Após uma rápida abordagem das letras mudas, cabe aqui
considerar as letras que tem mais de um som.
C. Esta letra apresenta dois sons diferentes, de acordo com as vogais a que
precede. Antes de "a", "o", ou u, c=k (causa, coisa; cume, etc.) Antes de “e” e “i”,
c=s (cebola, cidade, etc.). Não oferece muita dificuldade. Quando queremos o som
de k antes de e ou i, temos que empregar qu (querer, quiabo, etc.).
G. Antes de “a”, “o”, ou “u”, tem som palatal (gago, gorjeta, gume, etc.). Antes
de “e” ou “i”, tem som alveolar, soando como j (gelo, gíria, etc.). Quando temos
que formar o som palatal do “g” antes de “e” ou “i”, usamos “gu” (erguer,
seguir, etc.).
Ü. Uma vez que a vogal “u” não soa nas sílabas “gue”, “gui”, “que”, “qui”, tínhamos
um recurso simples, o trema (¨) sobre o “u”, quando temos que pronunciá-lo (agüentar,
argüir, aqüestos, eqüino, etc.).
A reforma ortográfica do acordo de 1990, que veio a entrar em vigor em 2009, em
vez de simplificar, trouxe mais um complicador para a nossa língua, eliminando o trema, o que é um farto
material para a torre de babel, provocando grave confusão de pronúncia. Muito
bom seria que essa reforma nunca vigorasse, embora em alguns poucos pontos seja
ela benéfica.
R. Tem seu som fricativo no início de palavras (rato; rede; rima; rolo; rua;
etc.), soando vibrante dentro do vocábulo (parar; parede; perímetro; poro; puro;
etc.), exceto se precedido de consoante em sílaba distinta (enredo; abalroar;
israelense; etc.) Para dar ao “r” o som fricativo no interior da palavra, temos
que duplicá-lo, o que só ocorre após vogal (carro; correr; arrimo; verruga;
etc.).
S. Após vogal, o “s” sempre tem o som de “z”, devendo ser duplicado para ter seu
próprio som. (caso = ca.zo; casso = ca.so). Após consoante, o “s” jamais será
duplicado, tendo normalmente o som próprio (absoluto, subsolo; subsídio (é
errado dizer sub.zí.dio ou su.bi.zí.dio).
Exceções: nos os compostos de “trans” o “s” tem som de “z” (transação = tran.za.ção,
trânsito=trân.zi.to, etc.). Um erro foi consagrado e oficializado em “obséquio”
(pronuncia-se ob.zé.quio, sendo este o único caso em que o “s” tem som de “z”
após “b”). É, pois, errado dizer “sub.zis.tír” (subsistir) e sub.zí.dio
(subsídio).
X. O “x” é a letra mais complexa do nosso alfabeto, tendo vários sons.
X=ch. Ocorre na maioria dos casos em que é precedido de ditongo (caixa; frouxo; enxergar; etc.),
e em todos em que segue o som nasal (enxame, enxerto, enxoval), com poucos casos de som
de “s” (auxílio; trouxe; etc.). É menos freqüente ter som de “ch” entre vogais
(coxo; buxo; lixo; etc.). Também sempre que inicia o vocábulo (xarope; xícara; xororó; etc.).
X=s. Há poucos exemplos de “x” com o som de “s”, como alguns em que segue a
ditongo, como já mencionado (auxílio; trouxe; etc.) e raramente entre vogais
(sintaxe).
X=ks=kç. Ocorre em quase todos os casos de “x” entre vogais (reflexo; sexo;
fixo; óxido; fluxo; etc.), com raras exceções de x=ch (lixo; luxo; etc.) e no
final de palavra (látex; cóccix; xerox; etc.).
x=z. Ocorre nos casos em que é precedido de e, na partícula “ex” (exato;
exemplo; exército; êxito; exortar; exumar; etc.).
Em Hexágono, segundo o VOLP, o “x” nessa palavra pode ser tanto
como "ks" quanto “z”. Eu, porém, prefiro dizer "e.ksá.go.no";
soa para mim muito mais agradável do que com o som de "z" (e.zá.go.no).