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EXPRESSÕES COMUNS DE ORIGENS POUCO
CONHECIDAS
O QUE É...
DITADO POPULAR OU PROVÉRBIOS
Máxima, breve, popular; adágio, anexim, ditado: Pequena comédia que tem por
entrecho o desenvolvimento de um provérbio.
É máxima, sentença popularizada ou consagrada pelo uso, a qual é menos vulgar,
que o adágio e de moral mais segura e severa. Pode ser de autor
desconhecidos ou conhecidos como os que são atribuídos a "Salomão": "Até o
insensato passará por sábio se estiver calado, e por inteligente se conservar os
lábios fechados".
DITADOS POPULARES : DE ONDE SURGIRAM?
Ditado, como o próprio nome diz, é a expressão que através dos anos se mantém
imutável, aplicando exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Os provérbios e os ditados populares constituem uma parte importante de cada
cultura.
Historiadores e escritores já tentaram descobrir a origem dos ditados populares,
mas essa tarefa não é fácil.
Abaixo segue
uma lista de expressões cujas origens foram resgatadas.
À BESSA
No Rio imperial, havia um comerciante rico chamado Abessa, que adorava ostentar
roupas de luxo. Quando alguém aparecia fazendo o mesmo, dizia-se que ele estava
se vestindo à Abessa, ou seja, como o comerciante.
A CARNE É FRACA
Essa expressão retirada da bíblia representa a dificuldade de se resistir a
certas tentações.
A DAR COM PAU
Em grande quantidade. Com fartura.
A VACA FOI PARA O BREJO
Quando a seca é mais violenta, os animais começam
a procurar os brejos, regiões que permanecem alagadas por mais tempo. É sinal de
que a situação piorou. Hoje já significa que o caso não tem mais solução.
A VER NAVIOS
Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (sec XVI), desapareceu na batalha
de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi
encontrado. Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do
monarca, e era comum que pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa,
na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo
ficava a ver navios.
ABOTOAR O
PALETÓ
Falecer. Morrer. O mesmo que bater as botas. Ainda não se explicou
quando surgiu a expressão.
ABRAÇO DE
TAMANDUÁ
O tamanduá,
quando percebe algum perigo, se deita de barriga para cima e abre seus braços. O
inimigo, ao se aproximar, é
surpreendido por um forte abraço, que o esmaga. Daí, ser o”abraço de tamanduá”
qualquer atitude falsa, deslealdade, traição.
ABRIR O
CORAÇÃO
Desabafar. Declarar-se sinceramente. Expressão originada nos tempos em que
se achava que a consciência e as emoções estavam no coração. Mesmo hoje,
que sabemos que tudo se processa no cérebro, o coração sempre é lembrado quando
se refere aos sentimentos.
ACABAR EM PIZZA
Quando uma
situação não resolvida acaba encerrada. Em casos de corrupção quando ninguém é
punido.
ACERTAR NA
MOSCA
Acertar
precisamente. No alvo.
ACORDO LEONINO
Significado: Um "acordo leonino" é aquele em que um dos contratantes aceita
condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande
vantagem. Uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em
que o leão se revela como todo-poderoso.
AFOGAR O GANSO
No passado, os
chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco
antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem
sentir os espasmos anais da vítima.
ÁGUA QUE PASSARINHO NÃO BEBE
Pinga, bebida
alcóolica.
AlLIANÇA DE
CASAMENTO NA MÃO ESQUERDA
Os gregos
acreditavam que o 3º dedo da mão esquerda possuía uma veia que se ligava
diretamente ao coração.
AMARRAR O
BURRO
Ficar em
descanso, na folga.
AMIGO DA ONÇA
Falso amigo,
amigo interesseiro ou traidor. Deve ter originado do fato de a
onça espreitar a presa e saltar sobre ela quase sempre por trás.
AMOR
PLATÔNICO
Platão era aluno
de Sócrates. Tentando entender o motivo pelo qual seu grande mestre havia se
matado, ele propõe a existência de dois mundos: Um chamado mundo sensível,
aquele que você percebe com os cinco sentidos, e outro chamado mundo
inteligível, que você só pode perceber com a inteligência, a mente. O mundo
sensível é apenas um reflexo do que há de bom no mundo inteligível. O amor
perfeito só existe na mente das pessoas, mas o amor real (que se toca, se vive)
pode ter falhas. Por isso, quem não vive o amor real, fica só na imaginação,
vive um Amor Platônico.
ANDAR À TOA
Toa é a corda
com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem
leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Andar sem
destino, despreocupado, passando o tempo.
APRESSADO
COME CRU
Afobamento,
precipitação. Quem tem pressa pode não aproveitar bem as coisas, fazer mal
feito, etc.
ARMADO ATÉ OS
DENTES
Exageradamente
armado, preparado para uma situação difícil.
ARROZ DE
FESTA
Assim são
chamadas aquelas pessoas que não perdem uma festa por nada, tendo ou não sido
convidadas pra mesma. A origem dessa expressão talvez advenha do costume
de se jogar arroz em recém casados. Mas o mais provável é que ela tenha surgido
devido a uma antiga tradição portuguesa. Nas festas e comemorações das
tradicionais famílias portuguesas nunca faltava uma sobremesa feita com arroz,
leite, açúcar e algumas especiarias (arroz doce) e que era conhecida, na época,
como "arroz de festa".
ARRUMAR SARNA
PARA SE COÇAR
Procurar por problemas.
BADERNA
Uma bailarina de
nome Marietta Baderna fazia muito sucesso no Teatro Alla Scalla, de Milão. Ao
apresentar-se no Brasil, em 1851, causou frisson entre seus fãs, logo apelidados
de “os badernas”. O sobrenome da artista, de comportamento liberal demais para
os padrões da época, deu origem ao termo que significa confusão, bagunça.
BAFO DE
ONÇA
A onça é um animal carnívoro que se lambuza
bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, fede muito e sua presença
é detectada à distância na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido
passaram a ser chamadas de "bafo de onça". A expressão também faz referência
ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado.
BAIXAR A BOLA
Acalmar-se, ser
mais comedido.
BATER AS
BOTAS
Morrer, falecer.
BODE
EXPIATÓRIO
A expressão
significa que alguém recebeu a culpa de algo cometido por outra pessoa. A
origem está num rito da tradição judaica. Simbolicamente, o povo depositava
todos os seus pecados num bode, que era levado até o deserto e abandonado. Dessa
forma, acreditava-se que as pessoas estariam livres de todos os males que tinham
feito.
BOTAR O CARRO NA
FRENTE DOS BOIS
Pular ou queimar
etapas de forma inapropriada, geralmente atrapalhando o andamento ou resolução
de uma situação.
BRIGA DE
CACHORRO GRANDE
Embate entre
forças as quais se julga superiores.
CAIU NO CONTO
DO VIGÁRIO
Uma imagem de
Nossa Senhora dos Passos foi doada pelos espanhóis para Ouro Preto e começou a
ser disputada pelos padres de duas igrejas: a de N. Sra. de Pilar e a de N. Sra.
da Conceição. O padre de Pilar sugeriu, então, que a imagem fosse colocada em
cima de um burro, no meio do caminho entre as duas igrejas. O rumo que o animal
tomasse, decidiria quem ficaria com a imagem. Quando foi solto, o burro se
dirigiu para a igreja de Pilar. Mais tarde, soube-se que ele pertencia ao padre
de lá; logicamente sabia o caminho a seguir.
CALCANHAR DE
AQUILES
De acordo com a
mitologia grega, Tétis, mãe de Aquiles, a fim de tornar seu Filho indestrutível,
mergulhou-o num lago mágico, segurando-o pelo calcanhar. Na Guerra de Tróia,
Aquiles foi atingido na única parte de seu corpo que não tinha proteção: o
calcanhar. Portanto, o ponto fraco de uma pessoa é conhecido como calcanhar de
Aquiles.
CARA-DE-PAU
De cara dura.
Descarado, sem-vergonha.
CARIOCA
O termo carioca é oriundo da família lingüística tupi-guarani (kari ' oca) e
significa etimologicamente "casa de branco": cari: branca; oca: casa. O termo
carioca é também o gentílico dos habitantes ou naturais do município do Rio de
Janeiro.
CASA DA MÃE
JOANA
Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a minoridade do Dom
Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num
prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses
homens mandavam e desmandavam no país, a frase "casa da mãe Joana" ficou
conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.
CHEGAR DE MÃOS ABANANDO
Há muito tempo,
aqui no Brasil, era comum exigir que os imigrantes que chegassem para trabalhar
nas terras trouxessem suas próprias ferramentas. Caso viessem de mãos vazias,
era sinal de que não estavam dispostos ao trabalho. Portanto, chegar de
mãos abanando é não carregar nada.
CHORAR AS
PITANGAS
Pitangas são
frutinhas vermelhas cultivadas e apreciadas em todo o país, principalmente nas
regiões norte e nordeste. A palavra pitanga deriva de pyrang, que em tupi
guarani significa vermelho. Sendo assim a provável relação da fruta com o pranto
vem do fato de os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se
chora muito.
CHORAR SOBRE O
LEITE DERRAMADO
Lamentar-se por
algo que não tem solução ou volta.
Comer o pão que
o diabo amassou
Significa passar
por uma situação difícil, um sofrimento. Imagino que a origem dessa expressão
venha do fato de que deve ser, realmente, indigesto engolir um pão amassado
(amassar é o mesmo que fazer a massa) pelo capeta. Além da procedência, nada
confiável, do produto (se vem do coisa ruim, boa coisa não pode ser) tem grandes
chances desse pão vir queimado, já que foi assado no fogo do inferno.
Dar com a língua nos dentes
Contar um
segredo, falar.
Dar uma banana
É das poucas
expressões que são acompanhadas por um gesto. Aliás, neste caso, o mais provável
é que o gesto tenha inspirado a expressão, já que ele existe em vários países
como Portugal, Espanha, Itália e Brasil. Em todos esses lugares o gesto
significa a mesma coisa: um desabafo ou uma ofensa.
Deu zebra
Não há zebra no
Jogo do Bicho. “Dar zebra” é acontecer uma coisa impossível, que não estava
prevista.
Disputar a negra
Os senhores do
séc. XVIII, quando jogavam, o troféu era, quase sempre, uma negra escrava. O
termo é usado até hoje em "peladas" e "rachas" de futebol.
Dor de Cotovelo
A expressão teve
origem nas cenas de pessoas sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no
balcão bebendo e chorando um amor perdido. De tanto ficar naquela posição, as
pessoas ficavam com dores no cotovelo. Atualmente, é muito comum utilizar essa
expressão para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza causada
por uma decepção amorosa.
Dourar a Pílula
Antigamente as
farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do
remedinho amargo. A expressão dourar a pílula, significa melhorar a
aparência de algo.
Encher lingüiça
Enrolar,
preencher espaço com embromação.
Engolir sapos
Fazer algo
contrariado; ser alvo de insultos, injustiças, contrariedades sem reagir,
revidar, acumulando ressentimento.
Entrar pelo cano
Se dar mal,
ficar encrencado. Complicar-se.
Erro Crasso
Na Roma antiga
havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No
primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último
foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante em sua
vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente
atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os
partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general
que liderava as tropas um dos primeiros que caíram. Desde então, sempre que
alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, chamamos de "Erro
Crasso".
Espírito de
Porco
Nos tempos
colonias os escravos faziam todo tipo de trabalho, do mais leve ao mais pesado.
Um, em especial, causava terror: negavam-se a abater porcos. Achavam que
os espíritos suínos lhes atormentariam à noite. A expressão passou a designar
quem incomoda, atrapalha, é inconveniente.
Estar com a
corda no pescoço
Estar ameaçado,
sob pressão ou com problemas financeiros.
Estar com a
pulga atrás da orelha
Ficar
desconfiado.
Estômago de
Avestruz
Define aquele
que come de tudo. O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de
dissolver até metais.
Farinha do mesmo
saco
"Homines sunt
ejusdem farinae" esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa
expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a
farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação
para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
Fazer boca de
siri
Manter segredo
sobre algum assunto.
Fazer nas Coxas
A origem vem da
época dos escravos, que usavam as próprias coxas para moldar o barro usado na
fabricação das telhas. Como as medidas eram diferentes, as telhas saíam também
em formatos desiguais. E o telhado, “feito nas coxas”, acabava torto.
Fazer tempestade
em copo d'água
Transformar
banalidade em tragédia.
Fazer um negócio
da China
Aproveitar uma
grande oportunidade.
Fila indiana
Forma de
caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam
na frente. Fila de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Gatos-pingados
Tem sentido
depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou
institucional), insignificância ou irrelevância. Esta expressão remonta a uma
tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo fervente em cima de
pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na
Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente.
Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão
"gatos pingados" passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou
curiosidade para qualquer evento.
Hora de a onça
beber água
O animal costuma
fazer isso ao anoitecer, e, segundo a tradição indígena, esse é o melhor momento
para abatê-lo.
Lágrimas de
crocodilo
Os animais que
vivem em água salgada, como focas e crocodilos, ajudam a eliminar o excesso de
sal do corpo vertendo água salgada pelos olhos, pressionando o céu da boca com a
língua. Ele chora enquanto devora suas vítimas. Por isso a simulação
de tristeza em linguagem figurada é chamada de lágrimas de crocodilo.
Levar o calote
Calote é o
diminutivo de calo. No séc. XVIII, era comum, nas feiras, o comprador abocanhar
a oferta (calote) e ir embora sem comprar o produto oferecido. Daí “levar o
calote” significa vender alguma coisa e não receber o pagamento.
Lua-de-mel
Há mais de 4 mil
anos, os habitantes da Babilônia comemoravam a lua-de-mel durante o primeiro mês
de casamento. Nesse período, o pai da noiva precisava fornecer ao genro uma
bebida alcoólica feita da fermentação do mel. Como eles contavam a passagem do
tempo por meio de um calendário lunar, as comemorações ficaram conhecidas como
lua-de-mel.
Memória de
Elefante
O elefante
lembra de tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do
circo. Diz-se que as pessoas que se recordam de tudo tem memória de elefante.
Meter o rabo
entre as pernas
Submeter-se.
Acovardar-se. Tem origem no gesto do cachorro que põe o rabo entre
as pernas quanto está com medo.
Meter os pés
pelas mãos
Agir
desajeitadamente ou com pressa. Confundir-se no raciocínio.
Molhar o
biscoito
Transar.
Não dar ponto
sem nó
Tem o sentido de
fazer alguma coisa sempre pensando em tirar proveito pessoal, fazer algo com
segunda intenção.
Não Entendo
Patavinas
Os portugueses
encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos
patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, não entender patavina
significa não entender nada.
No tempo do Onça
No início do
Século 18, o Rio de Janeiro era governado por Luiz Vahia Monteiro, conhecido
como “o Onça”. Ele tinha este apelido por ser extremamente severo e exigente.
Durante o período em que governou o Rio, ele cumpria rigorosamente a lei e
exigia que todos a cumprissem também. Os saudosos do governador Vahia Monteiro,
ao assistirem o desleixo com que a cidade era administrada, viviam suspirando
pelos cantos e dizendo: “Ah, no tempo do Onça que era bom!”. Por conta disto, a
expressão “no tempo do Onça” passou a significar coisa antiga, algo de tempos
passados.
O Canto do Cisne
Dizia-se que o
cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão canto do
cisne representa as últimas realizações de alguém.
O Pulo do Gato
O gato faz sete
movimentos corporais e preventivos até chegar ao chão. Quando toca o solo o faz
tão suave como se tivesse um amortecedor de impactos nos pés. Ele protege a
cabeça, gira o rabo, posiciona as patas, alinha o corpo e arqueia a coluna.
Olhos de Lince
Ter olhos de
lince significa enxergar longe, uma vez que esses bichos têm a visão
apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes.
Onde Judas
perdeu as botas
Lugar remoto.
Distante. No fim do mundo.
PAGAR O PATO
Conta-se que em tempos bastante remotos, um
vendedor de aves ofereceu a uma mulher um pato em troca de uma relação sexual.
Todavia, terminada a transa, ele alegou que ela não havia feito direito o
combinado e queria receber dinheiro pelo pato. Enquanto discutiam chegou o
marido da mulher, e esta, não querendo que ele soubesse do ocorrido, pediu que
ele pagasse o preço do pato; e o esposo pagou o pato. Assim, "pagar
o pato" significa alguém pagar pelo que não deve.
Existe também
outra explicação da origem: Um antigo jogo praticado em Portugal.
Amarrava-se um
pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e
arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal
sacrificado, sendo assim passou-se a empregar a expressão para representar
situações onde se paga por algo sem obter um benefício em troca. Significa fazer
o papel de tolo, pagando por aquilo que não deve.
Para inglês ver
Em 1830,
pressionado pela Inglaterra, o Brasil começou a aprovar leis contra o tráfico de
escravos. Mas todos sabiam que elas não seriam cumpridas. Falava-se, então, que
as leis eram apenas para inglês ver.
Para o santo
O hábito
sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito
hebraico milenar de reservar, na festa de Pessach (Páscoa), um copo de vinho
para o profeta Elias (representando o Messias que viria, anunciado pelo Profeta
Elias).
Pentear macacos
Ir chatear outra
pessoa.
Pessoa
Maquiavélica
Nicolau
Maquiavel foi um autor do século XV. Entre suas obras, encontra-se um livro
chamado "O Príncipe", uma espécie de manual de como um governante pode controlar
o povo. A principal característica do livro era "O fim justifica os meios"; ou
seja, se seu objetivo é bom, não há problema em fazer coisas más para
concretizá-lo. Matar pode ser errado, mas matar um assassino com o objetivo de
salvar várias outras vidas, seria justificável. Maquiavel gera duas expressões:
"Pessoa Maquiavélica", que significa "sem escrúpulos", e "plano maquiavélico",
que significa "aquele que não falha nunca".
Pode tirar o
cavalinho da chuva
Os visitantes
das fazendas, mesmo quando estava chovendo, atrelavam seus cavalos à cerca. O
fazendeiro, se quisesse que o visitante demorasse, dava ordem para que ele
“tirasse o cavalo da chuva”. Era um convite para ficar.
Pôr a mesa
Durante a Idade
Média, as grandes casas e os palácios não tinham uma sala de jantar porque a
tradição era a de que os senhores comiam onde estavam. Na hora da refeição, o
pessoal que trabalhava nas cozinhas colocava cavaletes com estrados por cima, ao
que se chamavam mesas. Não havia talheres, a não ser a faca que cada um trazia
sempre consigo. Comia-se quase tudo à mão. Para chamar os senhores para a
refeição, os criados diziam aos seus amos que "...as mesas estão postas."
Pôr os pingos
nos ís
Esclarecer a
situação detalhadamente.
Procurar chifre
em cabeça de cavalo
Procurar
problemas onde não existem.
Procurar uma
agulha num palheiro
Tentar algo
impossível.
Prometer mundos
e fundos
Fazer promessas
infundadas ou exageradas.
Quebrar o galho
Significa dar um
jeito pra resolver um problema ou uma situação complicada.
Queimar as
pestanas
Expressão ligada
aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do
aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para
iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto
do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a "queimar as pestanas".
Querer tapar o
sol com a peneira
Significa querer
esconder o que todos estão vendo.
Receber um balde
de água fria
Inverter o
entusiasmo em desilusão.
Riscar do mapa
Fazer
desaparecer.
Sair o tiro pela
culatra
Significa que a
intenção de prejudicar alguém volta-se contra o próprio autor. Pensando em
enganar os outros e, no fim, o único prejudicado foi ele mesmo. O tiro saiu pela
culatra.
Santo do Pau Oco
Durante o século
XVII, as esculturas de santos que vinham de Portugal eram feitas de madeira. A
expressão surgiu porque muitas delas chegavam ao Brasil recheadas de dinheiro
falso. No ciclo do ouro, os contrabandistas costumavam enganar a fiscalização
recheando os santos ocos com ouro em pó. No auge da mineração, os impostos
cobrados pelo rei de Portugal eram muito elevados. Para escapar do tributo, os
donos de minas e os grandes senhores de terras da colônia colocavam parte de
suas riquezas no interior de imagens ocas de santos. Algumas, normalmente as
maiores, eram enviadas a parentes de outras províncias e até de Portugal como se
fossem presentes.
Segurar a vela
Estar sozinho
com um casal.
SEM EIRA NEM BEIRA
Significa pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou
cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira.
Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem
nada.
Na região nordeste este ditado tem o mesmo
significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas
ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a
parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer
este telhado, então construíam somente a tribeira ficando assim "sem eira nem
beira".
Spam
A utilização do termo “spam” para designar mensagem não solicitada decorre de um
spot humorístico do grupo inglês Monty Python, que mostrava em um restaurante
uma garçonete tentanto fazer, a todo custo, uma cliente comprar uma refeição a
base de “spam”. O produto “spam”, deriva do nome de um produto da empresa Hormel
Foods a base de carne suína enlatada - Hormel Spice Ham. Um concurso feito pela
empresa o rebatizou de “Spam”, este alimento, muito barato, foi muito consumido
pelos aposentados norte-americanos nas épocas de recessão, o que justifica, de
outra parte, a ojeriza de muitos consumidores a este produto.
Ter ouvidos de
tísico
As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar (tísica) tornam-se muito
sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão "ter
ouvidos de tísico" significa ouvir muito bem.
Tirar a barriga
da miséria
Tirar a barriga
da miséria quer dizer aproveitar com muito prazer alguma coisa de que até então
carecia.
Tirar água do
joelho
Urinar.
Tomar chá de
sumiço
Tem o sentido de
desaparecer de um lugar que se costumava freqüentar, sem dar notícia. Sumiu do
mapa. Evaporou-se.
Trocar alhos por
bugalhos
Confundir fatos
ou histórias.
Trocar seis por
meia dúzia
Trocar uma coisa
por outra que não vai fazer a menor diferença.
Vá se queixar ao
bispo
No Brasil do
séc. XVII, ter filhos era muito importante. Precisando mostrar ao homem que era
fértil, a mulher engravidava
antes do casamento. A regra era aprovada pela própria Igreja desde que depois o
casamento se consumasse. Muitas vezes, o
noivo ia embora e a mulher grávida ia reclamar ao bispo, que mandava alguém
atrás do fujão.
Vestir a
carapuça
Carapuça é uma
espécie de barrete ou capuz de forma cônica e remonta ao período da Inquisição,
em que os condenados eram obrigados a vestir trajes ridículos ao comparecer aos
julgamentos. Além de usar uma túnica com o formato de um poncho, eles precisavam
colocar sobre a cabeça um chapéu longo e ponteagudo, conhecido como carapuça.
Daí a expressão "vestir a carapuça" ter se incorporado ao português escrito e
falado com o sentido de "assumir a culpa".
Virar casacas
Mudar de idéias
facilmente. Traidor.
CASA DA MÃE JOANA
Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do
Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar
num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora
dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa da mãe Joana
ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.
CHEGAR COM AS
MÃOS ABANANDO
A origem mais
aceita para a expressão está relacionada com os imigrantes que chegavam ao
Brasil no século 19. Eles costumavam trazer da Europa ferramentas para o cultivo
da terra, como foices e enxadas, além de animais, como vacas e porcos. Uma
ferramenta poderia indicar uma profissão, uma habilidade, demonstrava disposição
para o trabalho. O contrário, chegar de mãos abanando, indicava preguiça.
Atualmente, quando uma pessoa vai a uma festa, mandam os bons modos que leve um
presente. Se não o faz, diz-se que “chegou com as mãos abanando”.
COISAS DO ARCO-DA-VELHA
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverossímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o
arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé:
"Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna
concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra."
(Génesis 9:16) Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha,
uma referência à Lei Divina. Há também diversas histórias populares que
defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no
arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela
velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água
num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano
bere (beber).
CONTO DO VIGÁRIO
Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de
determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a
escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as
duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A escolhida
pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma
delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado
o burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.
CORREDOR
POLONÊS
Corredor polonês é uma expressão
comumente utilizada para denominar uma passagem estreita formada por duas
fileiras de pessoas que se colocam lado a lado, uma defronte à outra, com a
intenção de castigar quem tenha de percorrê-la. A expressão faz referência à
região transferida por parte da Alemanha para a Polônia ao fim da Primeira
Guerra Mundial, em virtude da assinatura do Tratado de Versalhes. O Corredor
Polonês dividiu a Alemanha ao meio, isolando a Prússia Oriental do resto do
país. Através de uma extensão de 150 quilômetros e largura variável entre 30
a 80 quilômetros, permitiu que os poloneses circulassem livremente em
território alemão, bem como possibilitou o acesso da Polônia ao Mar Báltico.
Posteriormente, tanto o Corredor quanto a Prússia foram incorporados ao
território polonês. A disputa pela região do Corredor Polonês provocou
inúmeros atritos entre os dois países. Em 1939, durante a invasão da
Alemanha à Polônia, os poloneses foram encurralados pelos alemães, os quais
se posicionavam dos dois lados do Corredor e atiravam contra os poloneses,
que estavam no meio.
A expressão teve origem nas cenas de pessoas
sentadas em bares, com os cotovelos apoiados no balcão, bebendo e chorando a
dor de um amor perdido. De tanto permanecerem naquela posição, as pessoas
ficavam com dores nos cotovelos. Atualmente, é muito comum utilizar essa
expressão para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza
causada por uma decepção amorosa.
DOURAR A PÍLULA
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para
melhorar o aspecto do remedinho. A expressão dourar a pílula significa melhorar
a aparência de algo ruim.
ERRO CRASSO
Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido
por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu
e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado
Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas
romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de
pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os
romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde
então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido,
dizemos tratar-se de um "erro crasso ".
FARINHA DO
MESMO SACO
"Homines sunt
ejusdem farinae" (São homens da mesma farinha, em latim) é a origem dessa
expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. A metáfora
faz referência ao fato de a farinha de boa qualidade ser posta em sacos
separados, para não ser confundida com a de qualidade inferior. Assim, utilizar
a expressão "farinha do mesmo saco" é insinuar que os bons andam com os bons,
enquanto os maus preferem os maus.
NÃO ENTENDO PATAVINAS
Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades
italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que não entender
patavina significa não entender nada.
NAS COXAS
As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas
dos escravos. Como os escravos variavam de tamanho e porte físicos, as telhas
ficavam desiguais. Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer
jeito.
"NÉVOA
BAIXA, SOL QUE RACHA"
Ditado muito falado no meio rural. A Climatologia o confirma. O fenômeno da
névoa ocorre geralmente no final do inverno e começo do verão. Conhecida também
como cerração, a névoa fica a baixa altitude pela manhã provocando um aumento
rápido da temperatura para o período da tarde.
PENSANDO NA MORTE
DA BEZERRA
A história mais
aceitável para explicar a origem da expressão é proveniente das tradições
hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção
de pecados. Conta-se que certa vez um rei resolveu sacrificar uma bezerra e que
seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, opôs-se.
Independentemente disso, a bezerra foi oferecida aos céus e afirma-se que o
garoto passou o resto de sua vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar
“pensando na morte da bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a
tudo.
"SANTINHA
DO PAU OCO"
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século
XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas
utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era "recheado" com
preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
TER PARA OS ALFINETES
Significado: Ter dinheiro para viver.
Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objeto de
adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado
para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos
passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas
utilitários e acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos
legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de
Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em
grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia:
«A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração
dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de
alfinetes, uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente,
contanto que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»
VOTO DE MINERVA
Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la
assassinado. No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa
Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo. O réu foi absolvido, e Voto de Minerva
é, portanto, o voto decisivo.
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