A REENCARNAÇÃO

15/08/2001

 

A crença na reencarnação é muito antiga, mais antiga do que a Bíblia. Mas não é ensinada por nenhum dos mestres bíblicos. Imaginemos a hipótese de existir a reencarnação. Seria a coisa mais injusta e sem sentido. Que proveito teria você pagar pelos erros cometido por uma pessoa da qual você não tem qualquer lembrança ou informação? Seria pior do que aquela justiça divina de vingar no filho o erro cometido pelo pai.

 

Em primeiro lugar, deve ter surgido a teoria do espírito ou alma imaterial, quando o homem, não compreendendo o complexo mecanismo do sonho, ao se encontrar em lugares distantes sem haver saído do seu leito, imaginou ser, não somente um ser físico, mas um corpo e uma entidade imaterial que podia sair do corpo e viajar enquanto o corpo estivesse em repouso. Essa entidade, à qual chamou espírito, é que comandava toda sua vida, sendo o corpo apenas um instrumento comandado por esse espírito. Depois do espírito, se criou a crença em que um mesmo espírito possuía várias vidas, isto é, vários corpos sucessivamente, encarnando um ao sair do outro que morresse (reencarnação).

Assim começou o espiritismo, em tempos muito remotos.

 

O espiritismo moderno considera a reencarnação um coisa apenas dos humanos, os quais, unicamente, segundo eles, possuem espírito: “O espírito de um homem que já viveu pode voltar em outro corpo e conservando os 'mesmos poderes' (qualidades morais e conhecimentos), a fim de cumprir missões ou expiações necessárias ao progresso do mundo e/ou do Espírito do encarnado” (Jornal Espírita, Abril de 1993, página 4).  

 

Mas o mais ilógico da crença na reencarnação é que não temos qualquer lembrança de uma vida passada.  Se não sabemos o que fizemos, com que justiça iremos pagar por isso?

 

Algumas das religiões mais primitivas, no entanto, crêem que as reencarnações são alternadas entre humanos e irracionais, ou até vegetais, como se extrai da Nova enciclopédia Larousse de Mitologia: “As almas dos mortos não raro transmigram para o corpo de animais, ou podem até mesmo reencarnar em plantas'. Assim, os zulus não matam certos tipos de cobra que eles crêem ser espíritos de parentes”. (O Homem em Busca de Deus, da Sociedade Torre de Vigia, página 56).

 

Nos dias em que se escreveram as histórias dos patriarcas, eram conhecidas algumas práticas espíritas entre o povo de Israel. A Lei Mosaica, todavia, considerava abominável a consulta aos mortos. Os necromantes (aqueles que consultam os mortos) já existiam naquela época, mas não deviam ser consultados pelos filhos de Israel (Levíticos, 19:31). A pena para quem procurasse os consultores dos mortos era a morte (Levíticos, 20: 6). Se o israelita praticasse a necromancia, também tinha a morte como recompensa de sua abominável prática (Levíticos, 20: 27). Não obstante, essa recomendação nem sempre foi obedecida. Diz o texto bíblico que Saul, o primeiro rei de Israel procurou uma “médium” consultora de espíritos (1 Samuel, 28: 1 a 21). 

 

Segundo as mais cuidadosas análises do texto bíblico, os primeiros livros bíblicos se constituem de uma síntese de obras de vários escribas. Disso certamente é que provém as grandes divergências encontradas nesses textos, como encontramos em alguns lugares afirmações de que o homem morre e não torna a viver e não sabe coisa alguma, ao passo que em outros lugares se fala até em comunicação com os mortos; mas nunca em reencarnação.

 

Outras fontes, porém, informam ser a reencarnão uma crença antiquíssima, remontando a tempos anteriores à Bíblia. Todavia, a teoria da reencarnação, ao contrário da crença no espírito imaterial, era estranha ao povo de Israel, jamais sendo mencionada em todo o texto do Velho Testamento.  Jó teria dito: “Oxalá me encobrisses na sepultura e me ocultasse até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasse de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó, l3: 13 e 14). Era assim que ele cria: “...o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó, 13: 12). Há uma versão que diz: "Passarão os céus, e ele não acordará nem será despertado do seu sono". Salomão não cria na existência de consciência após a morte: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma” (Eclesiastes, 9:5). Daniel, em sua última visão, disse ter recebido a mensagem angélica: “...descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança” (Daniel, 12: 13). Embora Daniel seja do Velho Testamento, esse livro já foi escrito, pelo menos em parte, depois do cativeiro de Babilônia, como se pode ver em A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS.

 

Quando, segundo o evangelho de João, Jesus, em sua linguagem figurada, disse: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, tendo Nicodemos perguntado se era “voltar ao ventre materno e nascer segunda vez”, ele explicou que não era nenhum novo nascimento físico, mas uma renovação espiritual: “o que é nascido da carne é carne; o que é nascido do espírito é espírito” (S. João, 3: 3 a 6). Paulo falou mais claramente desse novo nascimento: “vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e VOS RENOVEIS NO ESPÍRITO DO VOSSO ENTENDIMENTO, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão e procedentes da verdade.” (Efésios, 4: 22 a 24).

 

Por outro lado, há um único registro bíblico que nos dá a entender que essa doutrina reencarnacionista já era do conhecimento de cristãos: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seu pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João, 9: 2). Se os discípulos imaginaram a hipótese de ser o pecado do próprio cego a causa de ele nascer assim, eles acreditavam na idéia de o homem ter mais de uma vida; pois só assim ele poderia pecar e depois nascer cego como castigo. A resposta do mestre, contudo, não confirmou a crença dos discípulos.

 

O Apóstolo Paulo, ao que me parece, quis prevenir os cristãos contra alguém que devia estar pregando entre eles a teoria de que o homem passa por várias vidas e mortes; pois escreveu ele: “...aos homens está ordenado, morrerem UMA Só VEZ, depois disto o juízo” (Hebreus, 9: 27).

 

UMA BUSCA DE APOIO

 

Dois pontos bíblicos são usados no sentido de conseguir apoio para a teoria da reencarnação:

 

João Batista era “Elias, que estava para vir” (S. Mateus, 11: 13 e 14). Assim afirmam ser a reencarnação. Se reencarnação é um corpo com o espírito de outro que já morreu, João não podia ser reencarnação de Elias; pois Elias, segundo o texto bíblico, não morreu: foi tomado vivo e “subiu ao céu num redemoinho” (2 Reis, 2: 11). Para admitir sua reencarnação, teríamos que afirmar o inaceitável, que Elias, após subir vivo ao céu, sem passar pela morte na Terra, tenha morrido no céu, para se reencarnar em João. Roma, a cidade que dominava “sobre os reis da terra” (Apocalipse, 17: 18) nos dias apostólicos, era “Babilônia” (Apocalipse, 17: 5 e 18: 1 a 24). Não se tratava de nenhuma reencarnação, mas a linguagem cristão queria dizer que Roma tinha o espírito de Babilônia, assim como João tinha “o espírito de Elias”, isto é o caráter e o poder de Elias; “sua missão era converter os corações dos pais aos filhos”, como a missão de Elias; era um profeta como Elias (S. Lucas, 1: 17).

 

Nascer de novo é a expressão que usam com toda ênfase possível para apoiar a reencarnação. Outro equívoco. Quando o evangelho afirma que Jesus, em sua linguagem figurada, disse: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, Nicodemos perguntou se era “voltar ao ventre materno e nascer segunda vez”, que é o que pregam os reencarnacionistas. Jesus, porém, explicou que não era nenhum novo nascimento físico, mas uma renovação espiritual: “o que é nascido da carne” (nascer fisicamente) “é carne; o que é nascido do espírito” (uma nova mentalidade, novo caráter) “é espírito” (S. João, 3: 3 a 6). Imaginem se a condição para a salvação fosse a reencarnação, não estaria à escolha do homem; pois ninguém escolhe se vai ou não reencarnar. Se assim fosse, Paulo, mensageiro do evangelho de Cristo, teria pregado para os cristãos morrerem e tornarem a nascer, em vez de dizer: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e VOS RENOVEIS NO ESPÍRITO DO VOSSO ENTENDIMENTO, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Efésios, 4: 22 a 24).

 

Ao contrário do que ensina os reencarnacionistas, ele disse: “...aos homens está determinado morrerem uma só vez, depois disto, o juízo” (Hebreus, 9: 27). Paulo, sentindo-se no fim da vida, longe de pensar que iria ter uma outra vida pelo espírito reencarnado, esperava ter sua recompensa “naquele dia”, o dia do Juízo Divino, na “sua vinda” (de Cristo) (2 Timóteo, 4: 7).  Jesus, ao invés de afirmar que os habitantes de Cafarnaum teriam novas reencarnações para pagarem seus pecados, “cumprir missões ou expiações necessárias ao progresso ... do espírito do encarnado” (Jornal Espírita supracitado), afirmou que seriam punidos havendo para eles rigor maior do que para a terra de Sodoma, mas “no dia do juízo” (S. Mateus, 11: 23 e 24).

 

Nenhum ensinamento encontramos na Bíblia que nos dê a idéia de outras vidas, senão uma aqui no mundo e outra no reino celeste após a volta de Cristo. E essa idéia nunca foi cogitada antes do cativeiro babilônico. O único texto em que cristãos manifestaram a crença de que o homem tivesse mais de uma vida é o de João, 9:2.  Mas a resposta de Jesus não diz que existe reencarnação.

 

Eu não creio que um dia eu venha a voltar à vida segundo a teoria da “ressurreição”, mas é essa a ideia clara que encontramos no Novo Testamento. A doutrina cristã é ressurrecionista, não reencarnacionista. A ressurreição, para vida eterna ou tormento eterno, como pregam a maioria dos cristãos, seria uma grande injustiça, porque ninguém em sã consciência acharia correto uma punição de mil anos por uns poucos desvios cometidos por uma pessoa durante uns trinta anos. Agora, imagine por tempo indefinido, sem fim. Já a reencarnação, esta seria também injusta e mais sem sentido. De que aproveitaria você pagar pelos erros cometido por uma pessoa desconhecida da qual você não tem qualquer lembrança ou informação? Qual a lógica para isso trazer “progresso do mundo e/ou do Espírito do encarnado”? Seria pior do que aquela justiça divina de vingar no filho o erro cometido pelo pai. Para você se regenerar você precisa saber que está sendo punido por algo que você tenha consciência de ter praticado.  Isso, nem o cristianismo primitivo, nem os hebreus com todos seus primitivismo pregaram.   Eu me pergunto: há no mundo pessoas tão boas que se disponham voluntariamente a pagar pelos erros de um estranho e viver em função de dar uma boa vida para outra pessoa desconhecida?  Considerando o egoísmo natural de todo ser vivo, a crença na reencarnação não faz bem.

 

Vejam um exemplo do que seria a reencarnação em MINHAS ENCARNAÇÕES.

 

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