A JUSTIÇA DIVINA DOS HEBREUS
- 11/03/2003 -

 

 

Deus é perfeito, justo e bom – afirmam os cristãos. Mas a Bíblia afirma que ele faz coisas muito estranhas para se enquadrarem em termos de justiça.

VINGA A MALDADE DOS PAIS NOS FILHOS
 

"...porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam..." (Deuteronômio, 5: 9).

Vingar dos pais nos filhos. Ellen Gould White, com sua grande habilidade de adaptação das afirmações bíblicas, escreveu:
 

"É inevitável que os filhos sofram as conseqüências das más ações dos pais, mas não são castigados pela culpa deles, a não ser que participem de seus pecados. Dá-se, entretanto, em geral o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus pais. Por herança e exemplo, os filhos se tornam participantes do pecado do pai. Más tendências, apetites pervertidos e moral vil, assim como enfermidades físicas e degeneração, são transmitidos como um legado de pai a filho, até a terceira e quarta geração. Esta terrível verdade deveria ter uma força solene para restringir os homens de seguirem uma conduta de pecado". (Patriarcas e Profetas, p. 312).
 

Todavia, o registro de I Reis 11:34, 35 confirma a literalidade do segundo mandamento e refuta o argumento de E. G. White: "Todavia não tomarei da sua mão o reino todo; mas deixá-lo-ei governar por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei o reino e to darei a ti, isto é, as dez tribos".  Jeová estaria vingando a idolatria de Salomão no seu filho, nos termos do segundo mandamento.
 

A justiça divina segundo os hebreus teria sido executada também sobre Canaã por causa do desrespeito de seu pai, Cão, pela palavra de Noé (Gênesis, 9: 20-27).  O filho, que nada tinha feito, foi amaldiçoado, e toda a sua descendência, pela maldade do pai.
 

Resquício dessa justiça primitiva chegou até quase os nossos dias, atingindo os filhos e netos de Tiradentes. Seu julgador sentenciou: "declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real". Foi mais clemente do que o deus de Israel, injustiçando apenas os filhos e netos. Felizmente nossa atual Constituição, de modo diverso, afirma: "Nenhuma pena passará da pessoa do condenado".
 

O estranho comportamento de Jeová constante do segundo mandamento claramente reflete a concepção tacanha de justiça da civilização hebraica da idade clássica. Ver O HOMEM CRIOU DEUS À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA.


CONDUZ OS HOMENS À PRÁTICA DO MAL PARA DEPOIS CASTIGÁ-LOS
 

“Disse ainda o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará ir o povo” (Êxodo, 4: 21).
 

“Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. No entanto o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o Senhor tinha dito. (Êxodo, 8: 19). “Mas o Senhor endureceu o coração de Faraó, e este não os ouviu, como o Senhor tinha dito a Moisés” (Êxodo, 9: 12).. Aí está agindo o deus sádico. Não era o faraó que queria fazer a maldade, mas o deus dos hebreus que fez com que ele perpetrasse o mal.
 

“Mas Siom, rei de Hesbom, não nos quis deixar passar por sua terra, porquanto o Senhor teu Deus lhe endurecera o espírito, e lhe fizera obstinado o coração, para to entregar nas mãos, como hoje se vê” (Deuteronômio: 2: 30) Mais um que se comportou mal pela vontade do deus que lhe desejou a desgraça.
 

“Porquanto do Senhor veio o endurecimento dos seus corações para saírem à guerra contra Israel, a fim de que fossem destruídos totalmente, e não achassem piedade alguma, mas fossem exterminados, como o Senhor tinha ordenado a Moisés” (Josué, 11: 20). Mais uma vez, o mal procedente da vontade do todo-poderoso, que cria “o mal”.
 

“Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mateus, 11: 25). Mais uma vez, vemos o deus conduzindo os fatos em prejuízo de alguém.  Os sábios teriam rejeitado a mensagem de Jesus, não por serem maus, mas por serem impedidos de entender pelo deus perfeito dos judeus e cristãos.

 

E no Novo Testamento, a coisa é ainda pior.  No antigo, você só era assassinado, no novo você é torturado eternamente. Se você não acreditar nessas barbaridades, você está fadado a ficar por toda a eternidade ardendo nas chamas do Inferno: "quem não crer será condenado" (Marcos, 16:16).  E, mesmo que creia, para isso, basta você ser rico.

 

Os versículos acima apresenta um deus conforme a segunda alternativa de Epicuro. Pode impedir o mal e “não quer”, ou seja, é “perverso”. Ninguém tem culpa do mal que faz, porque é Deus que quer assim. Ele se compraz em endurecer os corações dos homens, para depois castigá-los. E ele próprio é que faz com que os homens não o reconheçam e não o aceitem. Isso é o que diz a palavra que os crentes chamam de "palavra de Deus".  Se esse deus existisse mesmo, seria muito assustador, terrível.

 

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