Os artifícios, estratégias, estratagemas, subterfúgios dos religiosos para
manter as pessoas enganadas.
-- 01/11/2001 -
A suposição de que somos conduzidos por seres
sobrenaturais formou-se no cérebro do homem nos seus primórdios e permaneceu
inquestionável por tanto tempo, que parece ter-se incorporado ao código
genético, tornando esses seres imaginários uma necessidade humana. Ademais, o
Cristianismo trouxe todo um condicionamento doutrinário capaz de inibir o
religioso de aceitar elementos comprobatórios de seus equívocos provenientes do
pensamento primitivo. Destarte, ele faz tudo possível para negar o inegável e
justificar o injustificável.
Desde que o homem desenvolveu um cérebro capaz de buscar explicação para todas
as coisas, ele já começou a imaginar a existência de seres sobrenaturais autores
dos fenômenos da natureza, a que chamou deuses. Os deuses, embora invisíveis,
teriam as formas dos seres vivos, como o boi, a cobra, as aves, etc. Os próprios
animais e aves já eram vistos com certo mistério, ante suas capacidades e
comportamentos impossíveis aos humanos: “Por que os peixes não se afogam na água
em que vivem? Como a cobra se movimenta com tamanha agilidade sem sequer ter
pés? Que poder têm as aves! Elas se movem pelo ar, enquanto o homem, por muito
que se esforce dando um salto, cai com ímpeto na superfície da terra. Nesse
ambiente tão misterioso, não era nenhum absurdo certos animais serem deificados”.
(Ateu Graças a Deus, págs. 62 e 63).
Por esses milhares e milhões de anos, essas crenças eram verdades fora de
qualquer dúvida. Ninguém sequer imaginava estar enganado. Mas, com o tempo, o
contato de povos diferentes, cada um considerando falsos os deuses dos outros, a
dúvida começou a surgir em muitas cabeças racionais.
Entre filósofos, homens que não se denominaram sábios, mas amantes da sabedoria
(filo=amante + sofia=sabedoria), começou a surgir o ateísmos. As autoridades
religiosas cuidaram de combater todas ameaças a seus deuses.
O Cristianismo, que surgiu entre romanos, há próximo de dois mil anos e em
poucos séculos dominou o mundo, tornou-se rico em obstáculos à percepção de seus
enganos:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”
(Marcos, 16: 16). Para o cristão, o simples fato de não crer já significa a
perdição. Posteriormente, a Igreja passou a ensinar que o só ter dúvida quanto à
veracidade das coisas divinas já seria um pecado grave. Assim, os cristãos
evitavam até pensar na possibilidade de estarem enganados.
“Deus escreve certo por linhas tortas”, é a afirmação
dos crentes
diante dos fatos incompatíveis com a suposta justiça divina.
Quando questionados sobre alguns absurdos apresentados como vontade de Deus,
respondem “Não entendemos os desígnios de Deus. Quem somos nós para questionar a
sabedoria divina?” E, assim, tudo é perfeito quando se trata da chamada “palavra
de Deus”.
Quando vêem o ateísmo se expandindo entre as pessoas de mais conhecimento, o
consolo são essas palavras: “Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te
dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e
entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” (Mateus, 11: 25). Para eles, o
próprio Deus fez com que os sábios não entendessem a verdade, e os analfabetos
e os de pouca inteligência fossem capazes de entender. Há estratégia melhor que essa?
Quando aparece algum maluco dizendo ser a
reencarnação de Jesus, ou o próprio Jesus, aí é que ficam mais confiantes no que
aceitaram como verdade, porque Jesus teria dito: "Acautelai-vos, que ninguém
vos engane. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e
enganarão a muitos” (Mateus, 24:5).
Pouco adianta provar que as
profecias de Miqueias, Isaías e Daniel não se cumpriram e a seqüência de fatos predita
em Mateus 24 coloca o fim desse mundo muitos séculos antes de nós. Eles se
escoram em São Pedro:
“...nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas
próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?
porque
desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da
criação. Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde
a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da
água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas
os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo,
sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios.
Mas vós,
amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil
anos como um dia." (II Pedro, 3: 3-8).
Isso aí é suficiente para ignorarem todas as predições que ficaram para trás.
Nós passamos como os “escarnecedores”. E ainda têm como apoio essas palavras:
“Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas não necessitais de que se vos
escreva: porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como
vem o ladrão de noite; pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então
lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está
grávida; e de modo nenhum escaparão.” (I Tessalonicenses, 5: 1-3).
Mas o ponto mais estratégico foi este:
"... e, por se
multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
“Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mateus, 24: 12,
13)
Essa foi a jogada mais
esperta de um dos psicopatas que inventaram o cristianismo. Ele preveniu para
que, a qualquer tempo que a igreja começasse a perder adeptos, uma parte ficasse
mais crente acreditando que estivesse se aproximando o fim previsto, e a
possibilidade de arrebanhar novos fiéis fosse grande, sob o suposição de que a palavra
divina estaria cumprindo-se. É o argumento que vemos hoje, quando a religião
está definhando irreversivelmente nos países desenvolvidos.
Com todas essas coisas na cabeça, pensando que o deus onisciente ofuscou o
entendimento dos inteligentes e capacitou os tolos para entender, e que o
crescimento do ateísmo é sinal previsto da proximidade da volta de Jesus, não
são muitas as pessoas
que conseguem perceber que
estão sob as amarras dos equívocos do pensamento primitivo e das armadilhas de
espertalhões que criaram uma lavagem cerebral perfeita. Estão cercados de
justificativas para todas as falhas da chamada “palavra de Deus”.