período do Segundo Templo (entre 515 a.C. e 70 d.C.)”, diz o professor e
ex-padre espanhol Florentino García Martínez, que fez parte do time de editores
dos manuscritos e publicou mais de 20 livros sobre o tema em 40 anos de estudos.
"Eles também mudaram nossa maneira de ver a Bíblia Hebraica, que estava na época
em processo de formação e ainda não tinha a forma canonical que hoje nos é
familiar. E, principalmente, os manuscritos têm mostrado a evolução das idéias
religiosas e permitido que se entenda melhor a origem do cristianismo", completa
Martínez. Entre os textos inéditos, estão os que descrevem cerimônias, narram
uma obsessão pela pureza e revelam a expectativa pelo fim do mundo.
Embora Jesus Cristo não seja mencionado e nenhum texto do Novo Testamento tenha
sido encontrado, estudiosos apontaram semelhança entre os hábitos da comunidade
judaica descritos nos manuscritos e o cristianismo, religião que ainda estava
nascendo: são descritos rituais de batismo, a espera da chegada de um messias
e o apocalipse.
QUEM ESCREVEU
Desde a década de 50, 98 pesquisadores se dedicaram a editar os manuscritos.
Entreveros deram outro título à descoberta, o de maior escândalo acadêmico do
século 20. Até hoje, foram publicados 38 volumes oficiais dos manuscritos, num
total de 11 984 páginas, e mais de 30 mil livros e artigos sobre o tema. Mas, 60
anos depois, ninguém sabe ao certo quem os escreveu e por que eles estavam
escondidos em Qumran. A hipótese mais popular entre pesquisadores é a de que
os manuscritos tenham sido redigidos por uma turma de judeus dissidentes dos
essênios, que, por sua vez, eram um dos grupos judaicos existentes no início da
era cristã.
Como tantos outros judeus da época, inclusive Jesus, os membros da comunidade de
Qumran se opunham à aristocracia sacerdotal do templo. Viviam um exílio
voluntário no deserto, entregavam seus bens para serem divididos entre todos,
estudavam as escrituras sagradas e as regras de disciplina de sua própria
comunidade, seguiam rituais rígidos de purificação e aguardavam uma batalha
entre o bem e o mal — e, claro, já esperavam a chegada de um “messias”.
Essa comunidade tinha núcleos em outras cidades. Em Qumran, vivia a elite,
formada por homens que deixaram a família para trás e optaram pelo isolamento.
Os livros teriam sido escritos por diferentes membros, em diversos lugares, e
guardados numa única biblioteca, em Qumran. Alguns vasos encontrados nas
cavernas tinham a palavra yahad (junto, em hebraico), que era como essa
comunidade se intitulava nos manuscritos. O criador do grupo era chamado de
"professor da retidão". Um grupo inimigo foi citado como "procuradores de
elogios" e o chefe deles, o "homem da mentira". A denominação "essênio"
não aparece nos manuscritos. A tese de que o grupo era formado por eles ou seus
dissidentes baseia-se principalmente em um livro do historiador Plínio, o Velho.
Ele dizia que havia uma comunidade de essênios no lado oeste do mar Morto.
Essênios ou não, a comunidade de Qumran planejava voltar a Jerusalém, mas, antes
que isso fosse possível, o exército romano destruiu a região na Grande Revolta
Judaica, por volta do ano 70 d.C. Na iminência da morte, os moradores do lugar
teriam escondido os livros nas cavernas, para salvá-los .
A comunidade teria vivido em Qumran entre 125 a.C. e 68 d.C. A presença de
mulheres e crianças nunca foi confirmada. Uma exploração arqueológica oficial,
entre 1951 e 1956, revelou um cemitério com cerca de 1,2 mil esqueletos,
inclusive de mulheres. Mas não se sabe se elas faziam parte da comunidade ou se
eram nômades do deserto. De qualquer forma, a hipótese de que apenas a elite
vivia em Qumran se fortaleceu, já que os esqueletos estavam em covas individuais
e, na época, as covas costumavam ser familiares.
MANUSCRITOS NA WEB
Todos os sete manuscritos da primeira caverna estão agora reunidos no Santuário
do Livro, do Museu de Israel, em Jerusalém, que às vezes os deixa ser exibidos
em outros lugares. "Recebemos inúmeros pedidos todo mês, mas concordamos poucas
vezes. Eles são feitos de materiais orgânicos. Precisam de muitos cuidados, como
a manutenção em determinada temperatura, evitar a incidência de luz direta e,
depois de ficarem expostos por três ou quatro meses, devem descansar por pelo
menos um ano", diz o curador do lugar, o argentino Adolfo Roitman. Os demais
manuscritos estão espalhados por outras instituições, como o Instituto de
Antiguidades de Israel do Museu Rockefeller, a Escola Bíblica Franciscana de
Jerusalém, a Biblioteca Nacional de Paris e o Museu Arqueológico da Jordânia. O
interesse pelo tema continua latente e vem ganhando desdobramentos na internet.
A Universidade da Califórnia, por exemplo, organizou o Projeto de Visualização
de Qumran, no qual recria, na web, o lugar em terceira dimensão. “Há imagens
panorâmicas dos rochedos onde os essênios moravam, do mar Morto e das planícies
da Jordânia. Reconstruímos o monastério parede a parede, de acordo com a textura
e grossura que cada uma delas tinha”, afirma o fundador do projeto, Robert C.
Cargill. Desde 1956, nenhuma outra inscrição apareceu na região de Qumran.
Roitman não descarta a possibilidade de ainda haver pedaços dos manuscritos
achados nos anos 50 nas mãos de colecionadores, que não permitem seu estudo ou
que ignoram seu valor. Dono dos sete primeiros manuscritos encontrados pelos
beduínos, o Museu de Israel já publicou o conteúdo de dois deles em seu site na
internet, o Livro de Isaías e o Manuscrito do Templo. “Os outros deverão estar
disponíveis nos próximos meses”, diz Roitman. Enquanto isso, o Instituto de
Antiguidades de Israel do Museu Rockefeller, em Jerusalém, se dedica a
digitalizar pedaços de manuscritos encontrados nas 11 cavernas. Com a ajuda de
equipamentos especiais e a supervisão de um ex-cientista da Nasa, Greg Bearman,
os documentos serão reproduzidos e colocados à disposição do público na
internet, para que o mundo tenha chance de estudá-los. E, quem sabe, desvendar
os mistérios da fé.
MONOPÓLIO DAS CAVERNAS
Cercear a pesquisa foi o escândalo acadêmico do século 20
Em 1951, o governo da Jordânia, que então controlava parte do território das
cavernas de Qumran, escolheu oito pesquisadores para traduzir e publicar os
manuscritos encontrados nas dez últimas cavernas (os achados nas primeiras,
vendidos, foram parar em Israel). Quase todos eram padres católicos, filólogos
da Escola Bíblica e Arqueológica Francesa. Não havia judeus no grupo.
Fragmentados em milhares de pedaços, os manuscritos da Jordânia ficavam no Museu
Arqueológico da Palestina, disponíveis apenas para esses pesquisadores. Quando
um deles morria, outro, eleito pelos demais, herdava seu lugar. O primeiro
volume da coleção de manuscritos, Descobertas no Deserto da Judéia I, foi
publicado apenas em 1955, e mais dez anos se passaram até os três volumes
seguintes. Antes do lançamento do quinto tomo, houve uma mudança importante. A
Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, deu a Israel o controle dos manuscritos
do Museu Arqueológico da Palestina, rebatizado como Instituto de Antiguidades de
Israel do Museu Rockefeller, de Jerusalém. À equipe integraram-se pesquisadores
judeus. Mas a demora continuou e a comunidade acadêmica internacional começou a
reclamar. O fato de apenas poucos estudiosos terem acesso aos manuscritos foi
chamado de "o escândalo acadêmico do século 20", pelo professor Geza Vermes, da
Universidade de Oxford. Apenas em 1991, a Biblioteca Huntington, na Califórnia,
quebrou esse monopólio ao liberar imagens de todos os manuscritos ainda não
publicados — 400 textos, dos 500 encomendados. Israel tinha enviado microfilmes
para várias instituições como medida de segurança, caso algo acontecesse aos
originais, mas não imaginava que uma delas quebraria o compromisso de sigilo. O
fim do segredo coincidiu com o fim da morosidade. Até 1990, oito volumes
haviam sido publicados. Uma nova equipe foi escolhida e publicou 30 volumes até
2001, encerrando o trabalho. Em julho deste ano, cerca de 40 pesquisadores de
diversas nacionalidades e crenças religiosas participaram de uma conferência no
Santuário do Livro, no Museu de Israel, que guarda o Livro de Isaías e outros
manuscritos, para comemorar as seis décadas da descoberta do tesouro. Muitos
fizeram parte da equipe editora dos manuscritos e dedicaram toda a vida
acadêmica a estudá-los, como o ex-padre espanhol Florentino García Martínez.
“Temos agora todo material de que precisamos para trabalhar: concordâncias,
dicionários, boa edição e tradução e comentários de muitos estudiosos. Mas o
trabalho de interpretação, de extrair dos manuscritos toda a informação que eles
contêm, está apenas começando.”
CRÔNICAS DA VIDA NO DESERTO
Documentos revelam regras de higiene e valores éticos comunitários
Escritos em hebraico, aramaico e grego, os Manuscritos do Mar Morto são
divididos em três grupos: textos bíblicos e comentários de textos bíblicos;
textos apócrifos; e literatura de Qumran. Essa divisão não havia na época,
porque apenas séculos depois concílios da Igreja definiriam quais eram os
textos canônicos (bíblicos), criados por inspiração de Deus. Os escritos por
autores sagrados, mas sem inspiração divina, foram chamados apócrifos pela
Igreja. Entre os 930 manuscritos, há 225 cópias de livros da Bíblia. Veja abaixo
trechos de alguns manuscritos.
DO FILHO DE DEUS
Nesse manuscrito, as expressões "filho de Deus" e "filho do Altíssimo" são
usadas para denominar um futuro salvador divino. São os mesmos termos adotados
pelo anjo Gabriel, na "anunciação" de Jesus Cristo a Maria.
O MANUSCRITO DE COBRE
Feito de um material valorizado na época, esse manuscrito diz: "Sou único e
minha mensagem é tão valiosa quanto o metal do qual fui feito". Nele, há
indicações de 64 tesouros, que, no entanto, nunca foram encontrados.
O MANUSCRITO DA GUERRA
Descreve a batalha dos dias finais, entre os "filhos da luz" e os "filhos das
trevas". Detalha armamentos, a bênção a ser dita no momento da vitória e a
cerimônia de Ação de Graças.
PEDAGOGIA TRÁGICA
Os manuscritos prevêem castigos severos: "Se um homem tem uma criança rebelde e
teimosa, que não obedece ao pai ou à mãe e não ouve quando eles o disciplinam,
deixe seu pai e sua mãe segurá-lo no portão de casa e chame os mais velhos da
cidade. Os pais devem dizer: 'Esta criança é teimosa e rebelde, não nos obedece,
é um bêbado glutão'. Então, todos os homens da cidade devem apedrejá-la até a
morte. Assim, você removerá o demônio de seu meio e todas as crianças de Israel
vão ouvir e ter medo".
LIMPEZA CONTAGIOSA
Além de dois banhos diários obrigatórios, os membros da comunidade deviam
mergulhar em uma piscina toda vez que defecassem. Como a piscina era abastecida
pelas chuvas, escassas no deserto, a água ficava parada por meses. Resultado: 6%
dos homens de Qumran atingiam 40 anos, em comparação a 40% em Jerusalém.
PUREZA AO COMER
Os membros da comunidade comiam em silêncio e em tigelas individuais (para não
espalhar doenças).
ESTIGMA
Os chamados leprosos não podiam entrar em Jerusalém, em Qumran ou em qualquer
lugar onde houvesse comida limpa. Se o fizesse sem querer, deveria ofertar
um animal. Se entrasse deliberadamente, seria amaldiçoado.
SACRIFÍCIO DE ANIMAIS
Um animal grávido não podia ser sacrificado no mesmo dia do feto.
DEVO, NÃO NEGO
"Se você deve a alguém, pague rapidamente. Nunca troque seu espírito sagrado por
nenhuma quantia de dinheiro. Se alguém deixar algo de valor com você, não toque,
para que você não se queime e seu corpo não seja consumido pelo fogo."