Yavé, o deus judaico-cristão, ao qual os cristianismo convencionou chamar
simplesmente
Deus, é, segundo o livro sagrado dos cristãos, um ser onisciente, onipotente,
perfeito, justo e bom e que sabe desde o princípio o que haverá no futuro.
Se na palavra que dizem ser dele encontrarmos essas qualidades, podemos admitir sua
existência; mas, se, ao contrário, encontrarmos a negação de tudo isso, provado está que
ele não existe.
Os
cientistas, com todos os avanços tecnológicos atuais, não provaram ainda a
existência nem a inexistência de deus. Isso se dá, porque tecnicamente não
existe prova de inexistência, além do que muitos não consideram prova o que
é prova para outros. Todavia, os dados que possuímos deixam muito clara a
impossibilidade da existência do deus dos cristãos, o deus predominante nas
cabeças da humanidade hodierna. Desnecessário falar de outros deuses, porque têm
os mesmos fundamentos, ou melhor, são tão sem fundamento quanto Yavé.
Nunca encontramos uma prova técnica da inexistência do Saci Pererê, nem de
lobisomens. Isso, porém, não nos faz crer que eles existam; pelo menos nós dos
meios mais civilizados. Por que com determinado deus teria que ser
diferente?
BUSCA DAS PROVAS
Poderíamos procurar provas da
existência ou inexistência desse ser, analisando seus atributos. Dizem que ele é
onipotente, onisciente,bom, justo e verdadeiro.
Como existe um livro que dizem ser a palavra desse deus, grande parte escrita
por homens inspirados por ele, e algumas partes tendo sido escritas pelo
próprio dedo dele, não será difícil verificar se ali há palavras de um ser
onisciente, onipotente, verdadeiro, justo e bom. Ao verificarmos se essas
palavras divinas mostram essas qualidades, a conclusão é contrária.
NÃO EXISTE A ONIPOTÊNCIA
Um deus onipotente e justo seria capaz de castigar os maus sem atingir os bons.
Na hipótese de um deus mau, não misericordioso como dizem, ele
poderia destruir
os desobedientes sem atingir os que não o desagradassem; porque até o homem mau
preserva aqueles que o agradam pelo menos enquanto o satisfazem.
Mas o deus dos hebreus teria dependido de uma arca construída por um homem para
não eliminar toda a vida existente (Gênesis, 6). Se fosse onipotente, ele
acabaria com todos os maus prontamente sem atingir os que quisesse manter com
vida. Assim, se vê que seu poder tinha bastante limite.
Assim sendo, ele, se existente, não pode ser classificado como onipotente.
NÃO EXISTE A BONDADE NEM JUSTIÇA
Se ele apenas destruísse os maus ou os castigasse muito, não poderíamos dizer
que fosse ele injusto; porque os maus merecem ser castigados. Mas o fato de
destruir os irracionais também já
não é nada justo, a não ser que eles também
sejam capazes de escolher entre pecar e não pecar, o que não parece ser o caso.
Entretanto, quem vinga a iniquidade dos pais nos filhos (Êxodo, 20: 5) não é
reconhecido como justo nem pela assembleia constituinte brasileira, que não se
constituiu de homens boníssimos e impecáveis, mas pelo menos de homens que
repudiam aquilo que é absurdo (Art.
5º, inciso XLV).
Mas o mais grave é que, segundo os homens inspirados desse deus,
ele conduzia o
sentimento das pessoas no sentido de elas praticarem o mal, para depois ele as punir
(Êxodo, 4: 21; Êxodo, 9: 12; Deuteronômio: 2: 30; Josué, 11: 20). Isso é um
tremendo sadismo. Na hipótese de existir, ele seria mau e
muito injusto.
O DEUS DA BÍBLIA NÃO É VERDADEIRO
E quem se vangloria de ser o que não é? É verdadeiro?
É esta palavra dita ser do deus dos hebreus: “eu sou Deus, e não há outro; eu
sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o
princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que
digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías, 46:
9, 10). Na verdade, ele estaria agindo como um indivíduo que se gaba de ser o
que não é, porque o livro sagrado diz que ele até se arrependeu de ter feito o homem (Gênesis, 6: 6), o que
prova que ele não saberia o fim desde o princípio, como teria dito.
Mas quando há contradição em suas palavras, aí é que o ser não pode ser
considerado verdadeiro mesmo. Os homens inspirados a dizer a palavra de
conhecimento do deus onisciente se contradisseram tanto ou mais do que qualquer
outro escritor comum (Ver AS CONTRADIÇÕES
BÍBLICAS). Onde há contradição pelo menos uma parte do que é dito tem
que ser inevitavelmente mentira. E se uma parte é mentira, não podemos confiar
que a outra seja verdade. Ademais, ainda que uma parte seja verdadeira, a outra
é prova inconteste de não ser verdadeiro o seu autor.
Se, não só os homens santos, mas o próprio deus e seu filho disseram coisas
falsas, tudo isso nos dá a certeza de que esse deus não é mais digno de fé do
que quaisquer outros que os outros povos imaginavam serem reais; ele não é mais
real do que o Saci Pererê, lobisomem, mula-sem-cabeça e outros entes imaginários
que povoam as cabeças de muitas pessoas.
ENGANO QUANTO À REALIDADE E O FUTURO
Se está escrito que o próprio deus é que escreveu afirmando que a terra está por
cima d’água (Deuteronômio, 5: 8), e isso não é verdade, isso não é outra coisa
que não mentira, ou um equívoco de quem escreveu.
Se está escrito que do primeiro homem existente até Jesus houve bem menos de cem
gerações, e a análise genética mostra mutações ocorridas a milhares de gerações,
isso nos dá uma forte prova de que tal palavra sagrada não é verdadeira.
Se ele disse pelos seus profetas que enviaria um rei de
Judá para
libertar o povo do poder da Assíria (Miquéias, 5: 2-15), mas o rei de
Judá morreu em batalha, sem libertar os israelitas, e o povo de Israel e de Judá
continuou dominado por sucessivos imperadores, e
só no tempo dos romanos
apareceu um Jesus, que não libertou o povo, apenas prometendo um reino divino
futuro, que já deveria ter ocorrido há séculos se sua palavra se cumprisse
realmente, não tenho dúvida de que tudo isso não passa de fantasia do
povo, ficando desmentida essa crença de que esse deus sabe e
anuncia
"desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam".
NÃO EXISTE A ONISCIÊNCIA
Eu não tenho nenhuma dúvida de que os dinossauros existiram; porque os grandes
ossos encontrados pelos arqueólogos são provas incontestáveis da existência de
animais gigantescos. Mas não posso acreditar na ocorrência de um
dilúvio universal, porque não existe vestígio dele, e as pirâmides do Egito,
mais antigas do que a data dada como da tal inundação, não têm sinal de terem
sido cobertas por água.
Podemos ter certeza de que o universo não tem apenas seis ou dez mil anos; porque
os telescópios atuais
permitem avistar a uma distância donde a luz só chega a nós com bilhões de anos. Os religiosos rejeitam a eficiência dos métodos
radiativos de datação; mas a
velocidade da luz ninguém tem coragem de negar.
As viagens aéreas e espaciais, também os satélites artificiais, não permitem que
uma pessoa de raciocínio normal hoje possa pensar que nosso mundo seja um corpo
plano composto de rochas, terra e vegetais flutuando sobre águas,
conforme teria escrito o dito deus onisciente (Êxodo, 20: 4).
Qualquer estudante de segundo grau sabe que as águas é que estão sobre a terra,
acumulando-se em suas depressões e nos polos, atingindo uma pequena profundidade
abaixo da sua superfície.
Não tenho nenhuma dúvida de que o Sol não caminha pelo céu de uma a outra
extremidade (Salmos, 19: 6) - nem extremidades do céu existem -; porque todas as
análises científicas e as imagens de satélites, também os círculos invertidos
do aparente caminho do Sol nos dois hemisférios, nos mostram sem sombra de
dúvida que a Terra é que gira em torno de si mesma e do Sol.
Eu não tenho dúvida de que a simples aproximação de uma estrela a uns poucos
milhões de quilômetros do nosso planeta seria suficiente para fritar tudo que há
de seres vivos aqui, e que as dimensões das estrelas (milhares e milhões de vezes o
tamanho da Terra) tornam impossível elas caírem pela terra
como teria dito o deus filho (Mateus, 24: 29;
Apocalipse, 6: 13). E ainda que caísse apenas um punhado de asteróides, como
alguns religiosos dizem para tentar uma saída, isso seria suficiente para
eliminar todas as vidas existentes na Terra.
Todo criador conhece bem a própria obra. Se o deus onisciente criador de todas
as coisas não sabia nada disso de que hoje temos toda certeza, seria
justificável acreditar que ele realmente exista? Ou é mais lógico deduzir que
homens escreveram o que imaginavam ser a realidade e atribuíram essas ideias a
um ser sobrenatural, um deus?
Como a própria Bíblia nos afirma ser ela palavras escritas pelo próprio deus e
por homens inspirados pelo espírito santo desse deus (Deuteronômio, 9: 10; II
Pedro, 3: 5-7 e 1: 21), não poderia ele ser o criador de tudo e desconhecer a
própria obra. Isso nos dá uma noção nítida de que Yavé é nada mais que o
pensamento dos hebreus da antiguidade. A chamada palavra divina é prova de que ele não
existe.
DEUS SE REVELOU AO HOMEM?
Os religiosos insistem em que Deus se revelou aos homens dos tempos bíblicos,
porque assim está escrito.
Esse deus, Yavé ou Jeová, revelou-se aos hebreus tanto quanto Júpiter e Mercúrio
se revelaram aos gregos e romanos e como Marduque se revelou aos babilônios.
Estudos arqueológicos não encontraram nenhum indício da ocorrência do êxodo, nem
de que hebreus tenham vivido no Egito. Ademais, algumas cidades mencionadas na
história dos patriarcas não existiam à época apontada (Ver
A ORIGEM DA BÍBLIA).
Um ser onisciente e verdadeiro que se revelasse não poderia dizer coisas
inverídicas. Se o que está escrito fosse revelação de um ser onisciente, a Bíblia não
conteria afirmações equivocadas. Se as afirmações ditas divinas são erradas,
isso nos dá certeza de que elas partiram de cérebros humanos, não de
um ente
sobrenatural conhecedor de todas as coisas.
Pensar que a complexidade da natureza teria que ter
obrigatoriamente um criador é uma ideia bem ingênua; pois muito menos possível é
existir um ser capaz de criar tudo isso sem alguém tê-lo criado. E,
se possível
esse ser onisciente e onipotente vir a existir sem ninguém para formá-lo, é
muito mais simples surgir aleatoriamente aminoácidos, desses aminoácidos um dia
surgir uma proteína, essa proteína evoluir para uma célula, essa célula crescer
e dar origem a outras mais complexas, aumentando a complexidade até chegar a
organismos como os nossos, os das aves, dos peixes, etc. E a microbiologia prova
que isso é um fato na evolução dos micróbios. Digo isso para quem ainda duvida
dos dados arqueológicos que mostram a evolução dos animais multicelulares.
CONCLUSÃO
Não há uma prova técnica de que esse deus
não exista, porque tecnicamente não há prova de inexistência. Mas, se grande
parte do que está escrito sobre esse deus já foi provado ser falso, e nenhum
outro dado existe a indicar que ele seja real, não precisamos ter dúvida, mas
certeza da sua inexistência. E se ele não existe, nada indica que exista outro.
Para um deus ser real, ele não poderia ser sujeito a engano como se mostra o deus dos
hebreus e dos cristãos. Se a chamada palavra de Deus o mostra tão falho quanto
os homens que acreditam nele, desconhecendo a realidade que estava fora do
alcance dos olhos dos homens do tempo em que se escreveu seu livro sagrado, e prevendo eventos futuros que não
aconteceram, não podemos ter dúvida, mas sim certeza de que
ele não existe de
fato, sendo apenas um produto do pensamento daqueles homens.