MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA

 

Unicef: 200 milhões de mulheres sofreram mutilação genital

Relatório inclui dados de 30 países, mas afirma que metade dos casos ocorreu em apenas três: Egito, Etiópia e Indonésia. Agência da ONU alerta que número de vítimas deve aumentar significativamente nos próximos anos.
Genitalverstümmelung Messer

Pelo menos 200 milhões de meninas e mulheres foram vítimas de mutilação genital em 30 países, afirmou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em relatório divulgado nesta sexta-feira (05/02), o mais completo já feito sobre o assunto.

O documento traz 70 milhões de casos a mais que o estimado em 2014. Segundo o órgão, isso aconteceu porque a população cresceu em alguns lugares e porque a pesquisa passou a incluir mais dados da Indonésia, onde a prática é muito comum e onde antes não havia dados confiáveis.

O relatório afirma que o montante se refere a números de procedimentos de mutilação genital realizados, prática que, "independentemente da forma como é feita, é uma violação dos direitos das crianças e mulheres".

Segundo o Unicef, três países – Egito, Etiópia e Indonésia – concentram metade dos casos. Das 200 milhões de vítimas, 44 milhões são meninas de até 14 anos. Em vários países, a prevalência da mutilação genital nessa faixa etária supera 50%. Na Indonésia, por exemplo, cerca de metade das meninas de até 11 anos já foi submetida à prática. No Iêmen, 85% das garotas são mutiladas na primeira semana de vida, segundo o Unicef.

Já os países com uma maior prevalência de casos na faixa dos 15 aos 49 anos são a Somália, com 98%, a Guiné, com 97%, e o Djibouti, com 93%.

Apesar dos números alarmantes, a agência das Nações Unidas diz que a oposição a esta prática está ganhando força no mundo. Desde 2008, mais de 15 mil comunidades e distritos em 20 países declararam publicamente que estão abandonando a mutilação genital. Além disso, cinco países aprovaram leis que criminalizam a prática.

De qualquer forma, a taxa de progressão não é "suficiente para acompanhar o crescimento populacional" e, se as atuais tendências se mantiverem, "o número de vítimas vai aumentar significativamente ao longo dos próximos 15 anos", diz a pesquisa.

"Determinar a magnitude da mutilação genital feminina é essencial para eliminar a prática", afirmou Geeta Rao Gupta, diretora-executiva do Unicef. "Governos que coletam estatísticas nacionais sobre o assunto estão em melhor posição para entender a extensão do problema e acelerar os esforços para proteger os direitos de milhões de meninas e mulheres."

EK/ap/dpa/lusa/rtr
http://www.dw.com/pt/unicef-200-milh%C3%B5es-de-mulheres-sofreram-mutila%C3%A7%C3%A3o-genital/a-19029065

 

Praticada em 30 países

É difícil identificar a excisão feminina como uma prática religiosa. Associada muitas vezes ao Islamismo, ela não é, no entanto, preconizada no Alcorão e a maioria dos muçulmanos não a pratica. De resto, ela é anterior ao próprio Islão. Por outro lado, sabe-se que foi comum entre os falaxas (judeus da Etiópia) e continua a sê-lo entre os povos de África que seguem religiões animistas e entre os cristãos ortodoxos da Etiópia e da Eritreia.

Ao todo, são perto de 30 países que praticam ainda a mutilação genital feminina. Entre eles, podemos mencionar o Burkina Faso, o Jibuti, a Etiópia, a Eritreia, o Gana, a Guiné-Bissau, a República da Guiné, a Libéria, o Mali, o Quénia, a Nigéria, o Senegal, o Sudão, o Chade, a República Centro-Africana, o Togo e a Costa do Marfim. Mas também o Egipto, onde 97 por cento das mulheres são excisadas. Sabe-se igualmente que ela é praticada entre os curdos do Iraque e suspeita-se que também no resto do Iraque, bem como em outros países árabes, onde os regimes autocráticos e a inexistência de organizações da sociedade civil impedem a divulgação da realidade. Também alguns grupos étnicos da Índia, do Sri Lanka e da Indonésia praticam a excisão das mulheres.

http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEykklZFplzeIszmoZ

 

"A MGF do Tipo I é predominante na Malásia, onde 93%[97][98] de mulheres de famílias muçulmanas, segundo um estudo de 2011 da Universidade de Malaya, foram mutiladas.[99] É amplamente considerado como uma tradição da Suna feminina, nos velhos tempos feitos por parteiras e agora por médicos.[100] As mulheres da Malásia reivindicam a obrigação religiosa (82%) como principal razão para a circuncisão feminina, com higiene (41%) e prática cultural (32%) como outros grandes motivadores para a prevalência da MGF. A Malásia é uma sociedade multicultural, a MGF é predominante na comunidade muçulmana, e não é observada entre as suas minorias budistas e hindus. Em 2009, a Comissão de Fatwas do Conselho Nacional da Malásia de Assuntos Religiosos Islâmicos decidiu que a circuncisão feminina era obrigatória para todas as mulheres muçulmanas, a menos que os seus métodos fossem prejudiciais.[101] Em 2012, o Ministério da Saúde do governo malaio propôs diretrizes para reclassificar e permitir a circuncisão feminina como uma prática médica.[102][103]"
 

101- <https://www.researchgate.net/publication/282633189_The_2009_Malaysian_Female_Circumcision_Fatwa_State_ownership_of_Islam_and_the_current_impasse>, 15 de Julho de 2015

102- <https://www.abc.net.au/news/2012-12-07/an-malaysia-debate-over-female-circumcision/4416298>,  7 de Dezembro de 2012

103- <http://www.stopfgmmideast.org/countries/malaysia/>, 25 de Fevereiro de 2018

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Mutila%C3%A7%C3%A3o_genital_feminina)

 

Embora se diga que é "difícil identificar a excisão feminina como uma prática religiosa", ao que tudo indica aí, a religião está, sim, como fator preponderante para a existência e subsistência dessa prática hedionda. Ela só aparece nos meios mais religiosos, e mais no meio islâmico.

 

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