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PEDOFILIA E ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS
Texto confeccionado por Pedro Delgado de Paula, Advogado Trabalhista em
Belo Horizonte mestrando em Direito do Trabalho pela PUC/MG.
1.INTRODUÇÃO
A pedofilia e o conseqüente abuso sexual contra menores talvez seja o maior ato
de covardia de que um ser humano seja capaz.
Tal crime, atualmente muito exposto na mídia, em decorrência do caso Michael
Jackson e um pouco menos recente, a divulgação de fitas de vídeo onde o famoso e
bem conceituado médico ucraniano naturalizado brasileiro, Eugênio Chipkevitch,
abusava sexualmente de crianças, seus pacientes, constitui-se num trauma que
estas crianças carregarão para sempre em suas vidas.
Essa síntese pessoal tem por objetivo prestar maiores esclarecimentos sobre o
assunto pedofilia e abuso sexual na infância, temas muito em voga no contexto
atual e sempre.
2.O QUE É PEDOFILIA?
Segundo os especialistas, pedofilia é um distúrbio de conduta sexual, onde o
indivíduo adulto sente desejo compulsivo, de caráter homossexual ou
heterossexual, por crianças ou pré-adolescentes.
Esse distúrbio ocorre em função do sentimento de impotência e incapacidade de
obter satisfação sexual com pessoas adultas e a maioria dos casos ocorrem com
homens de personalidade tímida.
Na opinião dos pedófilos, pedofilia é uma orientação sexual, como
heterossexualidade, homossexualidade ou bissexualidade. Clinicamente falando, um
pedófilo é uma pessoa adulta que deseja sexo com crianças.
Defendem ainda que a palavra pedófilo significa “amante de crianças”, ou seja,
amam as crianças. Argumentam que os verdadeiros pedófilos não se interessam
exclusivamente por crianças para sexo... eles estão contentes na companhia de
crianças. Amam e se preocupam com elas além de as desejar para a atividade
sexual.
Por fim, sustentam que os pedófilos não são extremamente comuns, embora eles
existam desde muitos séculos atrás, podendo um pedófilo ser, literalmente, quase
qualquer um que você conheça. Justificam-se alegando que é por causa do estigma
social ligado ao sexo entre adultos e crianças, que a maior parte dos pedófilos
escondem o que eles são do mundo, pois enfrentam prisão por causa de suas
visões.
3.PERFIL DO PEDÓFILO
Pedófilos podem ser heterossexuais, homossexuais e bissexuais. Podem ser homem
ou mulher, mas muitos dos casos relatados são de homens casados, insatisfeitos
sexualmente.
Geralmente são portadores de distúrbios emocionais que dificultam um
relacionamento sexual saudável com suas esposas.
Ante esta dificuldade de um relacionamento sexual saudável e do sentimento de
inferioridade e impotência perante o parceiro adulto, o pedófilo procura a
segurança na ação sexual e no controle da situação diante da criança.
Trata-se de uma manifestação libidinosa muito ligada à impotência concreta, o
olhar desejoso em relação à infância revela uma fantasia de domínio absoluto e
transgressão. É como se a inocência da menina pudesse excitar a fragilidade do
homem inseguro quanto à sua própria identidade sexual.
Na verdade, trata-se de doença e lesão no desenvolvimento da sexualidade e da
personalidade, que pode se associar a comportamento doloso de natureza criminal
(abuso sexual de menores), devendo esta realidade ser verificada com cautela
para que o criminoso não se acoberte, debaixo das atenuantes de problemática
emocional.
4.QUANDO A PEDOFILIA SE TRANSFORMA EM ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS
A partir do momento em que o desejo de se relacionar com crianças deixa de ser
apenas um desejo, atravessando a barreira da imaginação para o contato real com
a criança, a pedofilia deixa de ser apenas pedofilia para se tornar abuso
sexual.
Abuso sexual constitui-se em todo e qualquer comportamento sexual inadequado com
uma criança. Inclui carícias nos órgãos genitais da criança, do mesmo modo que a
criança acariciando os órgãos genitais do adulto, relações sexuais, incesto,
estupro, sodomia, exibicionismo e exploração sexual.
Estas atitudes, aliadas à ingenuidade e incapacidade de se defender das
crianças, somados ainda ao medo, vergonha e humilhação que as mesmas sentem, ao
terem consciência da violência que sofreram, constitui-se na maior covardia que
o ser humano (termo inadequado para caracterizar quem pratica esta violência)
pode cometer, sendo certo que estes monstros somente conhecem a verdadeira
punição ao seu crime, não quando são presos e condenados pela Justiça, mas sim
quando encontram-se com os criminosos comuns nos presídios, que se sensibilizam
com este crime, e aplicam-lhes o verdadeiro corretivo.
5.SINAIS DE ABUSO SEXUAL
Geralmente a criança que sofre abuso sexual se sente demasiadamente humilhada,
envergonhada e muitas vezes tem medo de contar para alguém a violência por que
passou ou vem passando, assim, para se saber se uma criança foi vítima ou ainda
vem sofrendo o abuso, é importante observar um ou mais dos seguintes
comportamentos indicativos:
a)Brincadeira sexual persistente com outras crianças, elas próprias, brinquedos
ou animais.
b)Dor inexplicada, inchaço, sangramento ou irritação na boca, área genital ou
anal; infecções urinárias; doenças sexualmente transmissíveis.
c)Conhecimento sexual exibido por linguajar ou comportamento que estão além do
que é normal para a idade delas.
d)Medo ou aversão de certas pessoas ou lugares.
e)Atividade sexual ou gravidez precoce.
f)Drogas ou problemas com álcool.
6.PREVENÇÃO DE ABUSO SEXUAL
Quatro pontos principais precisam ser ensinados a crianças:
a)Acredite nos seus sentimentos. Diga não!
b)Fuja!
c)Conte e continue contando até que alguém escute e acredite em você.
d)Nunca é sua culpa se alguém a/o tocar inapropriadamente.
É mais provável que a pessoa que abusa sexualmente da criança seja alguém que a
criança conheça e confie, ao invés de um total desconhecido. Sendo assim, é
importante que os pais e pessoas em que a criança confiem estejam sempre prontas
a ouvir a criança, assim como acreditem, ou pelos menos investiguem quando o
menor lhes procurarem.
Sabe-se que a maior parte dos abusos sexuais contra as crianças é praticado
pelos próprios pais. Desta forma, é importante ensinar à criança a comunicar
caso qualquer pessoa a toque de maneira desagradável ou que considere fora do
comum.
7.A CRIANÇA E O ABUSO SEXUAL
A monstruosidade do abuso sexual de crianças, além de ser reprovável por si só,
traz para o menor sérias conseqüências, conseqüências que carregará para o resto
de sua vida.
Inicialmente é importante observar que o abuso sexual geralmente ocorre por
parte dos pais da criança ou por alguma pessoa de sua confiança.
Sendo o abuso praticado por um dos pais, a criança, cuja base é sua família,
principalmente representada pelos pais, se vê numa situação completamente
desesperadora, pois não conta para o outro pai a violência sofrida, com medo de
extinguir a sua família.
Por outro lado, se conta para o outro parente a violência sofrida, muitas vezes
é tida como mentirosa, sofrendo repressão decorrente da fraqueza e medo do outro
cônjuge de ver dissolvido o ‘casamento maravilhoso’, ficando assim covardemente
entregue a uma vida marcada pela impunidade e covardia.
Quando o abuso é praticado pelos dois pais, pilares máximos de sua vida, resta
ao menor apenas crescer e rezar para morrer, pois será descrente de qualquer
valor que possa lhe ser transmitido.
Caso o abuso seja praticado por uma pessoa de sua confiança, isto lhe tirará
qualquer possibilidade de vir a confiar em outra pessoa, sendo certo que o medo
de contar para os pais esta humilhação, talvez lhe faça amargar para sempre esta
lembrança.
Ressalte-se ainda que o abuso sexual da criança sempre lhe trará medo e
vergonha, o que muitas vezes fará com que ela se cale ao invés de procurar por
ajuda, para não ter que passar novamente pela humilhação de expor aos pais ou
amigos, ou mesmo à autoridade policial, a violência que sofreu.
Por fim, chame-se a atenção para o fato de que em 100% dos casos de crianças
molestadas sexualmente, as mesmas sofrerão de dificuldades sexuais ou emocionais
na vida adulta.
8.CONCLUSÃO
Finalmente, como conclusão deste trabalho sobre pedofilia e abuso sexual da
criança, vale transcrever as palavras de Freitag R, Lazoritz S, Kini N, no livro
“Psychosocial aspects of child abuse for primary care pediatricians”, Pediatr
Clin North Am 1998, Apr; 45 (2): 391-402:
“A infância é a imagem que se usa para chamar a atenção e elevar no espírito o
sentimento de zelar pela inocência. A sociedade freqüentemente conclama para a
proteção de nossas crianças e o fortalecimento da saúde familiar. Ao mesmo
tempo, milhares de crianças experimentam a violência de maneira regular e suas
vidas são irremediavelmente alteradas. Para essas crianças, os locais de
violência não são a guerra da periferia das cidades ou o crime que domina as
ruas, mas dentro das suas próprias casas.”
9.BIBLIOGRAFIA
Artigo “Abuso Sexual na Infância”, de M. L. S. Kuhn, J. E. S. Reis, A. Trindade
Filho, extraído do site http://www.geocities.com/projetopiracema
Informações obtidas no curso de Psicologia Jurídica do CEAP, BH/MG.
Informações obtidas no site http://orbita.starmedia.com/~dossiepedofilia
http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/3377/PEDOFILIA_E_ABUSO_SEXUAL_CONTRA_CRIANCAS
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