DPOC - DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
(31/05/2009)

"Doença pulmonar crônica obstrutiva cresceu 340% nos últimos 20 anos

 Cerca de 5,5 milhões de pessoas no Brasil sofrem de doença pulmonar crônica obstrutiva (DPOC). A sigla se refere ao conjunto de alterações pulmonares causadas por inalação tóxica. Na maioria das vezes, envolve fumantes ou ex-fumantes, mas também pode ser detectada em pacientes com quadro de asma grave ou trabalhadores de mina em contato com substâncias maléficas. “A DPOC é causada por uma resposta exagerada dos pulmões, que, ao serem diariamente irritados, geram um pocesso inflamatório, ou seja, é a maneira pela qual o pulmão se defende de seus agressores”, explica Iara Nely Fiks, pneumologista do Hospital São Luiz, de São Paulo, e autora do livro DP o quê? – Tudo o que você gostaria de saber sobre doença pulmonar obstrutiva crônica, lançado pela Editora Claridade.

Em alguns pacientes, o estrago nos brônquios causa bronquite crônica; no tecido do pulmão provoca enfisema. Além da presença de sintomas respiratórios crônicos, como tosse, produção de catarro e falta de ar, uma das principais complicações é a limitação das atividades diárias. “Em estágios avançados, o paciente não consegue subir escada”, explica.

Geralmente, a doença afeta pessoas acima dos 40 anos. O diagnóstico é feito a partir de exames de sopro (espirometria), que medem os fluxos e volumes do pulmão. “Se a relação entre todo o ar que cabe no pulmão e o assoprado no primeiro segundo for inferior a 70%, o diagnóstico é positivo.” No caso dos testes com raios X, eles excluem doenças como pneumonia, câncer e tuberculose.

Atualmente, profissionais da área de saúde notam uma tendência crescente do número de casos em mulheres. “Isso provavelmente reflete um aumento da exposição a fatores de risco, principalmente o tabagismo e a poluição doméstica gerada pela queima de combustíveis (uso de fogão a lenha), muito comum nos países pobres”, comenta Iara Fiks.

A grande maioria dos pacientes não apresenta alterações no exame físico, principalmente em estágios mais leves. Os pacientes mais severos podem apresentar um padrão respiratório característico e unhas arroxeadas. O emagrecimento e a atrofia da musculatura das pernas também é característico nos casos avançados.

Sintomas

A mudança de hábitos é o primeiro passo para lidar melhor com a doença, já que não há cura, mas os sintomas podem ser plenamente reduzidos se o paciente procurar ajuda médica. A pneumologista, inclusive, faz um alerta para quem se automedica. “Muitas pessoas, que não foram diagnosticadas por não consultar um médico, tendem a usar xaropes, medicamentos para inalação ou remédios caseiros, que são totalmente contra-indicados.”

Muitos pacientes relatam histórico de outras doenças, como problemas cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial. Medicamentos à base de brometo de tiotrópio, aliados à atividade física balanceada e sessões de oxigenação (dependendo da gravidade) contribuem para a melhora da qualidade de vida do paciente.

A Associação Brasileira de Portadores de DPOC publicou uma cartilha que inclui dicas e instruções direcionadas ao doente e aos familiares. Informações no site www.dpoc.org.br. (EC)

 

Definição

A sigla DPOC é usada para classificar tanto a bronquite crônica quanto o enfisema pulmonar, manifestados em conjunto ou separadamente

Diagnóstico

Para detectar o distúrbio, é necessário que o médico esteja atento aos sinais clínicos da doença, como falta de ar persistente, que se manifesta em praticamente todos os casos. A espirometria (teste de função pulmonar) é o exame complementar usado na avaliação dos pacientes. Embora a DPOC não tenha cura ainda, os sintomas podem ser controlados e, quanto mais precoce for feito o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento e, conseqüentemente, melhor será a qualidade de vida do paciente

Espirometria

• O ar se renova constantemente nos pulmões para viabilizar a hematose

• Para que essa troca gasosa ocorra nas quantidades adequadas, o ritmo e os movimentos dos pulmões têm que estar adequados

• O exame mede a quantdade de ar inspirado e expirado e indica o rendimento respiratório, ou seja, a velocidade de renovação do ar nos pulmões

• A análise dos resultados e o diagnóstico são feitos a partir de comparação com uma meta tida como dentro da normalidade

Como ocorre o distúrbio

O pulmão fica parcialmente cheio o tempo todo e não há reserva para inspirar e expirar rápido. Este mecanismo é chamado de hiperinsuflação por aprisionamento de ar. O ar entra, mas não consegue sair na velocidade adequada. A cada ciclo respiratório, sobra uma quantidade de ar dentro dos pulmões. Este ar deforma e estica toda a estrutura dos pulmões, prejudicando a função de oxigenar e trocar o ar “sujo” por “limpo”.

Dicas para conviver melhor com o problema

• Procure ter alguém em casa para ajudar nas tarefas cotidianas (um familiar, acompanhante ou enfermeira)

• Evite o uso de perfumes fortes ou spray para cabelo

• Fique longe da fumaça do cigarro, de locais com muita poluição e da poeira doméstica

• Tome banho sentado. Ao sair do chuveiro, use um roupão atoalhado, para poupar o trabalho de se enxugar

• Escove os dentes, penteie-se e faça a barba sentado, com os braços apoiados na pia

• Procure ter uma alimentação saudável, com frutas, vegetais, grãos e proteínas, evitando alimentos que fermentem e “estufem” o abdômen

• Beba bastante líquido, principalmente nos dias mais secos

• Respeite seu ritmo. Ande devagar e faça as coisas com calma. Quanto menos nervosismo, mais fáceis serão as tarefas

Tratamento

Medicamentos
Atividade física supervisionada
Oxigenoterapia

(sessões de oxigenação) (Estado de Minas, 30/05/3009)

O triste diagnóstico de Belo Horizonte:

"BH tem quase o dobro da média nacional de adultos que fumam mais de um maço por dia.

De acordo com pesquisa feita pelo Estudo Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel), o percentual de pessoas adultas que fumam um maço de cigarros ou mais por dia, em Belo Horizonte, é de 8%, ou seja, quase o dobro da média nacional, que é de 4,5%. Pneumologista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Júlio Abreu alerta os fumantes sobre o aparecimento de diversas doenças respiratórias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). 'A informação que temos é de um inquérito telefônico realizado pelo Ministério da Saúde, no qual o Vigitel constatou que, em BH, dos indivíduos acima de 18 anos, 19,3% são fumantes, em contraste com Maceió (AL), onde o índice é de apenas, 9,8%. Porém, em Porto Alegre (RS), este número sobe para 19,5% e, em São Paulo, para 21%', comenta.

A DPOC é causada pela inalação de substâncias tóxicas, principalmente as do cigarro.  Ela afeta adultos, especialmente a partir dos 40 anos, e requer tratamento específico para controlar os sintomas, como tosse, pigarro e falta de ar progressiva. De acordo com projeções  apresentadas no Consenso Brasileiro de DPOC, a doença afeta atualmente cerca de sete milhões de brasileiros.

Considerado a principal causa da DPOC, o tabagismo é responsável por 90% dos casos diagnosticados.  'A função do pulmão se reduz com a idade, ocasionando perda de volume do órgão a partir dos 25 anos. No paciente sensível aos efeitos do tabaco e que evolui com DPOC, essa perda é muito mais acelerada. Além do fumo, alguns outros fatores predispõem à doença, como a exposição à poluição, combustíveis domiciliares (carvão e lenha, por exemplo) e produtos industriais, além de fatores genéticos', alerta Júlio Abreu.

Por ser progressiva, a DPOC pode se manifestar mesmo depois de o indivíduo ter abandonado tabagismo.  'Ela destrói lentamente o pulmão do paciente e os sintomas só são percebidos a longo prazo.  Fumantes que abandonarem o hábito podem retardar a taxa de declínio da função pulmonar, mas a que já foi perdida não será recuperada. Por isso, os ex-fumante também precisa ficar atento aos sintomas e incluir a consulta ao pneumologista em seu checape anual', adverte.

Júlio Abreu ressalta que o tabagismo é responsável direto pelo desenvolvimento da DPOC e de várias outras doenças. 'Cerca de 30% de todos os cânceres estão relacionados ao cigarro, entre eles o de pulmão, boca, laringe, faringe, estômago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero.  O cigarro é responsável ainda por uma maior incidência de doenças coronarianas, derrame cerebral (AVC), distúrbios da circulação, impotência, úlceras gástricas, infecções respiratórias, osteoporose e problemas bucais, entre outros', observa o pneumologista.

Ele destaca que, apesar da alta prevalência, a DPOC costuma ser subestimada e subdiagnosticada, mesmo quando os sintomas são bem definidos. 'Por ser progressiva, muitas vezes os primeiros sinais da doença são ignorados, o que leva a um diagnóstico tardio, quando a capacidade pulmonar do paciente já está comprometida. para mudar esse quadro, é preciso estar atentos aos sintomas e incluir a consulta com o pneumologista como rotina do checape anual a partir dos 40 anos'.

A DPOC pode se manifestar também em ex-fumantes. Quem abandonou o hábito precisa ficar atento aos sintomas e procurar um pneumologista para realizar exames preventivos a partir dos 40 anos. 'Não existe certeza quanto à possibilidade de o chamado fumo passivo provocar a doença'."
(Fonte: Estado de Minas, 31/05/2009.
 

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