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O CIGARRO E O EMPREGO – AS PERDAS COM O VÍCIO -- 03/11/2006

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"Pesquisa mostra que fumante recebe salário mais baixo

Os profissionais fumantes estão pagando um preço pelo vício. Além do que gastam com cigarro, é claro. É que quem fuma ganha menos, segundo pesquisa do Grupo Catho feita com 31 mil executivos de todo o Brasil. Para todos os cargos existe uma diferença de salário entre os que fumam e os que não fumam, que, aliás, é maior na medida em que o nível hierárquico do profissional vai aumentando.

Os presidentes que não fumam, por exemplo, ganham em média R$ 21.849, enquanto os que fumam recebem cerca de R$ 18.194 — menos R$ 3.654. Entre os diretores, a diferença é bem menor: de R$ 603, considerando-se salários médios de R$ 10.482 dos não-fumantes e R$ 9.879 dos que fumam. Entre os profissionais especializados, a diferença salarial é a menor de todas as categorias: R$ 125 a mais para quem não tem o vício.

Apesar da consciência dos riscos do tabagismo, os presidentes e gerentes-gerais são os que fumam mais, com um total de 22,76% entre os pesquisados. Na segunda posição, encontram-se os diretores: 18,52% são fumantes. Descendo os degraus na hierarquia da organização, a porcentagem de fumantes cai.

“A pesquisa não aponta o motivo pelo qual as empresas pagam mais aos não-fumantes, isso não faz parte dos planos de cargos e salários. É mais provável que seja uma recompensa inconsciente, já que esse trabalhador rende mais”, explica o consultor Thomas Case, presidente do Grupo Catho.

Mas, para os consultores de RH, as diferenças salariais podem refletir uma economia das empresas. A paradinha para o cigarro e o café, o índice de faltas ao trabalho e o aumento do custo para os planos de saúde estão sendo mensurados e questionados. Companhias que já realizavam campanhas educativas estão, inclusive, adotando programas mais agressivos para ajudar seus empregados a largarem o vício.

Tais campanhas de combate ao fumo estão fazendo efeito. Ainda segundo a pesquisa do Grupo Catho, do total, apenas 13,82% dos entrevistados são fumantes — uma sensível redução em relação a 1997, quando o percentual era de 19,59%. E vale tudo na luta contra o tabagismo. De terapias alternativas a tratamentos médicos à base de reposição de nicotina, com adesivos e gomas de mascar.

Segundo pesquisa da Viesanté, empresa que se propõe a livrar outras companhias do tabaco, cada fumante custa R$ 4.354 por ano a mais que um funcionário não-fumante. Desse total, 49% referem-se ao tempo parado para fumar, 36% às faltas e 15% a custos médicos. A pesquisa foi feita em 14 companhias, que têm 118.300 funcionários. E que perderiam, ao ano, cerca R$ 120 milhões por causa do cigarro. Das empresas pesquisadas, 24% dos funcionários são fumantes. Nicolas Toth, diretor da Viesanté, afirma que o levantamento mostra que os fumantes faltam quase dez dias a mais que os outros, param no mínimo 30 minutos por dia para fumar e têm gastos com plano de saúde 40% maiores.

Entre as empresas que já implantaram ações de combate ao tabagismo, estão a Lubrisol, multinacional de aditivos químicos, e a Philips.

“Junto com uma campanha educativa, decidimos restringir as áreas da empresa onde é permitido fumar. Atualmente, só é permitido no estacionamento, que é até um pouco distante do prédio da empresa” conta Wagner Luiz Sá, diretor de RH da Lubrisol. Na Philips, a ação foi além: depois das áreas restritas para o fumo e das campanhas de sensibilização, foi oferecido um tratamento médico para os funcionários que querem largar o cigarro.

“O tratamento utiliza medicamentos de reposição de nicotina e também oferece, como suporte, terapias como homeopatia, acupuntura e assistência psicológica, além de nutricionistas e um programa de condicionamento físico”, explica o médico responsável pelo programa Mais Vida, Walter Aranda. (O Globo, 20/03/06).

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