
Entre povos antigos, sexo era algo sagrado; mas os judeus tornaram o sexo algo impuro e o Cristianismo o tornou mais abominável.
Entre os povos antigos, egípcios, assírios, babilônios, gregos, o sexo era visto com normalidade, e era até ritual sagrado.
“O costume pode assombrar as mais liberais das mocinhas de hoje, mas foi registrado pelo grego Heródoto, no século 3 a.C. Na Babilônia, nenhuma mulher se casava antes de passar pelo templo de Istar, deusa do amor e da fertilidade. Lá, ficava à espera do primeiro homem que lhe jogasse uma moeda. Os mais generosos jogavam três. Mas o que importa é que a mulher não podia recusar o parceiro: para os babilônicos, a deusa ficaria muito ofendida caso a oferta não fosse aceita, e o casamento da jovem não teria o menor futuro.
Segundo Heródoto, depois de pegar os trocados, a senhorita deveria tirar a roupa e transar com o estranho ali mesmo, no templo da deusa.
Outra pista histórica da fé em Istar é o poema da sacerdotisa Enheduana, filha do rei Sargão de Agade (2334-1179 a.C.), que alertava: “Desde que a senhora Istar desceu à terra do Sem-Retorno / O touro não cobre mais a vaca, o asno não se curva mais sobre a sua fêmea / O homem não se curva para a mulher na rua / O homem dorme em seu aposento / A mulher dorme sozinha”.
“Deusas” casavam com reis
No mesmo período em que mulheres se prostituíam em nome de Istar, devotas de Inana – deusa da fertilidade dos sumérios – encenavam o casamento da divindade. Durante a celebração, que coincidia com o ano novo, uma mulher era escolhida na multidão para representar Inana. E o rei, tido como uma figura divina, transformava-se em Dumuzi, seu amante.
Após os primeiros cânticos, os dois passavam para um aposento à parte, na torre do templo – o zigurate. Lá, a mulher conduzia o monarca. Ela deveria dançar sensualmente, perfumar as coxas com aromas silvestres e deitar seu amante no leito, onde manteriam relações sexuais.
O rito estendeu-se pelo Oriente Médio, até ser incorporado à cultura grega. Inana foi substituída por Afrodite. E a prática passou a ser chamada, entre os gregos, de hieros gamos, ou “sexo sagrado”.
Sexo santo
• Os rituais de sexo sagrado foram uma prática comum em diversos povos por quase um milênio. Os relatos mais antigos sobre sacerdotisas-prostitutas estão no épico Gilgamesh, escrito por volta de 2500 mil a.C., em que a deusa adorada é a babilônica Istar.
• Existem diversas explicações sobre a origem dos ritos sexuais. Uma das mais aceitas é a de que as celebrações derivem dos ritos de casamento de tribos primitivas. Em muitas tribos, a mulher, antes de casar-se, era entregue a um outro homem.
• O povo romano foi o último a ver o sexo como sagrado. As mulheres iam até o templo da deusa Juno Sospita e, em troca de favores, transavam com estranhos. O fim do costume é explicado pela expansão do Império. Durante as guerras, os romanos passaram a cultuar deuses – protetores dos soldados.
(Fonte: http://historia.abril.com.br/religiao/fazer-sexo-dinheiro-ja-foi-ato-sagrado-434113.shtml)
Entre os judeus, a situação ficou bem diferente. O sexo não era nada sagrado, e a mulher que fizesse sexo antes do casamento eram condenadas à morte. No Cristianismo, a abominação ao sexo chegou mais longe. A poligamia, que aparece tanto entre os hebreus, já era condenada. Paulo teria dito que o ministro religioso deveria ser “marido de uma só mulher” (1 Timóteo 3:2). Esse personagem chegou até a dizer que “bom seria que o homem não tocasse mulher” (1 Coríntios 7:1). E a certa altura da nova religião, seus mestres passaram dizer que o pecado original, o ato de comer aquela fruta proibida que Yavé proibira, era a relação sexual, e até hoje essa interpretação faz parte do Cristianismo, embora um tanto incompatível com o conto do Gênesis. Pois, se o criador teria proibido o homem de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal antes de criar a mulher (Gênesis, 2: 16, 17), não poderia esse pecado ser a relação do homem com a mulher. Além disso, quando afirma o texto que a mulher “tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido” (Gênesis 3:6) está falando, não de um ato conjunto de duas pessoas, mas de algo que cada pessoa faz individualmente. Esse é o maior absurdo a que a religião chegou em relação ao sexo.
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