“Marvada crase!”, dir-se-ia no interior. A crase é um problema sério! Como eliminaram o trema ante a dificuldade da população em entendê-lo, a qualquer dia os nossos doutores das letras deverão pensar em acabar com a crase também.

A crase é a fusão da preposição a com o artigo a. Mas essa coisa tão simples parece extremamente complexa para uma grande parte da população. E, algumas vezes, ocorre o pior, os que pensam que devem colocar uma crase onde não podem erram até no acento, pondo acendo agudo (´) em vez de acento grave (`).
Na frase “… mediante ao pagamento á vista” deveria haver mesmo a crase, mas o autor da arte acima colocou o acento errado, sem se falar no “mediante ao”, onde não cabe a preposição.
Mas em “tatuagem á partir de“, o artista acumulou dois erros: grafou acento agudo onde, se fosse o caso, deveria grafar acento grave, e, se não tivesse cometido esse erro, teria cometido outro: pôr crase onde só existe uma preposição.
A primeira lição para evitar tal erro gritante é: é impossível haver crase antes de verbo. Em “a partir” temos apenas a preposição a, não havendo lugar para o artigo.
A segunda é: à deve ser substituído por ao quando há mudança de gênero, ou por da quando há mudança de direção. Ver exemplos:
Vou à cidade – Vou ao bairro.
Vou à cidade – Venho da cidade.
Se em vir não puder dizer da, mas de, é prova de que não há a crase no ver ir.
Ex: Venho de São Paulo. Aí só há a preposição, assim, em “vou a São Paulo” há somente a preposição também, não havendo crase.
Agora só falta aparecerem outros doutores sugerindo acabar com a crase como fizeram com o trema. Pois as pessoas têm muito mais dificuldade de entender onde colocar esse acentinho esquisito do que aqueles dois pontinhos que usávamos sobre o u para ele não desaparecer na pronúncia em güe, güi, qüe e qüi, apenas quatro casos, coisa tão simples.