12 de fevereiro de 2009
Condenado à morte, o que você escolheria? Receber uma injeção letal? Ser colocado em uma masmorra para morrer de fome? Ou ser colocado em uma jaula para ser comido por pequenos bichos?
“Eluana Englaro, a italiana que morreu após permanecer 17 anos em estado vegetativo e que morreu na segunda-feira depois que sua alimentação artificial foi suspensa, foi enterrada nesta quinta-feira (12) no túmulo da família na localidade de Paluzza (Udine, nordeste italiano), após uma cerimônia fechada e da qual seus pais não participaram.” (<http://mesquita.blog.br/direito-de-morrer-italiana-e-enterrada>, 12 de fevereiro de 2009).
Isso é chamado de “ortotanásia”, diferente da eutanásia (do grego ευθανασία – ευ “bom”, θάνατος “morte”) é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista).
Dizem que, quando Sócrates, devido às suas ideias um tanto diferentes das da classe dominante, foi condenado a beber veneno, o juiz lhe disse: “Sócrates, você está condenado à morte“. Sócrates então respondeu: “Vossa Excelência também está“.
Talvez lhe cause calafrio imaginar-se condenado à pena de morte. Mas, pensando bem, como disse Sócrates, você já está condenado, assim como eu e outros mortais. E, diferentemente dos condenados pela justiça, nem temos o direito de escolher como queremos morrer. Acho que deveríamos ter esse direito.
Assunto bastante discutido atualmente, há projeto de lei para legalizar em nosso país a ortotanásia. Eutanásia, nem pensar! É, na visão dos religiosos, algo abominável.
Diante da pergunta que fiz no início, imagino que pelo menos a grande maioria das pessoas escolheria a primeira alternativa: a injeção letal, bem melhor do que morrer de fome em um fosso, ou ser devorado lentamente por um grupo de bichinhos. Aí estão a eutanásia e a ortotanásia e a chamada morte natural. A eutanásia é a morte rápida e indolor da injeção letal. A ortotanásia, que significa deixar todo o tratamento que prolonga a vida do doente terminal, para que ele morra ‘naturalmente’, dizem, isto é desidratado e desnutrido. A terceira é ficar prolongando ao máximo a vida de quem já não tem mais prazer mas somente dor até que ele não consiga mais sobreviver e seja finalmente devorado pelas bactérias.
Em uma situação sem retorno, tendo unicamente a morte pela frente, eu não hesitaria em escolher a eutanásia, nunca a ortotanásia, que equivale a ser abandonado para morrer de fome.