ISAÍAS TERIA FALADO DE JESUS?
Todas as religiões cristãs citam Isaías 53:1-12 como
sendo uma referência a Jesus. Poderia ser mesmo uma
referência a ele?
ISAÍAS [53]
1 Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se
manifestou o braço do Senhor?
2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como
raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem
beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza
víamos, para que o desejássemos.
3 Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de
dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de
quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não
fizemos dele caso algum.
4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um
se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair
sobre ele a iniqüidade de todos nós.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca;
como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a
ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim
ele não abriu a boca.
8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem
dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado
da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão
do meu povo?
9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na
sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem
houvesse engano na sua boca.
10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo,
fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo
pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias,
e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará
satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo
justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará
sobre si.
12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e
com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto
derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os
transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de
muitos, e pelos transgressores intercedeu.
O texto parece se encaixar em tudo
que se diz de Jesus; mas essa referência não poderia ser
a ele, pelos motivos a seguir:
A primeira previsão do libertador de Israel está em
Miquéias.
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar
entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele
que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os
entregará até o tempo em que a que está de parto tiver
dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos
filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o
povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor
seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será
grande até os fins da terra. E este será a nossa paz.
Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar
em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete
pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses
consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da
Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar
os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de
muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como
chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem
aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará
entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão
entre os animais do bosque, como um leão novo entre os
rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e
despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será
exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados
todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor,
exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei
os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e
derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as
feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores;
arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as
tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos.
Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei
as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei
vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias,
5: 2-15).
O candidato ao estabelecimento do reino eterno seria um
rei que destronaria a Assíria reino que na época havia
exilado o povo de Israel (II Reis, 17: 1-6) e ameaçava
também o reino de Judá. Esse fim da Assíria e
estabelecimento do reino de Israel e Judá reunido se
daria quando a Assíria entrasse na Terra de Judá. Mas
isso não ocorreu:
“No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe,
rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de
Judá, e as tomou. Pelo que Ezequias, rei de Judá, enviou
ao rei da Assíria, a Laquis, dizendo: Pequei; retira-te
de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei
da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos
talentos de prata e trinta talentos de ouro” (II Reis,
18: 134, 14).
O rei que estava disposto a cumprir a profecia era
Josias. Mas fracassou.
Foi morto pelo rei do Egito que passou a dominar em Judá
(II Reis, 23: 29, 30, 33-36; 24: 7-14).
Como a própria Bíblia relata, quando deveria surgir o
libertador e estabelecer o reino universal e eterno, Judá
passou da opressão assíria para o jugo egípcio, e depois
veio Babilônia, que se tornou a grande potência da
época, o domínio da Assíria se acabou, e o povo de
Israel não foi libertado por ninguém de Judá, mas se
tornou cativo de Babilônia juntamente com Judá; coisa
bem diferente do que dizia a profecia.
Já as profecias de Isaías, a partir do artigo 43, falam
da queda de Babilônia, após a qual
seria estabelecido
aquele reino, e a nova Jerusalém nunca mais sofreria
opressão gentia.
O servo do Senhor apontado no capítulo
53 deveria ser algum dos profetas, que muito comumente eram
executados. No capítulo 66, está descrito como seria
Jerusalém após a queda de Babilônia. Mas nada disso
aconteceu também. Vieram os medos e persas para dominar
a região; depois vieram os gregos de Alexandre o Grande.
Quando morreu Alexandre, o reino foi dividido entre seus
quatro generais (Cassandro, Lisímacos, Ptolomeu e
Seleuco).
Um dos reis da dinastia de Seleuco, Antíoco IV, foi o
maior opressor do povo hebreu alguns anos depois. Aí é
que devem ter surgido as profecias atribuída a Daniel,
profeta que vivera ainda no reino da Babilônia. Os
capítulo 8 a 12 de Daniel descrevem muito bem as ações
de Antíoco até a sua morte, após o que o santuário
profanado foi restaurado e santificado. Antíoco
substituiu
o sumo-sacerdote judeu Onias, o que é referido nas
palavras “será cortado o ungido”. Esse profecia deve ter
sido escrita exatamente nos dias em que Judas Macabeu venceu
a guerra e cuidou da restauração do santuário. Pois só
falharam os fatos prevista para daí em diante. Era outra
vez que seria estabelecido o reino eterno dos hebreus e
não se cumpriu a predição.
Veja por que Isaías não poderia estar falando de Jesus:
Como a previsão do reino novamente falhou, de vez em
quando algum judeu se arvorava como aquele predito
salvador de Israel e era morto. Jesus, em caso de ter
existido, deve
ter sido um desses.
Mas o que está bem claro no chamado Velho Testamento é
que
o salvador não seria
uma pessoa destinada a morrer
pelos pecados, mas um rei que destronaria o inimigo e
estabeleceria um reino que não seria mais dominado por
outros povos. Ademais essa idéia de um lugar onde não
existiria pecado nem morte não existia naqueles tempos
também. Pode observar que na nova Jerusalém de Isaías
(cap. 66), o pecado continuaria a existir e também a
morte.
A história de Jesus foi toda construída em cima de mitos
daqueles povos com quem os judeus haviam convivido,
especialmente Hórus,
deus egípcio.