DESVENDADO O MISTÉRIO DO FIM DO MUNDO

 

 

Todos nós fomos assombrados desde a infância com a ameaça de que o mundo irá acabar em breve. Após a leitura atenta deste texto, é provável que você chegue à conclusão de que um ex-cristão, em busca da verdade, tenha desvendado o mistério do fim do mundo. Não há segredo, nenhum código do fim do mundo; mas simplesmente previsões não cumpridas e distorcidas, que, se fossem cumprir-se, nós não teríamos existido.

 

Desde a infância, ouvia as leituras assustadoras do Apocalipse e era avisado que o mundo acabaria antes do ano 2000.  Deus teria destruído o mundo uma vez com água, mas agora, a destruição seria com fogo.  E o mais horripilante é que aqueles que não fossem aceitos pelo bondoso deus não iriam sofrer alguns minutos ou horas do tormento das chamas, e sim, iriam ficar no meio do fogo eternamente.   Isso já não me parecia justo. Pois já tinha uma noção de que a pena deve ter certa proporcionalidade com a gravidade do crime cometido pelo condenado.

 

De início, achei um tanto estranho, pois o deus criador teria prometido que nunca mais destruiria a vida na Terra.   Como agora promete queimar os viventes?!

 

Ainda no final da adolescência tomei conhecimento da doutrina adventista, que explicava que o povo escolhido de Deus se tornara desobediente e fora rejeitado pelo todo-poderoso, que os substituiu por pessoas de todas as nações da Terra.

 

Deus teria mandado seu filho ao mundo para morrer pelos pecados da humanidade, substituindo aqueles sacrifícios de animais que eram oferecidos pelos judeus.  E esse filho de Deus teria sido ressuscitado e logo logo retornaria aqui para recolher os justos, os que cressem nele, para o reino eterno. E, então, os que não passassem no teste da salvação iriam ser jogados no fogo. 

 

Na doutrina adventista, eu lia que o sofrimento não seria sem fim como afirmam católicos e protestantes; mas eu achava bastante forçada a interpretação de alguns textos para escapar dessa hedionda justiça divina apresentada nos evangelhos e no Apocalipse.

 

Certo dia, após muito estudar, cheguei à conclusão de que a doutrina que eu professava era em grande parte produto de interpretação distorcida.

 

Desliguei-me da igreja e continuei estudando para descobrir quem estava com a verdade; o que me levou a descobrir que as contradições eram da própria Bíblia. 

 

Procurando encontrar o motivo de o chamado livro sagrado ser tão contraditório, verifiquei que o Cristianismo fora construído sobre uma completa distorção das escrituras sagradas dos judeus.  Daí fui encontrando a formação de várias crenças atuais, entre elas o fim do mundo.

 

COMO SE FORMOU A CRENÇA NO FIM DO MUNDO

 

1 - Havia a promessa de que o trono de Davi seria eterno, comparado ao Sol e à Lua.

 

2 - Israel estava exilado sob o jugo assírio e Judá estava ameaçada do mesmo destino.

 

3 - O profeta Miquéias disse que quando à Assíria entrasse na Terra de Judá, um rei nascido em Belém destronaria a Assíria, repatriaria os israelitas que estavam no exílio e dali em diante o povo escolhido de Yavé reinaria para sempre sobre todas as nações.

 

4 - Josias, o rei candidato a libertador, morreu na batalha pelo rei do Egito e o Egito dominou Judá.

 

5 - Veio Babilônia, dominou a Assíria, Egito e tudo mais, subjugando Judá por completo.

 

6 - Sob o domínio Babilônico, surgiu a promessa do Profeta Isaías de que, com a queda de Babilônia, seria construída a nova Jerusalém, e o povo santo de Yavé, dominaria para sempre sobre todas as nações.  Nesse reino eterno continuaria gente nascendo, crescendo envelhecendo e morrendo, com tudo que normalmente acontece; nada de vida eterna e sem pecado. Apenas nunca mais israelitas e judeus seriam molestados pelos gentios.

 

7 - Babilônia caiu sob o domínio medo-persa, mas os judeus não retomaram o poder como previsto; ficaram sob o domínio medo-persa.

 

8 - Veio a Grécia de Alexandre, substituiu o império medo-persa, e o povo de Yavé continuou subjugado por adoradores de outros deuses.

 

9 - Morto Alexandre, o império grego foi dividido por seus quatro gerais (Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco), e os judeus ficaram sob o domínio seleuco.

 

10 - Um dos sucessores de Seleuco, Antíoco IV, Antíoco Epífanes, deliberou acabar com a religião judaica: Arrasou com Jerusalém, destituiu Onias, o 'ungido' sumo-sacerdote judeu, tirando dele o sacrifício contínuo, colocando seus próprios sacerdotes para sacrificar no templo porcos e outros animais que os judeus consideram imundos. Foi uma grande tribulação para aquele povo.

 

Os capítulos 8, 11 e 12 de Daniel relataram os atos de Antíoco IV, prevendo que o assolador seria destruído, o santuário seria restaurado, e então, viria aquele reino eterno dos judeus.  Dessa vez já apareceu ressurreição dos mortos e vida eterna.  (Um estudo sobre a ressurreição dos mortos mostra que essa crença só apareceu entre os judeus durante o cativeiro babilônico).  Parece que esses capítulos foram escritos exatamente na época que Judas Macabeu tomou o controle da situação e restaurou o santuário judeu.

 

11 - Parecia que dessa vez os judeus tomaria o domínio como predito.  Todavia, vieram os romanos e frustraram por completo as promessas divinas, chegando tempos depois à destruição de Jerusalém e a dispersão dos judeus.  O trono de Davi, que seria eterno, nunca mais existiu.

 

12 - Após a destruição de Jerusalém foram escritos os evangelhos cristãos, onde as referências a Antíoco IV foram interpretadas como sendo aos romanos.  E veio novamente a promessa de que "logo após a tribulação daqueles dias" viria o salvador, que não seria mais aquele rei judeu poderoso previsto por Miquéias, mas um Yeshua que teria sido executado na cruz pelos romano, teria ressuscitado, e retornaria do céu com anjos para recolher seus escolhidos. 

 

Inicialmente, se acreditava que Jesus retornaria antes que morresses todos os seus companheiros. 

 

Posteriormente, o evangelho de Pedro disse que, assim como o mundo havia sido destruído uma vez com água, agora estava reservado para ser destruído pelo fogo.  Disse que virá um dia em que haverá um grande estrondo, e os elementos se fundirão abrasados.

 

O Apocalipse, tomando as figuras de Daniel, com algumas alterações, acrescentou uma porção de fases, reafirmando a idéia de destruição do mundo pecador por fogo e o estabelecimento do reino sobrenatural e eterno de Jesus, com vida eterna para os justos e tormento eterno para os ímpios.   Daí em diante, por esse dois milênios, cristãos vêm marcando datas e mais datas para a volta de Jesus e o fim do mundo. 

O tão previsto fim do mundo é apenas uma alteração da previsão profética judaica de fim do domínio dos gentios e o estabelecimento do reino judeu sobre todas as nações.   As previsões dos judeus não se cumpriram, nem se cumprirão; as dos cristãos, se fossem cumprir, nós não existiríamos para ver os fatos. O fim do mundo é simplesmente um reenquadramento cristão de uma fantasia religiosa judaica.

 

 

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