Câmara aprova projeto que permite que
empresas comprem vacinas
Empresários poderão comprar vacinas sem aval da Anvisa
Publicado em 07/04/2021 - 18:31
Por Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência
Brasil - Brasília
A Câmara dos Deputados concluiu nesta quinta-feira (7) a votação do projeto que
permite à iniciativa privada comprar vacinas para a imunização de empregados,
desde que seja doada a mesma quantidade ao Sistema Único de Saúde (SUS). A
proposta será enviada para análise do Senado.
Segundo o texto, os empresários poderão comprar vacinas que ainda não tiveram
aval da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde que autorizadas por
agências reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa aquisição
pode ser feita diretamente pelas empresas ou por meio de consórcio.
A medida autoriza que trabalhadores prestadores de serviço também sejam
beneficiados com a vacinação, inclusive estagiários, autônomos e empregados de
empresas de trabalho temporário ou de terceirizadas. O texto prevê que a
vacinação dos empregados deve seguir os critérios de prioridade estabelecidos no
Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O projeto libera empresas a contratarem estabelecimentos de saúde que tenham
autorização para importar e dispensar as vacinas, como hospitais, laboratórios
ou farmácias, para intermediar a compra do imunizante.
Multa
Em caso de descumprimento das exigências, a empresa estará sujeita ao pagamento
de multa equivalente a dez vezes o valor gasto para comprar vacinas, além de
sanções administrativas e penais.
Economia
Para o deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), a proposta pode diminuir o impacto da
pandemia de covid-19 no setor econômico do país.
"A vacinação se constitui, por enquanto, a principal ferramenta para debelar a
crise econômica ocasionada pela covid-19. Nesse sentido, é imprescindível e
urgente a viabilização de medidas que permitam a imunização do maior número de
pessoas no menor espaço de tempo, a fim de evitar o aumento no contágio, o
colapso no sistema de saúde e o agravamento da crise econômica e trabalhista
decorrente da pandemia", afirmou o congressista.
Impasse
Na avaliação de parlamentares de oposição, a matéria vai instituir uma fila
dupla para vacinação no país. Os deputados de partidos contrários ao projeto
usaram o chamado “kit obstrução” para tentar adiar a apreciação da matéria.
“Nós estamos, infelizmente, no nosso ponto de vista, consolidando a criação de
uma fila dupla para acesso à vacina, em um cenário em que há escassez de
insumos, em um cenário em que nem mesmo o Governo — porque não quis comprar
vacina lá atrás — tem vacinas para oferecer para o povo brasileiro. Então, há
uma possibilidade nesse momento de se romper com o Plano Nacional de Imunização,
de se vacinarem pessoas sem critérios epidemiológicos”, afirmou a líder do PSOL,
deputada Talíria Petrone (RJ).
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, argumentou que os
empresários encontrarão barreiras para adquirir os imunizantes já que as
produtoras de vacinas comercializam direto com os governos dos países.
“Quem vendeu para o Ministério da Saúde já disse publicamente que não vende para
empresário, nem aqui no Brasil, nem na Europa, nem nos Estados Unidos, porque
são empresas sérias que não se submetem a essa ação inescrupulosa que,
infelizmente, está sendo aprovada, que vai furar fila da vacina no nosso País”,
argumentou.
“Já disseram que não vendem, que não fazem negócio, e não fazem, porque sabem da
insegurança que é essa ação. Elas sabem, inclusive, que está no texto da lei que
a autoridade da OMS não está exigindo a certificação de nível quatro, que é o
que estava na lei anterior. Ouçam parlamentares, estão aprovando algo que vai
permitir a importação de vacinas de baixa qualidade”, completou.
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2021-04/camara-aprova-projeto-que-permite-que-empresas-comprem-vacinas>
Errata: "quinta-feira (7)", leia-se
"quarta-feira (7)".
Do meu ponto de vista, será benéfica
essa autorização. Com as empresas tendo direito a comprar vacinas, alguns
produtores se esforçarão para produzir mais para atender a demanda, e os
trabalhadores, que são a classe que corre maior risco, terão essa oportunidade
de se imunizar, além do que as atividades que estão suspensas poderão ter
condições de voltar a funcionar, e será muito bom para a economia do país.
Outrossim, a cota de vacinas obrigatória para doação ao SUS será um benefício ao
Estado.
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