Foi um castigo divino?
Ou simples ação da natureza?
"Os primeiros
colonizadores de Pompeia eram sanitas, povo que chegou à região no século 5 a.
C. Depois de ser integrada ao Império Romano, a cidade passou a receber
aristocratas de Roma, que construíram ali luxuosas casas de veraneio, e soldados
aposentados que recebiam lotes de terras. Ganhou status. Localizada na Campânia,
no golfo de Nápoles, era vizinha da bela 'montanha' Vesúvio e das cidades de
Herculano e Stabia. Era a maior das três, com população estimada entre 10
mil e 15 mil habitantes. As terras eram férteis, e além do comércio local e do
turismo, a economia girava em torno das exportações de azeite e vinho, cujas
uvas eram produzidas ao redor do Vesúvio. A partir do século 1 a.C.,
depois de uma briga frustrada com Roma por mais autonomia política, a cidade
teve que adotar o latim como língua oficial. Os deuses de seu panteão eram os
mesmos dos romanos.
A sociedade pompeiana
era como qualquer outras do império Romano. A base da pirâmide social eram
escravos e plebeus, que trabalhavam para patrícios e pouco saíam da cidade. Dois
teatros eram alimentados com música, poesia e sátiras - mas não eram tão
populares quanto as lutas de gladiadores no anfiteatro, pelas quais os
torcedores eram capazes de matar e morrer. No pulsante centro da cidade, termas
funcionavam 24 horas por dia, e eram ponto de encontro da aristocracia.
Esculturas de bronze e mármore e objetos de prata e vidro revelavam o grau
de sofisticação artística a que chegaram. Dentro das muitas lojas, inscrições
com o 'salve o lucro' p 'lucro é alegria' eram comuns. Como em qualquer
ponto de encontro de novos ricos, dinheiro era assunto obrigatório. Templos,
lavanderias, tinturarias, fábricas de lâmpadas a óleo, padarias, banheiros e
edifícios públicos e bordéis com cenas eróticas pintadas na parede completavam o
cenário. Pompeia era a menina dos olhos do Império.
LÁGRIMAS DE FOGO
CHUVA DE PEDRAS
- A erupção do vulcão no dia 24 de agosto de 79 d.C. lança uma chuva
intensa de pedras e cinzas sobre a cidade, formando uma camada de 3
metros de altura.
ONDA DE CALOR -
A segunda fase da erupção foi descoberta recentemente, em análise dos
corpos petrificados e retorcidos: uma onda de calor de 600 graus, como
uma bomba atômica.
GÁS TÓXICO -
Uma nuvem de gás tóxico asfixiou quem sobreviveu e quem voltou para
procurar pessoas e objetos
LAVA - A
erupção cessou depois de três dias. No dia 27, as cidades de Pompeia,
Herculano e Stabia estavam completamente soterradas.
No ano 63, pouco depois
de um boom nas construções de luxo na cidade, Pompéia foi parcialmente destruída
por um terremoto. A cidade ainda estava em processo de reconstrução quando, nos
primeiros de agosto de 79, os moradores ouviram ruídos estranhos e sentiram
pequenos tremores de terra. Mas seguiram sua rotina. Na manhã do dia 24 de
agosto, uma monumental explosão lançou ao céu toneladas de cinzas, pedras de até
metros e gases letais. O Vesúvio acordara de seu sono de 1500 anos. Em três
dias, Pompeia, Herculano e Stabia foram completamente soterradas. Passaram-se
mais 1500 anos até que vestígios da cidade fossem encontrados, acidentalmente,
durante as obras preliminares de um canal ligando o rio Sarno à cidade de Terre
Annunziata. As escavações arqueológicas, no entanto, só começariam em
1738, na região de Herculano. Pompeia foi identificada em 1763, quando as
primeiras vítimas petrificadas do Vesúvio surgiram e revelaram aos estupefatos
arqueólogos um retrato de como era a vida - e como foi a morte - dos moradores
de Pompéia.
Para os cristãos, por
séculos, a erupção letal teria sido um castigo divino contra a imoralidade
daquele povo. No século 18, outro castigo da natureza se abateu sobre um dos
grandes centros do cristianismo: Lisboa. O
terremoto de Lisboa, ocorrido no dia de
todos os santos, em 1755, foi o mas devastador da história, deixando a indagação
por que deus teria mandado tal desastre. Dessa vez, foram os protestantes,
cristãos dissidentes do catolicismo, que puderam alegar a natureza de
castigo divino, o que até hoje infundadamente
pensam dos fenômenos da fria natureza, que não escolhe entre bons e maus.
Se você vive próximo de um vulcão, não importa se você é bom ou mau, ateu ou
religioso, etc., você está correndo o mesmo risco.