PLANOS ECONÔMICOS
Brasileiras e Brasileiros,
Eis aí a Nova República:
Fim da inflação e do deficit
E moralidade pública.
Com a inflação extinta,
Aumento de preços jamais!
Vocês ganharão menos,
Mas seu dinheiro vale mais.
E no final, tudo errado,
Chega-se à conclusão:
Reduzindo mais os salários,
Elimina-se a inflação.
Tudo isso sem resultado,
A Nova República decadente
Enfraquece pouco a pouco,
Demonstrando-se impotente.
Para salvar o Estado,
Só o sacrifício do povo.
Faz-se nova tentativa
Criando-se um Brasil Novo.
Minha Gente, entreguem...
Não podemos consumir.
Comprimindo mais o salário,
A inflação pode cair.
A vida não é mesmo fácil!
Minha Gente, trabalhe!
O Estado é muito importante!
E o povo? É um detalhe!
O povo sobrevive a mais essa,
O Brasil Novo é passado,
Preço alto, salário baixo,
O collorido melado.
Eis a nova situação
Dos antigos descamisados:
Tornaram-se sans culotes,
Isto é, agora, pelados.
Mais uma oportunidade
De se mudar o raciocínio,
Mas, sem muita novidade,
Inércia, franco declínio.
Se o vizinho, a cavallo,
Parece ganhar a corrida,
Resta-nos acompanhá-lo,
É real na nossa vida.
Para reduzir o consumo,
Que o salário se sacrifique.
A coisa está infernando,
Não há pobre que enrique!
O jeito é cortar gastos,
Pôr as finanças em dia,
Renovar o Ministério,
Ricuperar a economia.
Vaidade dizem que é pecado,
É uma coisa diabólica,
Se há falta de escrúpulos
E antena parabólica.
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar.
Na ciranda dos ministros,
Vamos todos cirandar.
Muito corte pela frente
No controle da finança.
Este plano dando errado,
Resultado: malandança.
Terra multinacional,
Com empresas de americanos,
Os impostos são europeus
E os salários, africanos.
Fala-se em moralidade,
Mas a corrupção abunda.
Enquanto vagabundo vaga,
O fundo só aprofunda.
Poesia vencedora do concurso da
ASTTTER em 1999
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