Até bem pouco tempo, acreditava-se que nascíamos com o número
completo de neurônios, e que nunca se formavam novas células nervosas.
Recentemente, essa ideia mudou: já se concluiu que os neurônios são beneficiados
pelos exercícios como os músculos e que a massa cinzenta cria células novas à
medida que é exercitada.
"O ESTUDO DO CÉREBRO MUDOU. Depois de ondas de pesquisas mostrando como ele muda
o nosso comportamento, os neurologistas estão descobrindo o contrário. Nosso
comportamento muda o cérebro. "Existe uma tendência cada vez mais poderosa na
neurologia em estudar o corpo, a mente e o mundo externo de forma totalmente
integrada", afirma Benito Damasceno, professor de neurologia da Unicamp. As
sinapses são determinadas menos pelos genes e mais pelo que acontece por aí.
Costumes culturais, traumas psicológicos, derrames, alimentação, drogas,
exercícios físicos, fé e meditação afetam até o tamanho de partes do cérebro.
Nosso cérebro possui 100 bilhões de neurônios e cada neurônio pode ter 10 mil
sinapses. Mas esses números pouco importam. O que vale mais é a qualidade dessas
conexões, que varia de acordo com as experiências do meio externo. "A
experiência é que influencia a genética e determina a formação do cérebro", diz
o neurologista Raul Marino Júnior, da USP. Ao lado, veja como dar um upgrade em
seus neurônios.
CORPO SÃO, MENTE SÃ
Uma pesquisa da Universidade de Wisconsin, em 2003, comprovou que a atividade
física influencia o hipocampo, envolvido com os processos de memória e
aprendizado. Os exercícios estimulam o aumento da produção de neurônios a
partir de neuroblastos, organismos precursores das células nervosas, e das glias,
células que colaboram para o bom funcionamento das sinapses.
Experimentos na Universidade de Exeter, na Inglaterra, mostraram que crianças de
10 e 11 anos que têm atividades físicas regulares recebem notas mais altas na
escola.
Também se sabe que a atividade física aumenta o número de sinapses, pela
multiplicação do número de dentritos e de outras ramificações dos neurônios.
O contrário também funciona: voluntários de uma pesquisa em 2001 passaram 15
minutos por dia só pensando no exercício de bíceps. Em 3 meses, seus braços
estavam 13% mais fortes.
GINÁSTICA DA CABEÇA
A parte dorsolateral do córtex guarda uma espécie de reserva cerebral,
segundo o neurologista Collete Fabrigoule, da universidade de Bordeaux. Essa
área substituiria o funcionamento de outras áreas e funções que se enfraquecem
com o tempo.
Para o neurobiólogo Yaakov Tern, da Universidade de Colúmbia, essa flexibilidade
do cérebro não é inata: ela se desenvolve com a educação, a convivência e a
prática de leitura.
A atividade intelectual intensa minimiza os sintomas de doenças de degeneração
cerebral, como o mal de Alzheimer. O cérebro compensa a morte de neurônios
rearranjando as sinapses.
COMER E NÃO COMER
Diante de imagens de comida, mulheres têm uma ativação maior do que os homens do
córtex occipitotemporal, região ligada ao processamento de imagens abstratas.
Segundo psiquiatras do King's College of London, isso acontece por causa da
pressão cultural: as mulheres gastariam mais tempo pensando antes de decidir se
vão ou não comer.
A dieta afeta o cérebro a curto e longo prazo. Cães com uma dieta rica em
antioxidantes, como o betacaroteno e vitaminas C e #, têm menos neurônios mortos
por radicais livres.
O estresse diminui com a ingestão de tirosina, aminoácido necessário para a
produção dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina. E uma das melhores
fontes de torosina é o iogurte.
Pular o café-da-manhã reduz o desempenho do cérebro no trabalho e na escola, por
causa da falta de glicose, fonte de energia dos neurônios.
Dietas ricas em Omega-3 e outras gorduras poli-insaturadas, contidas em grande
quantidade em peixes como salmão, linguado e sardinha, diminuem a incidência do
mal de Alzheimer.
CÉREBRO ESPIRITUAL
Pesquisadores mostraram que o córtex pré-frontal, uma das áreas responsáveis
pelo pensamento e planejamento de ações, é mais espesso em pessoas que praticam
meditação há vários anos. O mesmo efeito influenciaria outras regiões ligadas à
atenção, à introspecção e à sensibilidade, como o córtex insular.
Testes com placebos mostram o efeito do ato de acreditar. Segundo testes da
Universidade de Michigan, homens que acreditam ter tomado analgésicos produzem
mais endorfinas, neurotransmissores que controlam a dor.
Para o cientista americano Dean Hamer, pessoas com espiritualidade elevada têm
um maior fluxo de substâncias envolvidas com as sensações de bem-estar, como a
dopamina e a serotonina.
Rezar para si mesmo ou saber que seus amigos e familiares rezam faz seu
cérebro produzir mais dopamina. Mas se alguém reza por você, secretamente, não
há efeito." (Sapiens, jul/2006, págs. 22, 23).
Os estudos acima provam que nosso cérebro precisa de atividade assim como os
nossos músculos, e que a atividade muscular também o beneficia. Outrossim,
podemos concluir de alguns experimentos que, quando alguém nos engana para
pensarmos que estamos sendo beneficiados, isso realmente nos melhora. O
importante é pensarmos que as coisas estão bem, e o cérebro reage beneficamente.
O placebo é o melhor exemplo para ilustrar por que as rezas fazem bem.
Para mais exemplo sobre o efeito psicológico, veja
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