HINO RACIONAL

 

Ouviram, no final de um plano trágico,
De um povo pobre o brado retumbante,
E só disparidade, em saltos súbitos,
Sufoca esse povo a todo instante.
Se a pior desigualdade
Conseguimos suportar de sul a norte,
Eu receio a sociedade
Venha a ter no seu salário mais um corte.
Está tramada
Outra arrancada.
Salve-se! Salve-se!

 

E assim o sonho intenso e o raio vívido
De amor e de esperança desvanece,
E o poderoso vem risonho e cínico,
Distorce o direito e prevalece.
Gritante pela própria natureza,
Perverso é o golpe sobre esse povo,
Que no futuro espera mais pobreza.
Perda agravada
Entre outras mil,
E outro ardil
está tramado.
O salário neste solo
Está tão vil!
E os preços,
A mil.

 

Se lá no parlamento é um berço esplêndido,
Aqui o pobre só vai para o fundo,
E agruras sofre o pobre e mais miséria,
Desanimado, só, num poço imundo.
Do que inferno mais ardido
Os tristonhos fins de planos têm mais dores,
Cada choque traz mais perdas,
E dessas perdas vem receio e mais horrores.
Está tramada
Outra arrancada.
Salve-se! Salve-se!

 

E assim o engodo eterno segue um ritmo
De medidas que sustentam o outro lado,
E diga-se que o dolo desses fâmulos
Faz no futuro um mundo atrasado.
Se o germe da injustiça está bem forte,
Verá que, se você não for à luta,
É alguém que espera agora a própria sorte.
Perda agravada
Entre outras mil,
E outro ardil
está tramado.
O salário neste solo
Está tão vil!
E os preços,
A mil.

Poesia que ocupou o segundo lugar na categoria poesia com humor no concurso da ASTTTER em 1999, ficando o primeiro lugar para PLANOS ECONÔMICOS.

 

 

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