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O VANDALISMO RELIGIOSO
No dia 26 de
fevereiro de 2001, No Afeganistão, os taliban destruíram as duas estátuas
gigantes de Buda de Bamyan.
"Milícia do
Taliban decide destruir relíquias históricas e apagar todo o rico passado
pré-islâmico do Afeganistão
Cristiano Dias
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Estátua no museu de Cabul (à esq.) e o
Buda gigante de Bamiyan (à dir.): a ordem é para destruir tudo |
Desde que instalaram um regime medieval no Afeganistão, há cinco anos, os
integrantes da milícia do Taliban – nome originário de um movimento de
estudantes islâmicos – tomam decisões de arrepiar os cabelos até dos mais
ferrenhos seguidores de Maomé. Na semana passada, Mohamed Omar, que se
autoproclamou emir do Afeganistão e é o líder da milícia, decidiu que todas
as estátuas do país deveriam ser destruídas. Esse súbito surto de
iconoclastia passaria despercebido se o Afeganistão não tivesse um acervo
riquíssimo de monumentos budistas, herança do período pré-islâmico, anterior ao
ano 1000, quando a região era centro de peregrinação. Entre os alvos da
maluquice, estão as duas estátuas gigantes de Buda, em Bamiyan, nos arredores da
capital Cabul. Esculpidas na rocha há mais de 1 500 anos, elas medem 37 e 53
metros de altura e estão entre as maiores representações conhecidas de Buda.
Omar, que por lá é conhecido como "mulá" (professor), deu a ordem, e
imediatamente soldados começaram a circular pelo país com caminhões carregados
de explosivos e lança-foguetes à caça das imagens. As primeiras estátuas
destruídas foram retiradas das 6.000 peças do museu de Cabul. Países de grande
comunidade budista, como o Japão, a Tailândia, a Índia, e organismos como a
Unesco protestaram em vão. "Estamos apenas destruindo pedras", Omar justificou.
Reuters
Embargo e seca: 1
milhão de afegãos podem morrer de fome
Desde que se instalou no governo, o Taliban transformou o
país num inferno. Execuções sumárias, amputações
públicas e festivais de chibatadas acontecem em estádios de futebol lotados. As
meninas são obrigadas a parar de estudar aos 8 anos. As mulheres vivem cobertas
por um manto, o burqa, que esconde até os olhos, e chegam a levar uma surra
quando são apanhadas conversando com estranhos. Já os homens têm de
vestir camisolões e são forçados a usar barba. O Afeganistão tornou-se o país da
proibição. Televisão, música, fotografia e tudo que desvie a atenção de Deus é
ilegal. Em meio a tantos absurdos, o Taliban acabou abrigando o saudita Osama
bin Laden, terrorista acusado de planejar os atentados às embaixadas americanas
na Tanzânia e no Quênia, em 1998. Apesar de pedidos de extradição, ele continua
como um convidado de honra e, por isso, o país enfrenta um embargo internacional
que privou os afegãos de quase toda ajuda humanitária, essencial numa nação
devastada por duas décadas de guerra civil. Apesar de o Taliban controlar 90% do
território, a comunidade internacional – à exceção de Paquistão, Arábia Saudita
e Emirados Árabes – ainda não o reconhece como governo legítimo do Afeganistão.
Enfrentando a pior seca das últimas três décadas, a agricultura do país está em
frangalhos. Mais de 3 milhões de famintos se espremem em campos de refugiados
nos vizinhos Paquistão e Irã. Dentro do país, as Nações Unidas estimam que 1
milhão de afegãos estejam à beira de ser dizimados pela fome.
Há duas semanas, numa tentativa desesperada de agradar aos governos ocidentais,
o Taliban anunciou o extermínio dos campos de papoula – o Afeganistão produz 75%
do ópio mundial que, transformado em heroína, abastece o mercado europeu e o
americano. Acabar com a maior fonte de renda do Estado parece ter sido um
suicídio econômico que faz a destruição de estátuas parecer muito mais uma
tentativa de chamar a atenção para a penúria do país. Mas transformar o passado
em pó não vai melhorar a imagem do Taliban e a tendência é isolar ainda mais o
Afeganistão. Rompantes de iconoclastia pontilharam a História. Em seus
primórdios, o cristianismo, por exemplo, fez tudo o que
pôde para acabar com toda arte considerada pagã, inclusive a grega. Mais
recentemente, os espanhóis arrasaram as culturas
pré-colombianas em nome de Deus e, durante a Revolução Francesa, estátuas
da Catedral de Notre-Dame foram decapitadas pelos revolucionários. O que dá um
tom assustador à turma do Taliban é pulverizar objetos de arte de tamanha
importância em pleno século XXI, acabando com a última riqueza do país: seu
passado.
Veja, 7 de março de 2001
<http://veja.abril.com.br/070301/p_052.html>
O Cristianismo e o Islamismo, por esses
fatos, nos dão a mostra de que a religião é a coisa que mais atrasou e continua
atrasando o progresso da humanidade. Ideias as mais primitivas e absurdas
são mantidas, e tentam impô-las ao resto do mundo, tendo como única base a
alegação de procederem de um ser onisciente. E ninguém se engane pensando
que o Cristianismo hoje é uma religião mais civilizada. Os cristãos só não
agem barbaramente como os muçulmanos, porque não têm poder para tanto. Mas, como
podemos ver nas tentativas de alguns dos nossos parlamentares, a vontade deles é
poderem obrigar o resto do mundo a seguir os ditames de suas crenças.
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