As mulheres buscaram sua liberdade. Mas para que essa liberdade seja real, não como a dos escravos libertos no Brasil imperial, elas tem que enfrentar desafios.
“Livres para escolher
Déa Januzzi
Cristina Lacerda/Divulgação |
Mirian Goldenberg criou o conceito de capital marital para designar mulheres que valorizam ao extremo a figura masculina |
A peregrinação das mulheres por seus direitos ainda não terminou. Como será o mundo para a geração que está nascendo agora? A antropóloga Mirian Goldenberg assegura: “As brasileiras que estão nascendo agora vão viver momentos muito mais tranquilos, de poder fazer diferentes escolhas”. Dois problemas, porém, ainda têm que ser enfrentados.“O primeiro deles é a extrema valorização da figura masculina na vida de uma mulher.” Autora de 15 livros, Mirian criou um conceito que chama de “capital marital”, pois no Brasil o marido é considerado um verdadeiro capital. “Quem não tem esse capital se considera um fracasso. Ter um marido é exibi-lo como um troféu. Ele é que dá o valor da mulher para a sociedade.”
A grande mudança para as futuras gerações de mulheres é reconhecer que elas próprias são seu capital maior. “O valor de uma mulher está em suas realizações, nas suas escolhas, e não no homem. Se ela tiver um homem, ótimo, que bom! Se não tiver, também está tudo bem, porque não é ele que determina o seu valor.”
O segundo problema a enfrentar, de acordo com a antropóloga, é que essa mulher “terá de aprender a investir em outros capitais que não a juventude, a beleza e a perfeição. Terá que deixar a aparência de lado e investir em capitais mais duradouros, como educação, profissão, relacionamento com os amigos, autoconhecimento e no próprio prazer. Não para o outro, mas para si mesma”.
Para a socióloga Rosiska Darcy, as mulheres terão que enfrentar os desafios da liberdade. “Elas não vão mais encontrar uma imagem construída do feminino. Vão ter que se definir e se inventar. Cada uma vai ter que escrever a autobiografia.”
<Estado de Minas, 07/03/2010>
“Na semana passada, o escritor português João Pereira Coutinho escreveu na Folha de S. Paulo um artigo sobre a censura do anúncio da Devasa. nele, lembra a feminista Camille Paglia, para quem a liberdade das mulheres significa, inclusive, a liberdade de se tornar coisa, carne, objeto, se assim elas desejarem. Liberdade, diz Paglia, significa ausência de controle sobre o comportamento da mulher – ainda que se trate de um controle forrado de boas intenções.” (Época, 8 de março de 2010, pág. 14).
“…investir em capitais mais duradouros, como educação, profissão, relacionamento com os amigos, autoconhecimento e no próprio prazer” devem ser passos importantes para as mulheres que quiserem ter realmente essa liberdade.
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