UM UNIVERSO MUITO JOVEM
Em seis dias teria Yavé feito todo o universo, repousando no sétimo dia.
O
homem teria sido sua última criatura (Gênesis, 1: 1-31; 2: 1-3). Todavia,
o mesmo livro diz que esse deus criou primeiro o homem e depois os
vegetais e, mais depois, os animais (Gênesis, 2: 4-9).
Diante dos irrefutáveis dados comprobatórios de que o universo tem bilhões de
anos, alguns ramos religiosos do cristianismo afirmam que cada dia da criação
não foi um dia, mas uma fase geológica de milhões de anos.
Mesmo que se interprete assim, com base em
Gênesis, 2: 4-9, o homem deveria existir desde o começo de todas essas
supostas eras geológicas, pois lá está escrito que Yavé criou o homem quando não
havia nem vegetais, vindo depois da criação do homem criar vegetais e outros
animais.
Entretanto, ainda que se exclua a contradição existente no capítulo 2, a interpretação
do dia parece bastante forçada, quando lemos que “foi a tarde e a manhã, o dia
primeiro”, o “segundo”, até o “sexto”. O que me parece, com bastante clareza, é
que os dias da criação teriam sido mesmo de 24 horas, sendo a tarde e a manhã o
período noturno e o diurno.
HOMENS ASSAZ LONGEVOS
Os humanos antediluvianos viveram tanto, que alguns chegaram a quase um milênio.
“Matusalém” chegou a “novecentos e sessenta e nove anos” (Gênesis, 5: 27).
Ante a comprovação de que os homens do passado viviam menos do que os de hoje,
alguns tentam corrigir a incongruência afirmando que a contagem dos tempos
naquela época era diferente, podendo um ano ser o equivalente a um mês.
Com essa interpretação Matusalém teria vivido uns oitenta anos; Mas Sarai, a
mulher de A.;NB Mbraão, que aos setenta anos era tão linda que encantou o rei do Egito
(Gênesis, 12), seria uma menina de menos de seis anos. E, como a longevidade dos
pós-diluvianos foi decrescendo gradativamente, conforme se lê da história do
dilúvio até a formação da nação israelita, fica difícil argumentar quando se
teria mudado a forma de contar o tempo.
Ademais, o relato do dilúvio põe por terra, de forma inquestionável, essa tese
de ano equivalente a mês.
Ao dizer que o dilúvio teve início “no ano seiscentos da vida de Noé, no mês
segundo, aos dezessete dias do mês" (Gênesis, 7: 11), a Bíblia já deixa
claro que o ano era composto de meses, não podendo equivaler a mês, uma vez que
os meses eram compostos de dias, denotando serem equivalentes aos nossos. E
quando diz que "no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos
montes" (Gênesis, 8: 5), isso já nos mostra um ano que se aproxima dos doze
meses. E os versículos 6 a 12 falam de mais “quarenta dias”, mais “sete dias”,
mais “sete dias”, somando cinquenta e quatro dias. E o versículo 13 fala que no
“ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, secaram-se as
águas de sobre a terra”. Isso torna irrefutável que o ano era de doze meses, com
aproximadamente trinta dias.
E, para acabar com todas as dúvidas, basta observar que o dilúvio teria começado
no “décimo sétimo dia do segundo mês” (Gênesis, 7: 11), e “ao fim de cento e cinquenta
dias as águas tinha diminuído” (Gênesis, 8: 3), sendo o “décimo
sétimo dia do sétimo mês” (Gênesis, 8: 4), exatos cinco meses de trinta
dias.
A TERRA ESTAVA SOBRE AS ÁGUAS DO MAR
No relato da criação, afirma-se que no terceiro dia Yavé disse: “Ajuntem-se num
só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim
foi. Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares”
(Gênesis, 1: 9, 10). E no Êxodo está registrado que o próprio Jeová escreveu nas
tábuas do testemunho: “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do
que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”
(Êxodo, 20: 4). Essa crença foi mais claramente confirmada quando o salmista
disse que Yavé "estendeu a terra sobre as águas" (Salmos, 136: 6). E essa visão permaneceu no Cristianismo, tendo Pedro dito sobre
“a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste” (II Pedro, 3: 5).
Nós sabemos que a Terra não está em cima de águas, e sim as águas estão em cima
da Terra, enchendo parte de suas depressões formando os oceanos. Um deus que
pensa que a Terra está em cima das águas não pode ser um onisciente nem ser o
criador dessas coisas.
TERRA PLANA, REDONDA, OU QUADRADA
A Terra não era esférica, mas plana, às vezes redonda, às vezes quadrada. E a
visão quadrada é que prevaleceu no cristianismo.
O profeta Isaías falou do “círculo da Terra” (Isaías, 40:22). Mas Ezequiel falou
de “quatro cantos da Terra” (Ezequiel, 7: 2). Um a via redonda, outro a via
quadrada. E Mateus disse que o diabo levou Jesus “a um monte muito alto,
mostrou-lhe todos os reinos do mundo” (Mateus, 4: 8). Aí ficou confirmado
que achavam que a Terra fosse plana;
pois não poderiam ver todos os reinos do alto de um monte em uma terra esférica. E, se
João viu coisas nos “quatro cantos da Terra” (Apocalipse, 7: 1; 20: 8), ela
continuou quadrada no Cristianismo. No final da Idade Média, Fernão de Magalhães
ainda zombou dessa visão cristã: “A igreja diz que a terra é quadrada, mas eu
sei que ela é redonda, porque vi sua sombra na lua. Tenho mais fé em uma sombra
do que na igreja.”
AS NUVENS, FORTES DEPÓSITOS DE ÁGUA
As nuvens não eram aquele vapor de água dos nossos dias, mas uma espécie de
recipiente, como um lençol, e as águas ficavam sobre elas.
Ele “Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo
delas”, teria dito Jó (Jó, 26: 8).
As nuvens eram como lençóis sobre os quais Yavé prendia as águas. As gotas da
chuva deviam ser as águas que vazavam pelos furinhos das nuvens. E o homem de
Yavé ficava admirado por as nuvens não se rasgarem debaixo das águas.
Hilário!
O ESTRADO DOS PÉS DE JEOVÁ
Jeová ficava sentado lá em cima no céu, com os pés apoiados na Terra.
“Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés”
(Isaías, 66: 1; Apocalipse, 22: 1).
O universo era aquele céu azul que vemos, com um grande número de pequenos
astros, com a grande Terra embaixo.
O céu que vemos seria um firmamento sólido:
"Porventura
podes, como Deus, estender o firmamento, que é sólido como um enorme espelho
de bronze?" (Jó 37:18).
OS ASTROS ERAM BEM PEQUENINOS
Todos os astros que brilham no céus eram bem pequeninos, minúsculos em relação à
Terra, podendo até caírem todos sobre ela.
Só depois de fazer a Terra e toda a vegetação (Gênesis, 1: 11, 12), teria Yavé
criado os outros astros:
“E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre
o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; e
sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.
Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia,
e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas” (Gênesis, 1:
14-16).
Vejam que o maior dos astros era o Sol, chamado de “luminar maior”, que junto
com a Lua, o “luminar menor”, eram os “dois grandes luminares”. Ele “fez também
as estrelas”, mas essas eram pequeninhas! As estrelas eram tão pequenas, que,
quando Jesus prometia retornar após a dispersão dos judeus, disse que “as
estrelas cairão do céu” (Mateus, 24: 29), e João, em sua visão do fim dos
tempos, viu as estrelas caírem “sobre a terra, como quando a figueira, sacudida
por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes.” (Apocalipse, 6: 13). Eram
bem minúsculas mesmo. rs
E a visão divina era a geocêntrica, com o Sol percorrendo o céu de uma a
outra extremidade. "A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e
o seu curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor"
(Salmos 19:6). Se esse salmista divinamente inspirado soubesse o quanto os polos são gelados, nem
teria dito que nada se esconde ao calor do sol.
O CONTROLE TOTAL DOS SERES E DOS FATOS. OU NÃO?
Yavé, de lá do seu trono, era o controlador absoluto de tudo. Nada podia
acontecer contra a sua vontade. Até as coisas ruins procediam dele. Por outro
lado, parece que ele não tinha esse controle total, saindo alguma coisa errada
que ele não teria previsto.
"...eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;
que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que
ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a
minha vontade” (Isaías, 46: 9, 10). “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu
faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas.
(Isaías, 45: 7). “E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo
a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há
quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel, 4: 35).
Aí vemos um deus realmente todo-poderoso, de onde provêm o bem e o mal. Mas, em
outro lugar, há indício de que isso não fosse assim tão controlado por ele. É
que, no Gênesis, está escrito: “arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na
terra” (Gênesis, 6: 6); e também “se arrependeu de haver posto a Saul rei sobre
Israel” (I Samuel, 15: 35).
Parece que quem sabe tudo que vai acontecer e comanda tudo não teria motivos
para se arrepender. Se ele sabia “o fim desde o princípio”, por que teria que se
arrepender de “haver feito o homem na Terra” e de ter “posto a Saul rei sobre
Israel”? Isso não parece muito incongruente?
É esse o deus em que grande parte da humanidade acredita,
apesar de as coisas
hoje serem muito diferentes daquele universo que dizem que ele criou.
Sua onisciência não vai além do que sabiam os homens de três mil anos atrás. Mas, como creem que ele é que fez e comanda tudo, e ele é que irá dizer quem irá para seu
reino no céu e também mandará para o inferno os que não acreditarem nele, assim
como os que não fizerem as coisas como ele mandou, eles não têm coragem de
questionar nada. Dizem que “quem não crer será condenado” (Marcos, 16: 16). A
dúvida que deve pairar sobre a mente de quem crer é: o criador conhece bem a
própria obra. Por que esse parece desconhecer? Mas devem tentar desviar o
pensamento, com medo e ir para o tal inferno.