A LÓGICA DO ERRO

 

 

Na infância, eu percebi que era um pouco trabalhoso decorar, sem saber por quê, as exceções da língua.

 

Eu fazi um isforço danado pra intendê, quando ainda não tinha discubrido o que quiria dizê os risquinho dos carderno e livro que eu tinha abrido.

Era assim que eu pensava.   Mas, depois de estudar e aprender, descobri que muitos adultos continuaram pensando e falando como eu pensava na infância.

 

Segue abaixo uma série de exemplos:

 

"...

O amigo interviu na discussão

O falante conjuga o verbo como se ele seguisse a conjugação de ver. Na verdade, intervir se conjuga como o verbo vir.

O correto é O amigo interveio na discussão.

 

Seje homem

A frase que Marcelo Dourado disse a Dicésar no último Big Brother Brasil causou polêmica também na gramática. Dourado conjugou o verbo ser à maneira dos verbos que acabam com ar, como falar (espero que ele fale), pensar, amar

O correto é Seja homem.

 

A gente vamos para casa

Como a forma a gente substitui o pronome nós, o falante conjuga o verbo também na primeira pessoa do plural.

O problema é que a gente deve ser conjugado como se fosse ele.

O correto é: A gente vai para casa

 

Isso é para mim fazer

O falante considera que o pronome mim é regido pela preposição para, confundindo com formas como: 'O prémio foi para mim' ou 'Ele passou a tarefa para mim, e não para ele'.

O correto é Isso é para eu fazer

 

Hoje vieram menas pessoas que ontem

Pronomes indefinidos como vários, alguns, poucos variam quando se referem a um substantivo feminino.  O mesmo não ocorre com menos, que é invariável.

O correto é: Hoje vieram menos pessoas que ontem"

(Revista Época, 19/04/2010, pág. 148)

 

Vemos aí que até para errar deve existir alguma razão.  Menos é uma expressão adverbial que assumiu a função de pronome, porém manteve a característica de invariabilidade do advérbio.  E muitas pessoas nem imaginam isso.    Quanto ao "mim", será necessário um capítulo à parte.

 

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