Sabe-se que o Acordo Ortográfico de 1990, que entrou em vigência recentemente,
nos trouxe mais algumas confusões, mas confusões na língua não se devem
exclusivamente a esse acordo; algumas são tão antigas, que não sei dizer quando
começaram. Observem a segunda pessoa do plural no presente e no
pretérito perfeito.
Antes de ler toda a notícia, você não sabe se é uma simples corriqueira previsão
do tempo, ou se é a previsão de furacão que faz Florianópolis parar. Não
sabe se "para" é uma preposição ou um verbo.
Quando criança, a primeira vez que vi a palavra "tranqüilo", como ainda não
sabia qual era a função do trema, e essa palavra parece que não fazia parte do
vocabulário do local, eu imaginei a palavra sem o som do "u", assim como dizem
nossos vizinhos de língua castelhana. Agora, com essa sacanagem que fizeram
eliminando o trema da nossa língua, quem for aprender o idioma, ao deparar como
essa palavra ou muitas outras com as sílabas "que", "qui", "gue", "gui", vão
ficar com essa dúvida: o "u" é pronunciado, ou não?
Mas há coisas na língua que podem nos deixar confusos desde muito tempo:
"Aquela é a casa onde moramos".
E agora? Isso é pretérito perfeito, ou presente?
É a casa onde eu morei com minha família, ou onde eu moro com
minha família?
Esse problema só não existe lá no interior onde se diz "nóis mora" e "nóis morô".
Mas aqui, quando eu tenho que dizer "nós moramos", sinto que tenho que dizer
mais coisas para que as pessoas saibam se estou falando do presente ou do
passado.