MORREU DE QUE?

Morreu de Quê?

Naquela tarde o vigário recebe a visita de um de seus paroquianos.
– Bença Padre.
– Deus o abençoe, meu filho.
– Padre, o sinhor lembra do João pintor?
– É claro, meu filho.
– Pois é, Padre, o João veio a falecê.
– Que pena, morreu de quê?
– Óia, Padre; eu moro numa rua sem saída e minha casa é a úrtima. Ele desceu com o carro e bateu no muro lá de casa.
– Coitado, morreu de acidente!
– Não, ele bateu com o carro no muro e vuô pela janela, caiu dentro do meu quarto e bateu a cabeça no meu guarda-roupa de madêra.
– Que pena, morreu de traumatismo craniano!
– Não Padre, ele tentô se levantá pegano na maçaneta da porta, que se sortô e ele rolô iscada abaxo.
– Coitado, morreu de fraturas múltiplas!
– Não Padre, dispois de rolá a iscada, ele bateu na geladera, que caiu im cima dele.
– Que tragédia, morreu esmagado!
– Não, ele tentô se levantá e bateu as costa no fugão que tombô, derramano a sopa que tava ferveno im cima dele.
– Coitado, morreu queimado!
– Não Padre, no disispero, saiu correno, trupeçô no cachorro e foi direto na caxa de força.
– Que pena, morreu eletrocutado!
– Não Padre, morreu dispois d’eu dá dois tiro nele.
– Filho, você matou o João?
– Uai, o disgraçado tava distruíno a minha casa!

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