CPI da Covid é criada pelo Senado
Augusto Castro | 13/04/2021, 19h46
Sessão Deliberativa Remota (SDR) do Senado Federal realizada a partir da sala de
controle da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen). Na ordem do dia,
o PL 1.315/2021, projeto que restabelece a lei que instituiu a situação de
emergência da saúde pública causada pela pandemia de covid-19. O PL 5.546/2020,
que prevê autorização permanente para que associações, fundações e organizações
religiosas façam reuniões, assembleias e votações por meio eletrônico. Também na
pauta o PL 6.298/2019, que cria o Formulário Nacional de Avaliação de Risco, a
ser aplicado no momento do registro da ocorrência de violência contra a mulher,
e o PLP 10/2021, que estende a permissão para estados, municípios e o Distrito
Federal usarem saldos de repasses do Ministério da Saúde de anos anteriores aos
fundos de saúde. Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
conduz sessão. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, leu nesta terça-feira, na sessão
deliberativa remota, o requerimento de criação da CPI da Covid
Jefferson Rudy/Agência Senado
Saiba mais
CPI da Covid é criada com objetivos ampliados
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, leu nesta terça-feira (13) o
requerimento de criação da CPI da Covid. Apresentado pelo senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), o documento estipula que essa comissão parlamentar de
inquérito investigará ações e omissões do governo federal no enfrentamento da
pandemia e o colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano.
Entretanto, o presidente do Senado decidiu apensar ao requerimento de Randolfe
outro requerimento de criação de CPI, do senador Eduardo Girão (Podemos-CE),
para investigar a aplicação de recursos federais por estados e municípios no
combate à pandemia, o que amplia o escopo do colegiado. Agora, as lideranças de
partidos e de blocos no Senado terão que indicar os membros que integrarão a CPI
da Covid, obedecida a proporcionalidade.
Pacheco registrou que a leitura estava sendo feita em atendimento à medida
cautelar expedida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal (STF). No trecho da decisão de Barroso lido por Rodrigo Pacheco, o
ministro determina que o presidente do Senado adote as “providências necessárias
à criação e instalação de comissão parlamentar de inquérito”.
O presidente do Senado afirmou, ainda, que juntou os dois requerimentos por
tratarem de matéria conexa, e que só seria aproveitada a parte do requerimento
de Eduardo Girão referente à fiscalização dos recursos da União repassados aos
demais entes federados para as ações de prevenção e combate à pandemia da covid-19.
Ou seja, não será objeto da CPI as matérias de competência constitucional
atribuídas aos estados, Distrito Federal e municípios, como determina o
Regimento Interno do Senado Federal.
— Corroborando essa tese, com base também em parecer da Advocacia-Geral do
Senado, esclareço que são investigáveis todos os fatos que possam ser objeto de
legislação, de deliberação, de controle ou de fiscalização por parte do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, o que, a contrário
senso, implica que estão excluídos do âmbito de investigação das comissões
parlamentares de inquérito do Poder Legislativo federal as competências
legislativas e administrativas asseguradas aos demais entes Federados — disse
Pacheco, antes de determinar que os líderes já podem indicar os membros para a
CPI da Covid.
Ficou em suspenso a definição de como se darão os trabalhos da CPI da Covid, se
presenciais, semipresenciais ou remotos.
CPI remota
Antes da decisão do presidente do Senado, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) pediu
para que a CPI fosse adiada em virtude do atual cenário da pandemia de covid-19
no país. No decorrer da sessão vários outros senadores acompanharam o mesmo
argumento, alegando que seria muito difícil uma CPI remota.
— É impossível falar de CPI nas próximas semanas enquanto não tivermos um mínimo
de imunização — disse Eduardo Gomes.
Para o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), o momento não é oportuno para
uma CPI devido à atual força da pandemia.
Já Randolfe Rodrigues e outros senadores, entretanto, defenderam a instalação
imediata da CPI.
— Assim como foi possível, antes do agravamento da pandemia, o Plenário do
Senado funcionar de forma semipresencial, assim como foi possível, antes do
agravamento da pandemia, as comissões permanentes de forma semipresencial
escolheram seus membros, é perfeitamente possível uma Comissão Temporária
funcionar de forma semipresencial no Plenário do Senado, com todos os protocolos
necessários devidos — afirmou Randolfe.
Recursos federais
Girão afirmou que o objetivo de seu requerimento não é investigar estados e
municípios, mas apenas a aplicação de recursos federais com possíveis desvios ou
irregularidades, como superfaturamentos. O senador Alvaro Dias (Podemos-PR)
também apoiou que a investigação abranja também a aplicação de recursos federais
por estados e municípios.
Por sua vez, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) cobrou a instalação da chamada
CPI das ONGs, cujo requerimento de criação foi lido antes do início da pandemia.
O presidente do Senado determinou, então, que as lideranças partidárias indiquem
os membros para essa comissão.
Decisão monocrática
O senador Carlos Viana (PSD-MG) pediu para que o presidente do Senado não
aceitasse a decisão monocrática do STF. Para ele, a liminar de Barroso invade
prerrogativas dos senadores.
— Não permita que essa CPI entre pelas portas dos fundos.
Os senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Luiz do Carmo (MDB-GO)
defenderam prorrogar o início dos trabalhos da CPI por alguns meses, já que o
país passa pelo pior momento da pandemia.
— Não temos como fazer uma CPI neste momento da pandemia — afirmou Luiz do
Carmo.
Direito da minoria
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lembrou que a criação de CPIs é um
direito da minoria que será um desdobramento natural as investigações chegarem a
fatos ligados a estados e municípios. Ele acrescentou que deve caber ao plenário
da CPI se os trabalhos serão presenciais, remotos ou semipresenciais.
O perigo de uma CPI presencial durante a pandemia também foi apontado pelo
senador Carlos Portinho (PL-RJ). Para ele, todos concordam que a minoria tem
direito à CPI e que há muitos fatos que precisam ser investigados, mas o momento
não seria oportuno.
Em seguida, Omar Aziz (PSD-AM) disse que Rodrigo Pacheco estava obrigado a ler o
requerimento da CPI da Covid em virtude da decisão de Barroso. Entretanto, ele
criticou os senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira por terem
entrado no STF para forçar a instalação da CPI.
— Eu não faria isso nunca. Nós temos que decidir nossas próprias questões. Vossa
Excelência tem que instalar a CPI, quem quiser paralisar a CPI que vá ao
Supremo. Eu não faço isso — afirmou Omar Aziz.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), por sua vez, defendeu o direito de Kajuru
e Alessandro Vieira ingressarem na Justiça para defender direito atingido.
— Ordem judicial não se discute, cumpre-se. Quem estiver insatisfeito que
apresente uma PEC para mudar as decisões monocráticas.
CPI presencial
Os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Fernando Collor (Pros-AL) afirmaram que é
praticamente impossível uma CPI trabalhar se não for de forma presencial.
— Não há nenhuma possibilidade de uma CPI funcionar de forma adequada de maneira
não-presencial — afirmou Collor, salientando que tem 40 anos de experiência de
vida pública.
A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) comunicou a apresentação de um projeto de
resolução para permitir o funcionamento de CPIs de maneira remota ou
semipresencial.
Também participaram dos debates os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Nelsinho
Trad (PSD-MS), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Izalci Lucas (PSDB-DF), Humberto
Costa (PT-PE), Simone Tebet (MDB-MS), Jean Paul Prates (PT-RN), Elmano Férrer (Podemos-PI)
e outros.
Fonte: Agência Senado
<www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/04/13/senado-cria-cpi-da-covid>
Plenário do STF confirma abertura de CPI da Covid no Senado
Por 10 a 1, corte referendou liminar
Senado decide se presencial ou virtual
Lucas Mendes
14.abr.2021 (quarta-feira) - 15h38
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), confirmou por maioria de votos a
abertura no Senado de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para
investigar possível omissão do governo federal no combate à pandemia.
O julgamento, nesta 4ª feira (14.abr.2021), referendou a decisão liminar
(provisória) do ministro Roberto Barroso que havia determinado a abertura do
colegiado na última 5ª feira (8.abr). Eis a íntegra do relatório de Barroso (457
KB).
O placar foi de 10 a 1. O único que não acompanhou a decisão do relator foi o
ministro Marco Aurélio. Entendeu que não cabia referendo à decisão provisória de
Barroso.
<https://www.poder360.com.br/justica/plenario-do-stf-confirma-abertura-de-cpi-da-covid-no-senado/>