"Marvada crase!", dir-se-ia no
interior.
A crase é um problema sério! Como
eliminaram o trema ante a dificuldade da população em entendê-lo, a qualquer dia
os nossos doutores das letras deverão pensar em acabar com a crase também.
(propaganda encontrada no Facebook em dezembro de 2011)
A crase é a fusão
da preposiçãoa com o artigoa.
Mas essa coisa tão simples parece extremamente complexa para uma grande parte da
população. E, algumas vezes, ocorre o pior, os que pensam que devem
colocar uma crase onde não podem erram até no acento, pondo acendo agudo (´) em
vez de acento grave (`).
Na frase "...
mediante ao pagamento á vista" deveria haver mesmo a crase, mas o autor da
arte acima colocou o acento errado, sem se falar no "mediante
ao", onde não cabe
a preposição.
Mas em "tatuagem
á partir de", o artista acumulou dois erros: grafou acento agudo onde, se
fosse o caso, deveria grafar acento grave, e, se não tivesse cometido esse erro,
teria cometido outro: pôr crase onde só existe uma preposição.
A primeira lição
para evitar tal erro gritante é: é impossível haver crase antes de verbo.
Em "a partir" temos apenas a preposição a, não havendo lugar para o
artigo.
A segunda é:
à deve ser substituído por ao quando há mudança de gênero,
ou por da quando há mudança de direção. Ver exemplos:
Vou à
cidade - Vou ao bairro.
Vou à
cidade - Venho da cidade.
Se em vir não puder dizer da, mas de,
é prova de que não há a crase no ver ir.
Ex: Venho de São Paulo.
Aí só há a preposição, assim, em "vou a São Paulo" há somente a
preposição também, não havendo crase.
Agora só falta
aparecerem outros doutores sugerindo acabar com a crase como
fizeram com o trema. Pois as pessoas
têm muito mais dificuldade de entender onde colocar esse acentinho esquisito do que
aqueles dois pontinhos que usávamos sobre o u para ele não desaparecer na
pronúncia em güe, güi, qüe e qüi,
apenas quatro casos, coisa tão simples.